Crianças consumiram balas com cocaína em SP, diz laudo
Rose Mary de Souza
Direto de Campinas
Pelo menos três das setes balas recolhidas para análise depois que 17 alunos com idade entre 11 a 15 anos sentiram náuseas e tonturas em Santo Antonio de Posse, na região de Campinas (SP), apresentaram cocaína. O resultado dos exames foi apresentado na tarde desta sexta-feira pela equipe do Centro de Controle de Intoxicações (CCI) do Hospital de Clínicas da Universidade Estadual de Campinas (Unicamp).
O produto havia sido levado por uma aluna à Escola do Ensino Municipal Prefeito Augusto Coelho, localizada na área central da cidade, na última quarta-feira. Após ingerir o produto, os alunos começaram a passar mal e foram encaminhados ao pronto-socorro. Oitos tiveram o quadro mais alterado com dores na nuca e queda de pressão. Um garoto ficou internado em observação até a manhã de ontem.
Segundo o laudo do CCI da Unicamp não foram detectados sinais de cocaina nas amostras de urina colhidas de 14 alunos. Segundo o laudo, a ausência se deve à quantidade muito pequena do entorpecente - em torno de 300 a 500 nanogramas - identificado no produto.
O delegado da cidade, Anderson Cassemiro de Lima, disse que ainda não recebeu os do CCI e deve abrir inquérito para apurar o caso. A primeira suspeita era de balas estragadas com a validade vencida. "A olho nu não podemos dizer se o produto foi adulterado", afirmou Lima.
O produto é importado e traz uma inscrição estrangeira em letras vermelhas. A embalagem não contém a tradução para a línngua portuguesa. A polícia tenta localizar o comerciante e apurar a procedência do doce.
Amostras também foram para o Instituto de Criminalistica (IC) da Policia Civil que enviou que a unidade de São Paulo para exames mais apurados. De acordo com o delegado, as crianças foram liberadas após exame clinico o que pode comprovar que a intoxicação foi branda.
"Pedimos urgência nas análises para acalmar os pais", ponderou. Segundo ele, a situação provocou uma série de boatos que culminou com muita aflição dos familiares das crianças.
A assessoria de imprensa da prefeitura de Santo Antonio de Posse informou que a dona do pacote de balas disse que o produto foi um presente. O rapaz, que teria dado o presente, disse ter comprado o doce em uma loja de artigos populares fora da cidade.
O caso mais grave foi de um estudante do 9º ano, um adolescente de 13 anos que ficou internado e foi liberdado somente ontem. O jovem disse que a bala apresentava gosto parecido com "remédio".
"Chupei uma bala e meia e tinha gosto de remédio, parecia xarope", contou por telefone. "A letra no plástico (da bala) era diferente, esquisita", falou, afirmando que se sente melhor brincando na rua do que na cama do hospital.