PUBLICIDADE

Polícia

Idosa de 77 anos é denunciada por tráfico internacional de mulheres

Segundo o MPF, ela enviou à Espanha duas jovens que foram exploradas sexualmente em uma boate em Valência

25 mar 2013 - 16h19
(atualizado às 16h25)
Compartilhar
Exibir comentários

O Ministério Público Federal em São Paulo (MPF-SP) denunciou uma idosa de 77 anos por tráfico internacional de pessoas com o objetivo de exploração sexual e extorsão. De acordo com a denúncia do MPF, D.M. enviou, em 2008, duas moças para a Europa com a promessa de que elas trabalhariam como garçonete na França. As vítimas, porém, desembarcaram em Valência, na Espanha, onde foram forçadas a se prostituir. 

A idosa, que está foragida, é acusada também de tentar extorquir 7 mil euros das vítimas, que foram abordadas pela suspeita em um restaurante em um bairro nobre de São Paulo, onde trabalhavam. Segundo elas, D.M. teria oferecido a oportunidade e também os recursos para que as vítimas embarcassem para a Europa. Ela seria reembolsada quando as moças recebessem o primeiro pagamento. 

“Ludibriadas quanto ao destino final da viagem e quanto à natureza do trabalho providenciado pela denunciada, desembarcaram em Valência, na Espanha, sendo conduzidas a uma chácara, onde permaneceram por cerca de três meses”, aponta a denúncia. No local funcionava a boate “El Besubio”, onde as jovens foram obrigadas a se prostituir.

Segundo a denúncia, as vítimas eram mantidas trancadas e proibidas de usar telefones. Elas tiveram ainda roupas e documentos confiscados, além de serem submetidas a maus tratos e obrigadas a manterem relações sexuais com clientes da boate, sem nenhum tipo de pagamento. 

Fuga

As vítimas conseguiram fugir da chácara durante a noite, por uma saída de emergência que não era vigiada. No Aeroporto de Valência foram atendidas pela polícia local, que prendeu os responsáveis pela casa de prostituição. A polícia espanhola registrou que as vítimas apresentavam pequenos hematomas nos braços e estavam muito cansadas e assustadas.

Quando retornaram ao Brasil, as vítimas passaram a ser ameaçadas pela idosa, que exigia o pagamento de 7 mil euros como ressarcimento. Segunda a denúncia, D.M. prometeu “retaliações” contra as famílias das duas caso não recebesse a quantia. 

Investigação

Ameaçadas, as vítimas procuraram o Grupo de Apoio e Combate ao Crime Organizado (Gaeco) do Ministério Público do Estado (MPE). A partir da denúncia, foram realizadas investigações que constataram movimento incomum de moças jovens e de boa aparência na casa da idosa. Interceptações telefônicas também comprovaram a procura frequente de mulheres por trabalho no exterior.

Os policiais encontraram na casa da idosa dezenas de fotos de mulheres seminuas, 37 promissórias assinadas por mulheres, 23 agendas com anotações e contatos de mulheres, além de diversas cópias de passaportes e bilhetes de viagens. 

Em depoimento, a suspeita confirmou que intermediou viagens de 15 brasileiras para que trabalhassem em casas noturnas na Espanha. Segundo ela, porém, as garotas eram dançarinas e não prostitutas. 

Para a procuradora da República Thaméa Danelon Valiengo, autora da denúncia, “a denunciada dedica-se à atividade criminosa de forma contumaz e habitual, intermediando viagens de mulheres que desejam se prostituir no exterior e, em alguns casos, promovia, com o emprego de fraude, a viagem de mulheres que desconheciam a natureza ilícita do trabalho”.

Apesar da idade avançada da idosa, o MPF defende que ela seja punida porque, na época do crime, ela “possuía consciência de sua ilicitude e dela se exigia conduta diversa”. 

Fonte: Terra
Compartilhar
Publicidade
Publicidade