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MediaON

ProPublica cria arquivo próprio para jornalismo investigativo

22 nov 2011 - 21h59
(atualizado às 22h50)
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Fernando Diniz
Direto de São Paulo

Contratar repórteres originais e criar uma base de dados própria foram dois diferenciais implantados pelo site de jornalismo investigativo ProPublica, o primeiro portal de notícias da internet a vencer um Prêmio Pulitzer. Palestrante da abertura do MediaOn 2011, em São Paulo, o editor-executivo Stephen Engelberg exaltou a postura clássica de seus repórteres para levantar histórias.

A primeira noite do MediaOn discutirá os impactos na forma de produzir notícias
A primeira noite do MediaOn discutirá os impactos na forma de produzir notícias
Foto: Reinaldo Marques / Terra

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"Nosso objetivo era contratar jornalistas que encontrassem lides e fontes originais. Encontrar coisas que nunca ouvimos falar. Também queríamos que os repórteres não mandassem e-mails para as fontes, mas que as encontrassem e falassem pessoalmente com elas", disse o editor, que conta com uma equipe de 18 repórteres.

Entrevistado por Fernando Rodrigues, repórter e colunista da Folha de S. Paulo, ele questionou: "e por que não colocamos essas 18 pessoas trabalhando de casa, de pijamas? Isso é muito comum agora nos Estados Unidos. Queríamos criar uma identidade na ProPublica e por isso reunimos todos em uma redação."

Outro destaque da conduta jornalística do ProPublica foi criar uma espécie de arquivo próprio. "Nos Estados Unidos é comum que jornalistas coletem dados de bancos de dados do governo, mas nós pretendíamos coletar dados para criar nosso próprio arquivo", disse.

Para ganhar a confiança dos leitores, o ProPublica se firmou como uma empresa "sem fins lucrativos". O site não vende sua informação e é financiado por fundações e doações. O objetivo, segundo Engelberg, é fazer um verdadeiro jornalismo público.

Investigações

Para Engelberg, a essência do jornalismo está na investigação. "A natureza do trabalho é dizer para as pessoas coisas que elas não sabem. (...) É o jornalista que expõe a corrupção, revela segredos de Estado: 'nosso governo tem prisões secretas', 'nosso governo está torturando pessoas'. E é o papel do jornalista trazer isso à luz", disse.

"Tínhamos uma ideia do que queríamos fazer. Não faremos jornalismo investigativo de qualquer tipo, queríamos fazer jornalismo investigativo que traga mudanças. Não queríamos contar boas histórias ou grandes histórias, mas ir atrás de histórias que não eram investigadas", sintetizou Engelberg.

Irregularidades no sistema de saúde americano e a relação entre médicos e as indústrias farmacêuticas foram dois projetos do ProPublica que receberam destaque na palestra de Engelberg. Um deles investigou a conduta de enfermeiras de hospitais americanos. O resultado: histórias de profissionais de saúde que maltratavam pacientes ou que roubavam medicamentos, aplicando placebos nos doentes.

A outra investigação resultou em um aplicativo de iPhone. "Você coloca o nome do médico lá e descobre o quanto de dinheiro ele ganhou com companhias farmacêuticas", disse. Segundo o jornalista, é prática das grandes farmacêuticas em financiar palestras de médicos americanos, provocando suspeição na conduta dos profissionais.

MediaOn

O MediaOn, encontro realizado anualmente pelo Terra e Itaú Cultural, é um dos principais fóruns de debates sobre jornalismo digital e novas mídias. O evento será transmitido ao vivo entre os dias 22 e 24 de novembro.

Criado por jornalistas e profissionais da internet, o MediaOn reedita a curadoria dos jornalistas Antonio Prada, diretor de Mídia do Terra, Fernanda Cerávolo, gerente de Mídia do Google, e Jaime Spitzcovsky, colunista da Folha de S. Paulo. A produção executiva é de Felipe Morales Fonseca e Paula Grinover com a equipe do Itaú Cultural.

Os debates contam com a presença de representantes de veículos brasileiros, da América Latina, Europa e Estados Unidos. O tema do evento deste ano é "A transformação do ciclo da notícia, a revolução na indústria cultural e os efeitos na produção de conteúdo criativo".

Fonte: Terra
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