PUBLICIDADE

Polícia

Defesa promete presença de pagodeiro em júri após 5 anos foragido

12 set 2013 - 07h29
(atualizado às 10h28)
Compartilhar
Exibir comentários
Disfarçado, o pagodeiro alegou inocência durante uma entrevista em 2010 no escritório do seu advogado
Disfarçado, o pagodeiro alegou inocência durante uma entrevista em 2010 no escritório do seu advogado
Foto: André Lessa / Agência Estado

O advogado de defesa do pagodeiro Evandro Gomes Correia Filho, Ademar Gomes, afirmou, na quarta-feira, que seu cliente irá comparecer ao seu julgamento para interrogatório nesta quinta-feira, no Fórum de Guarulhos, na grande São Paulo. Ele está foragido desde novembro de 2008, acusado de ter causado a morte da ex-mulher Andréia Cristina Bezerra Nóbrega e de tentativa de homicídio contra o filho Lucas Macedo Nóbrega Correia, 10 anos.

De acordo com Gomes, o sumiço de Evandro foi uma estratégia da defesa. Porém, o pagodeiro é tido como uma das 20 pessoas mais procuradas do País pela polícia. “O Evandro virá amanhã (quinta-feira). Vocês têm a minha palavra. Ele não veio porque fiquei com receio desse júri ser adiado, e, se fosse adiado, ele ficaria preso. Foi por uma razão de cautela, mas amanhã ele virá”, afirmou a defesa do réu.

Para Gomes, a estratégia foi a melhor possível. Segundo ele, só assim foi possível garantir a segurança de Evandro. “Pessoas são mortas no presídio. Todo mundo sabe que quem está envolvido com criança corre risco de morte no presídio, sem exceção”, disse. “O próprio ministro da Justiça disse que prefere morrer do que se entregar à prisão no Brasil, que não dá segurança a ninguém. Além disso, e se ele for absolvido? Quem vai pagar esse prejuízo? Como ficará esse rapaz?”, afirmou.

O promotor Rodrigo Merli acredita que o aparecimento de Evandro é a única maneira de a defesa tentar convencer os jurados. Porém, apesar da palavra de Ademar Gomes, o membro do Ministério Público ainda não acredita que Evandro irá comparecer ao júri.

“Para mim é indiferente (a presença de Evandro), mas é a única chance de tentar conquistar algum voto. Se ele virá, eu não sei, porque já houve tantas promessas de que ele viria que eu não sei. Estamos esperando até hoje, mas, como o julgamento vai sair, vejo como o último respiro, a última cartada. A defesa está sentindo que o júri caminha muito mal”, disse Merli.

Questionado sobre se irá manter a estratégia de não fazer perguntas ao réu no momento do interrogatório, Merli disse que irá estudar a situação. “Essa questão de fazer perguntas vamos avaliar. Vamos estudar as questões e, se eu sentir que não há necessidade, não faremos. Devo manter a mesma estratégia, porque acho que o interrogatório do acusado é muito mais um meio de defesa do que de prova. Então não costumo dar espaço para o réu falar”, disse.

<a data-cke-saved-href="http://www.terra.com.br/noticias/infograficos/crimes-passionais/" href="http://www.terra.com.br/noticias/infograficos/crimes-passionais/">Quando a paixão vira ódio</a>

Para esta quinta-feira, além de Evandro, outras seis testemunhas de defesa eram esperadas, complementando os 11 depoimentos do primeiro dia. Porém, cinco dos convocados foram dispensados, restando apenas a irmã do réu, Evandra de Mello Correia.

Na quarta-feira, a acusação arrolou as três irmãs de Andréia, para mostrar que Evandro ameaçava a ex-mulher com frequência, uma psiquiatra infantil, para provar a validade e importância do depoimento de Lucas, a pediatra do garoto na Santa Casa de Misericórdia, em São Paulo, e o dono de um estacionamento próximo ao apartamento de Andréia em Guarulhos, que afirmou ter sido ameaçado por Evandro, além de Lucas, que foi o primeiro a depor.

Já a defesa ouviu apenas quatro testemunhas, a maioria para tentar provar que Andréia tinha muito ciúme de Evandro e que também ameaçava suas ex-namoradas. Além disso, um policial militar conhecido de Evandro também prestou depoimento. A estratégia da defesa com essa testemunha foi mostrar que Evandro se preocupou com o fato da data do crime ao ligar para esse conhecido e pedir ajuda.

O crime

Andréa morreu após cair da janela do terceiro andar do prédio onde morava, em Guarulhos, enquanto o menino foi internado com uma fratura do maxilar, após cair sobre a marquise da edificação.

Entre as testemunhas que serão ouvidas pelo juiz está o filho de Evandro, L.M.N, hoje com 10 anos. Ele será ouvido em sigilo. No momento do depoimento, o plenário será esvaziado. Na época do crime, ele foi ouvido por delegado, um promotor, uma psicóloga e uma assistente social. O garoto chegou a desenhar um homem com uma faca na mão e uma mulher com uma criança no colo. Relatou ainda uma briga entre o casal.

Em 2010, usando peruca, barba falsa, óculos escuros e bigode, Evandro negou participação na morte da ex-mulher, durante uma entrevista coletiva no escritório de seu advogado. Naquele ano, o inquérito policial apontou Corrêa como o autor do crime. A Justiça decretou a prisão preventiva dele no final de 2008, mas como ele nunca apresentou à Justiça, é considerado foragido. Ele aproveitou a lei que impede prisões em período eleitoral para dar sua versão do caso em São Paulo. O disfarce foi usado para que ele não fosse reconhecido na cidade onde morava, em um Estado do Nordeste. Na ocasião, o pagodeiro reafirmou que a ex-mulher se jogou com o filho do apartamento depois de uma discussão.  

Fonte: Terra
Compartilhar
Publicidade
Publicidade