Produtores rurais e indígenas, quilombolas e trabalhadores rurais sem terra realizaram dois protestos na manhã desta sexta-feira na mesma avenida de Campo Grande. Os grupos se concentraram em trechos diferentes da avenida Afonso Pena, a principal da cidade. O foco dos protestos foram as disputas pela terra. Apesar dos conflitos recentes, ambas manifestações foram pacíficas.
Com o lema 'Lei, ordem e paz no campo', o ato promovido pelos produtores rurais reuniu cerca de 300 pessoas. A mobilização foi organizada pelo Movimento Nacional de Produtores e contou com presença de representantes da Federação da Agricultura e Pecuária de Mato Grosso do Sul e da Associação dos Criadores do Estado. A pé, a cavalo e de caminhonete, os produtores rurais pediram o fim dos conflitos e da insegurança jurídica.
Os indígenas, quilombolas e trabalhadores rurais, após três dias de marcha reuniram quase mil pessoas. O protesto foi organizado pelo Movimento dos Trabalhadores Rurais Sem Terra (MST), Central Única dos Trabalhadores (CUT), Federação dos Trabalhadores em Educação e Comissão Pastoral da Terra. Eles pediram o fim da violência no campo, agilidade na reforma agrária, e criticaram a demora na demarcação de terras indígenas e quilombolas. Sob o lema de 'Todos somos índios, todos somos sem-terra', eles relembraram o índio terena Osiel Gabriel, morto a tiros, durante tentativa de reintegração de posse da Fazenda Buriti, em Sidrolândia.
30 de maio - Indígenas atearam fogo em prédios da Fazenda Buriti, em Sidrolândia, durante operação de reintegração de posse realizada na quinta-feira. Durante confronto com policiais militares e federais, um índio morreu baleado e outros quatro ficaram feridos
Foto: Moisés Palácios / Futura Press
30 de maio - Incêndio produziu grande coluna de fumaça em fazenda no interior de MS
Foto: Moisés Palácios / Futura Press
30 de maio - Construção ficou destruída após incêndio
Foto: Moisés Palácios / Futura Press
30 de maio - A propriedade fica no interior da Terra Indígena Buriti, declarada pelo Ministério da Justiça como de ocupação tradicional em 2010
Foto: Moisés Palácios / Futura Press
30 de maio - Indígenas começam a deixar fazenda após operação de reintegração de posse
Foto: Moisés Palácios / Futura Press
30 de maio - Operação de retirada dos índios foi marcada pela tensão
Foto: Moisés Palácios / Futura Press
3 de junho - Osiel Gabriel foi enterrado em cemitério próximo à fazenda ocupada
Foto: Marcos Ermínio / Campo Grande News
3 de junho - Lideranças indígenas prestam últimas homenagens a jovem terena morto em confronto com policiais
Foto: Marcos Ermínio / Campo Grande News
3 de junho - Segundo Conselho Indigenista Missionário (Cimi), cerimônia de sepultamento ocorreu em um misto de tristeza e indignação
Foto: Marcos Ermínio / Campo Grande News
3 de junho - Corpo de Osiel passou por perícias para determinar origem do tiro que matou o jovem
Foto: Marcos Ermínio / Campo Grande News
3 de junho - Conselho Nacional de Justiça (CNJ) tenta negociar um encontro entre os indígenas e a presidente Dilma Rousseff
Foto: Marcos Ermínio / Campo Grande News
3 de junho - Indígenas prometem permanecer na fazenda ocupada mesmo após nova ordem de reintegração de posse
Foto: Marcos Ermínio / Campo Grande News
3 de junho - Grupo da etnia terena se sentiu traído com decisão após negociar 'trégua' em reunião com o CNJ
Foto: Marcos Ermínio / Campo Grande News
3 de junho - Índios rasgam cópias da decisão judicial que os obriga a deixar a fazenda Buriti em 48 horas
Foto: Marcos Ermínio / Campo Grande News
3 de junho - Corpo do índio Osiel Gabriel, morto em confronto com policiais federais e militares, é enterrado em clima de revolta na aldeia Córrego do Meio, em Sidrolândia (MS)
Foto: Marcos Ermínio / Campo Grande News
Compartilhar
Publicidade
Hoje, as equipes da Força Nacional começam a atuar em Sidrolândia. O major Luiz Alves disse à Agência Brasil que, devido às questões de logística, deverá montar o acampamento à noite na fazenda Buriti.
A Conferência dos Religiosos do Brasil, regional do Mato Grosso do Sul, divulgou carta manifestando inquietação "diante das injustiças sofridas pelos povos indígenas de nosso Estado". No mesmo dia, reunião que durou mais de três horas e que reuniu representantes do governo federal e dos índios terenas, foi anunciada a criação de um fórum reunindo governo, indígenas e fazendeiros para negociar solução para os conflitos de terra em Mato Grosso do Sul.
Lideranças indígenas, fazendeiros, procuradores da República e entidades como o Conselho Indigenista Missionário e a Federação da Agricultura e Pecuária de Mato Grosso do Sul concordam em pelo menos um ponto sobre os conflitos entre índios e produtores rurais sul-mato-grossenses: se os governos federal e estadual querem resolver os confrontos por terras, devem indenizar os fazendeiros que receberam do próprio Estado os títulos de propriedade.
Ao todo, 110 homens da Força Nacional foram convocados para a missão no Mato Grosso do Sul
Foto: Marcos Ermínio/Campo Grande News / Especial para Terra
Cardozo chegou à Base Militar de Campo Grande no início da manhã e se encontrou com o governador do Estado, André Puccinelli (PMDB)
Foto: Marcos Ermínio/Campo Grande News / Especial para Terra
Em nota divulgada na noite de sexta-feira, a Funai criticou o cumprimento da ordem de desocupação da fazenda Buriti e disse que não foi informada sobre a operação
Foto: Marcos Ermínio/Campo Grande News / Especial para Terra
Dilma pediu para Cardozo manter o diálogo em região de conflito indígena no MS
Foto: Marcos Ermínio/Campo Grande News / Especial para Terra
O ministro da Justiça, José Eduardo Cardozo, pediu rigor na apuração do conflito no MS
Foto: Marcos Ermínio/Campo Grande News / Especial para Terra
De acordo com decisão judicial, os índios teriam até as 9h desta quarta para deixar a fazenda Buriti, ocupada desde o dia 15
Foto: Marcos Ermínio/Campo Grande News / Especial para Terra
Além do envio da Força Nacional, Cardozo disse que o efetivo da Polícia Federal será ampliado no Estado em função do acirramento dos conflitos
Foto: Marcos Ermínio/Campo Grande News / Especial para Terra