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SP: 'Nós queremos incomodar', dizem Black Blocs acampados em Campinas

8 set 2013 - 16h49
(atualizado às 17h04)
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A concentração na rua do parlamentar ocorreu após a passeata do Dia da Independência, que contou com cerca de 200 manifestantes
A concentração na rua do parlamentar ocorreu após a passeata do Dia da Independência, que contou com cerca de 200 manifestantes
Foto: Denny Cesare / Futura Press

Um grupo de 10 jovens dormiu na noite de sábado na calçada do prédio onde mora o presidente da Câmara de Vereadores de Campinas, Campos Filho (DEM).  Os manifestantes - três mulheres e sete homens - afirmaram que passaram frio de madrugada, mas que pretendem continuar no local em protesto até que o parlamentar venha discutir uma pauta de reivindicação. Eles prometem resistir e esperam o aumento da adesão dos colegas Black Blocs na noite deste domingo.  "Nós queremos incomodar mesmo", comentou o integrante do movimento, que se apresentou com o apelido de Game Over. 

Os manifestantes passaram a noite no chão, com apenas alguns cobertores. No lado do muro do prédio, eles guardam as bolsas com os capuzes. Durante o período em que permaneceram no local, eles afirmam terem se alimentado de pães, bolachas, chocolates e panetones. 

Os manifestantes afirmam que não consomem bebidas alcoólicas. Um dos manifestantes disse que, depois da passeata no final da tarde de ontem na cidade, ele e seus companheiros decidiram “acampar” no endereço do parlamentar para "um diálogo". O grupo tinha cerca de 50 pessoas, mas somente 10 passaram a noite no local.

"Queremos uma CPI (Comissão Parlamentar de Inquérito) para as contas da planilha da passagem que deve ser gratuita", disse uma das manifestantes, que se identificou como Dama Negra.

Os Black Blocs acusam Campos Filho de autoritarismo. O parlamentar foi quem chamou a Tropa de Choque no dia 7 de agosto, quando manifestantes invadiram uma sessão da Câmara e quebraram mesas e cadeiras dos vereadores. Todos foram tirados a força e 138 nomes foram relacionados pela polícia.

"É anticonstitucional fazer lei contra quem usa máscara", disse a garota, lembrando que o vereador é autor de um projeto de lei que foi apresentando semana passada que prevê a proibição do uso de máscara em manifestações públicas. 

Outro integrante do grupo, que se identificou como Gutierrez Machado, chegou depois trazendo garrafas de água. Ele falou que outros colegas chegarão para "aumentar" o protesto. 

Um grupo de manifestantes acampou em frente à casa do presidente da Câmara Municipal de Campinas (SP), vereador Campos Filho (DEM)
Um grupo de manifestantes acampou em frente à casa do presidente da Câmara Municipal de Campinas (SP), vereador Campos Filho (DEM)
Foto: Denny Cesare / Futura Press

"Um sargento disse que se a gente vai ficar ali era bom não fazer barulho para não incomodar os vizinhos, e nós só queremos uma conversa com o vereador. Vamos ficar aqui", comentou.

Gutierrez falou também que foi boa a passeata de 7 de Setembro, mas que havia muitos policiais que tentavam intimidar manifestantes. "Acho que tinha cinco policiais para cada Black Bloc." 

"Um policial militar chegou e disse pra mim: 'é, vocês têm um sistema de guerrilha' e ficou com o escudo assim pertinho. E eu gritei: 'somos anarquistas', é diferente’.”

No asfalto em frente à casa do vereador, os manifestantes escreveram CPI Já e Fora Campos Filho. Na rua alguns carros ficam estacionados e o movimento de entrada e saída das residências é normal.

O vereador não foi localizado para comentar o protesto contra ele. A informação de vizinhos é que o parlamentar não está no prédio desde ontem.  

Passeata

Na passeata após o desfile de 7 de Setembro, os manifestantes chegaram a fechar o acesso ao Terminal Central de ônibus e várias ruas do centro. O cortejo do manifesto foi acompanhado por um grande número de policiais militares a pé e motorizado. O grupo foi até a prefeitura e foi recebido por guardas municipais e a Tropa de Choque da PM. O protesto foi pacífico e não houve confronto. 

Protestos contra tarifas mobilizam população e desafiam governos de todo o País
Mobilizados contra o aumento das tarifas de transporte público nas grandes cidades brasileiras, grupos de ativistas organizaram protestos para pedir a redução dos preços e maior qualidade dos serviços públicos prestados à população. Estes atos ganharam corpo e expressão nacional, dilatando-se gradualmente em uma onda de protestos e levando dezenas de milhares de pessoas às ruas com uma agenda de reivindicações ampla e com um significado ainda não plenamente compreendido.

A mobilização começou em Porto Alegre, quando, entre março e abril, milhares de manifestantes agruparam-se em frente à Prefeitura para protestar contra o recente aumento do preço das passagens de ônibus; a mobilização surtiu efeito, e o aumento foi temporariamente revogado. Poucos meses depois, o mesmo movimento se gestou em São Paulo, onde sucessivas mobilizações atraíram milhares às ruas; o maior episódio ocorreu no dia 13 de junho, quando um imenso ato público acabou em violentos confrontos com a polícia.

A grandeza do protesto e a violência dos confrontos expandiu a pauta para todo o País. Foi assim que, no dia 17 de junho, o Brasil viveu o que foi visto como uma das maiores jornadas populares dos últimos 20 anos. Motivados contra os aumentos do preço dos transportes, mas também já inflamados por diversas outras bandeiras, tais como a realização da Copa do Mundo de 2014, a nação viveu uma noite de mobilização e confrontos em São PauloRio de JaneiroCuritibaSalvadorFortalezaPorto Alegre e Brasília.

A onda de protestos mobiliza o debate do País e levanta um amálgama de questionamentos sobre objetivos, rumos, pautas e significados de um movimento popular singular na história brasileira desde a restauração do regime democrático em 1985. A revogação dos aumentos das passagens já é um dos resultados obtidos em São Paulo e outras cidades, mas o movimento não deve parar por aí. “Essas vozes precisam ser ouvidas”, disse a presidente Dilma Rousseff, ela própria e seu governo alvos de críticas.

Fonte: Especial para Terra
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