MP instaurou procedimento para apurar todas as mortes em massacre no Rio
Procurador-Geral do Estado, Antônio José Campos Moreira, falou em entrevista coletiva
O Ministério Público do Rio de Janeiro abriu investigação independente para apurar as 132 mortes na operação policial nos complexos do Alemão e da Penha, considerada a mais letal da história do estado.
O Ministério Público do Rio de Janeiro vai apurar as 132 mortes no massacre em operação policial nos complexos do Alemão e da Penha, no Rio de Janeiro. De acordo com o Procurador-Geral do Estado, Antônio José Campos Moreira, o procedimento será realizado de maneira totalmente independente de outros órgãos.
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“Já há um procedimento investigatório criminal instaurado, o promotor de investigação penal já pediu auxílio ao GAESP (Grupo de Atuação Especial da Segurança Pública), o auxílio já foi deferido. Há um procedimento independente, próprio do Ministério Público, que apurará todas as circunstâncias das mortes ocorridas”, disse o representante do órgão, em coletiva de imprensa.
Ainda segundo Moreira, o MP realizou o pedido das imagens de câmeras corporais dos agentes envolvidos na ação: “Vamos examinar todos os fatos de acordo com prova técnica e perícia e vamos chegar em nossas conclusões. Já está em curso o protocolo de requisição das câmeras corporais, que para nós é muito importante”.
O Ministério Público também colocará três promotores para acompanhar os depoimentos na sede policial, que também terá sua investigação paralela.
“O que posso garantir é que o Ministério Público atuará com absoluta independência, exercendo com responsabilidade, critério e seriedade suas funções constitucionais”, continuou.
Mesmo com as investigações, porém, Moreira destacou que o órgão encarregado de receber reclamações ainda não havia sido acionado até o momento da coletiva, diferentemente de outras operações.
Para a ação, o Batalhão de Operações Policiais Especiais (Bope) utilizou a estratégia de levar os criminosos até uma área de mata, no topo da montanha da Serra da Misericórdia, que divide os dois complexos, no que foi chamado de ‘Muro do Bope’.
Com corpos sendo retirados por moradores ainda nesta quarta, a Defensoria Pública do Estado contabilizou 132 mortos na operação. De acordo com a Polícia Civil, quatro desses eram policiais. A ação também apreendeu 81 suspeitos e apreendeu 90 fuzis. A Polícia Civil esperava que cem traficantes fossem detidos.
De acordo com levantamento do Grupo de Estudos dos Novos Ilegalismos da Universidade Federal Fluminense (Geni-UFF), a operação é a mais letal da história do Rio e superou a chacina policial no Jacarezinho (Zona Norte) em maio de 2021, quando 28 pessoas foram mortas em conflito com as forças do Estado – contando o óbito de um policial.
Os pesquisadores apontam, ainda, que as três operações policiais na cidade do Rio com mais óbitos registrados desde 1990 aconteceram durante o governo de Cláudio Castro (PL), reeleito governador na eleição passada, em 2022.
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