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Tragédia em Santa Maria

À Câmara, PM do RS diz haver falhas na lei de prevenção contra incêndios

Tenente-coronel participa de audiência em comissão da Câmara que acompanha as investigações da tragédia na Boate Kiss

12 mar 2013 - 18h32
(atualizado às 18h40)
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O tenente-coronel Vitor Hugo Cordeiro (centro) participa de audiência pública na Câmara
O tenente-coronel Vitor Hugo Cordeiro (centro) participa de audiência pública na Câmara
Foto: Antonio Araujo / Agência Câmara

O tenente-coronel Vitor Hugo Cordeiro, representante da Brigada Militar (Polícia Militar) do Rio Grande do Sul, afirmou na tarde desta terça-feira, em audiência na Câmara dos Deputados, que a tragédia que aconteceu na Boate Kiss, em Santa Maria, poderia ter ocorrido em qualquer ponto do Estado ou do Brasil. "Houve uma série de falhas, que devem ser sanadas com novas normas e melhor legislação", afirmou. As informações são da Agência Câmara.

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Cordeiro participa de audiência pública da comissão externa da Câmara que acompanha as investigações sobre o incêndio na Boate Kiss, em Santa Maria, no Rio Grande do Sul. O bombeiro afirmou que, no incêndio da Boate Kiss, a combustão foi "pífia", sendo que as tintas das paredes foram pouco danificadas. "Entretanto, havia excesso de pessoas dentro da casa noturna e houve excesso de gás, por causa da combustão da espuma que revestia o ambiente", declarou.

Vitor Cordeiro destacou que não foi autorizada a colocação da espuma no revestimento da boate. Também explicou que, oticamente, não é possível diferenciar uma espuma que emite gases tóxicos quando em chamas de outra que não oferece perigo. Por isso, o bombeiro defendeu que os fabricantes dessas espumas especifiquem os riscos oferecidos pelos produtos. Segundo o tenente coronel, a legislação do Rio Grande do Sul não prevê obrigatoriedade de sistemas de exaustão de fumaça - o que poderia ter amenizado o nível da tragédia ocorrida na boate Kiss.

Vitor Cordeiro afirmou que o projeto da casa noturna previa capacidade máxima de 691 pessoas na boate, sendo que, na noite do incêndio, esse numero foi excedido. Também afirmou que a iluminação de emergência funcionou na boate, embora a instalação não tenha sido feita da forma mais adequada.

O tenente-coronel defendeu ainda que o número de bombeiros seja proporcional à população de cada Estado. Segundo ele, no Rio Grande do Sul, o número é insuficiente para atender às demandas feitas à corporação.

Incêndio na Boate Kiss

Na madrugada do dia 27 de janeiro, um incêndio deixou mais de 230 mortos em Santa Maria (RS). O fogo na Boate Kiss começou por volta das 2h30, quando um integrante da banda que fazia show na festa universitária lançou um artefato pirotécnico, que atingiu a espuma altamente inflamável do teto da boate.

Com apenas uma porta de entrada e saída disponível, os jovens tiveram dificuldade para deixar o local. Muitos foram pisoteados. A maioria dos mortos foi asfixiada pela fumaça tóxica, contendo cianeto, liberada pela queima da espuma.

Os mortos foram velados no Centro Desportivo Municipal, e a prefeitura da cidade decretou luto oficial de 30 dias. A presidente Dilma Rousseff interrompeu uma viagem oficial que fazia ao Chile e foi até a cidade, onde prestou solidariedade aos parentes dos mortos.

Os feridos graves foram divididos em hospitais de Santa Maria e da região metropolitana de Porto Alegre, para onde foram levados com apoio de helicópteros da FAB (Força Aérea Brasileira). O Ministério da Saúde, com apoio dos governos estadual e municipais, criou uma grande operação de atendimento às vítimas.

Quatro pessoas foram presas temporariamente - dois sócios da boate, Elissandro Callegaro Spohr, conhecido como Kiko, e Mauro Hoffmann, e dois integrantes da banda Gurizada Fandangueira, Luciano Augusto Bonilha Leão e Marcelo de Jesus dos Santos. Enquanto a Polícia Civil investiga documentos e alvarás, a prefeitura e o Corpo de Bombeiros divergem sobre a responsabilidade de fiscalização da casa noturna.

A tragédia fez com que várias cidades do País realizassem varreduras em boates contra falhas de segurança, e vários estabelecimentos foram fechados. Mais de 20 municípios do Rio Grande do Sul cancelaram a programação de Carnaval devido ao incêndio.

No dia 25 de fevereiro, foi criada a Associação dos Pais e Familiares de Vítimas e Sobreviventes da Tragédia da Boate Kiss em Santa Maria. A intenção é oferecer amparo psicológico a todas as famílias, lutar por ações de fiscalização e mudança de leis, acompanhar o inquérito policial e não deixar a tragédia cair no esquecimento.

Fonte: Terra
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