New York Times fala de boicote às Havaianas pela direita no Brasil: 'Tempestade política'
Jornal americano diz que polêmica campanha publicitária intensificou divisões políticas latentes no Brasil
A polêmica campanha publicitária da Havaianas, que levou setores da direita a boicotarem a marca de chinelos, ganhou repercussão internacional e chegou ao noticiário do The New York Times. Em reportagem publicada nesta quinta-feira, 25, o jornal americano afirma que a sandália favorita do Brasil foi arrastada para o centro de uma "tempestade política".
Citando o slogan da marca, "todo mundo usa, todo mundo adora", o texto do NYT ressalta que, mesmo com as divisões políticas que fragmentaram o maior País da América Latina, o amor inabalável pelas sandálias Havaianas sempre foi um ponto de consenso nacional. Até agora.
"Poucos itens de guarda-roupa são tão brasileiros quanto uma marca de chinelos de borracha coloridos", diz um trecho do texto, assinado pela jornalista Ana Ionova.
O estopim da controvérsia, relembra o jornal, foi a campanha publicitária de fim de ano na qual a atriz brasileira Fernanda Torres incentiva os brasileiros a não começarem o ano-novo "com o pé direito", fazendo um trocadilho com a expressão popular associada à boa sorte.
A reportagem do NYT afirma que "vozes proeminentes da direita", incluindo os filhos do ex-presidente Jair Bolsonaro (PL), viram a propaganda como uma "mensagem política direcionada ao seu movimento", às vésperas do que deve ser uma eleição presidencial importante no País.
O texto do jornal americano conta que, após o comercial, aliados de Bolsonaro prometeram trocar as Havaianas — que o NYT afirma ter se tornado um item de moda desejado fora do País — por sandálias de marcas concorrentes.
O New York Times afirma que a "controvérsia online intensificou divisões políticas latentes no Brasil", que se intensificaram neste ano depois que o Supremo Tribunal Federal (STF) condenou Bolsonaro a 27 anos de prisão por tramar um golpe após perder a eleição presidencial. de 2022 O julgamento, afirma o veículo, dividiu o Brasil, provocando manifestações da esquerda à direita.
"O comercial da Havaianas, lançado no primeiro dia do verão no Hemisfério Sul e poucos dias antes do Natal, tocou em um nervo sensível entre conservadores brasileiros, que o enxergaram como uma tentativa velada de desencorajar o voto em candidatos de direita", diz o texto.
A matéria do New York Times diz que Bolsonaro continua sendo uma força política poderosa na direita brasileira, mesmo impedido de concorrer a cargos públicos, e, na ausência do ex-presidente, a expectativa é que um de seus filhos, provavelmente o senador Flávio Bolsonaro (PL-RJ), dispute o Palácio do Planalto contra o presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT).