Moradores e defensores de direitos humanos tentam mediar uma desocupação pacífica para a Favela do Metrô, próxima ao Estádio Jornalista Mário Filho, o Maracanã. Nesta quinta-feira, uma barricada foi erguida pela comunidade com móveis, pedaços de madeira e entulho. No começo da semana, sob protestos, a prefeitura retomou a demolição de casas no local. O policiamento continua reforçado.
Casas foram demolidas na última terça-feira (7) sem que os moradores fossem notificados com antecedência. Algumas moradias chegaram a ser derrubadas quando as pessoas saíram para trabalhar, com móveis, comida e documentos dentro. É o que ocorreu com a casa de Weber Garcez, 33 anos, que perdeu tudo. "Felizmente não estou na rua, porque tenho muitos amigos", disse.
Segundo os moradores, as demolições também não estão levando em consideração a presença de idosos e crianças nas casas. Uma mãe teve que sair às pressas com um bebê de 3 meses antes de as paredes serem derrubadas. "Tivemos que arrumar rapidamente uma casa para ela morar aqui. Deu para sair com o bebê mais a roupa do corpo", contou a vizinha Tatiane Souza Gardêncio.
Representante do Instituto de Defensores dos Direitos Humanos, a advogada Eloísa Samy, que acompanha a situação no local há dias, cobra que a prefeitura mantenha as demolições suspensas, providencie moradias e indenize quem perdeu bens. "Elas (as pessoas) estão praticamente em estado de mendicância. O pouco que tinham foi junto com a demolição."
O presidente da Comissão de Direitos Humanos da Ordem dos Advogados do Brasil (OAB-RJ), Marcelo Chalréo, que esteve na comunidade, também cobra medidas urgentes para proteger crianças e adolescentes, principalmente de uma possível reação violenta durante as demolições. Nos últimos dias, ele diz ter recolhido relatos de abuso policial contra jovens da comunidade.
"Acionamos o Conselho Estadual de Defesa da Criança e do Adolescente, a Defensoria Pública e outras organizações para evitar conflitos violentos", disse. Chalréo agendou uma reunião com o coordenador de Direitos Humanos da prefeitura do Rio de Janeiro, Ernesto Braga, mas o encontro foi cancelado e ainda não tem nova data. "Há uma situação de coação e estamos preocupados", disse.
Homem fantasiado de Batman alegra as crianças no momento da retirada dos moradores da Vila do Metrô
Foto: Daniel Ramalho / Terra
Moradores deixam suas casas na Vila do Metrô, na Mangueira, Rio de Janeiro
Foto: Daniel Ramalho / Terra
Criança se refresca enquanto a Polícia cumpre a retirada dos moradores
Foto: Daniel Ramalho / Terra
Desde o início da semana, os confrontos com o Batalhão de Choque da Polícia Militar tornaram-se constantes.
Foto: Daniel Ramalho / Terra
A comunidade criada há cerca de três décadas ao lado da linha de trem da Supervia, na estação Mangueira
Foto: Daniel Ramalho / Terra
Moradores deixam suas casas na Vila do Metrô, na Mangueira, Rio de Janeiro
Foto: Daniel Ramalho / Terra
Muitas casas foram derrubadas no processo
Foto: Daniel Ramalho / Terra
Barricadas foram montadas, protestos violentos proliferaram e o clima de tensão permanece
Foto: Daniel Ramalho / Terra
Criança anda em meio aos destroços
Foto: Daniel Ramalho / Terra
Moradores deixam suas casas na Vila do Metrô, na Mangueira, Rio de Janeiro
Foto: Daniel Ramalho / Terra
Moradores deixam suas casas na Vila do Metrô, na Mangueira, Rio de Janeiro
Foto: Daniel Ramalho / Terra
Famílias inteiras retiram seus pertences das antigas casas, que serão desocupadas
Foto: Daniel Ramalho / Terra
Moradores relatam que ratos percorrem livremente o ambiente, considerado insalubre para a ocupação humana por alguns
Foto: Daniel Ramalho / Terra
Em meio à desocupação, moradores tentam se alimentar da maneira que podem
Foto: Daniel Ramalho / Terra
Moradores deixam suas casas na Vila do Metrô, na Mangueira, Rio de Janeiro
Foto: Daniel Ramalho / Terra
Mais cedo, a circulação da Linha 2 de Metrô do Rio de Janeiro foi interrompida por 12 minutos
Foto: Daniel Ramalho / Terra
Os moradores protestam desde o começo da semana contra remoções na favela.
Foto: Daniel Ramalho / Terra
A Prefeitura informou em nota que iniciou a operação de derrubada das casas na terça à noite a fim de reordenar o espaço e criar um polo automotivo na Mangueira
Foto: Daniel Ramalho / Terra
Segundo a Secretaria Municipal de Habitação, todas as 662 famílias que viviam na Favela do Metrô-Mangueira receberam imóveis por meio do Programa Minha Casa, Minha Vida
Foto: Daniel Ramalho / Terra
Ainda segundo a prefeitura, a negociação com as famílias foi iniciada em 2010 e o reassentamento foi concluído em dezembro de 2013
Foto: Daniel Ramalho / Terra
Os moradores teriam recusado a oferta e invadido as casas remanescentes.
Foto: Daniel Ramalho / Terra
Na noite de domingo, moradores da comunidade, que conta com uma Unidade de Polícia Pacificadora desde novembro de 2011, pararam um ônibus perto de um dos acessos à favela e atearam fogo ao coletivo em protesto por uma ação policial realizada no sábado que terminou com a morte de um jovem de 20 anos
Foto: Daniel Ramalho / Terra
Na segunda-feira parte dos comerciantes da favela optaram por não abrir as portas após uma madrugada marcada por protestos
Foto: Daniel Ramalho / Terra
Moradores deixam suas casas na Vila do Metrô, na Mangueira, Rio de Janeiro
Foto: Daniel Ramalho / Terra
Na sexta-feira, os moradores da comunidade fizeram outra manifestação, bloqueando a Avenida Visconde de Niterói em protesto contra a falta de luz
Foto: Daniel Ramalho / Terra
Moradores deixam suas casas na Vila do Metrô, na Mangueira, Rio de Janeiro
Foto: Daniel Ramalho / Terra
Moradores deixam suas casas na Vila do Metrô, na Mangueira, Rio de Janeiro
Foto: Daniel Ramalho / Terra
Moradores deixam suas casas na Vila do Metrô, na Mangueira, Rio de Janeiro
Foto: Daniel Ramalho / Terra
O secretário municipal de Habitação, Pierre Batista, foi ao local para conversar com moradores, que protestam contra as remoções, e acabou saindo do local sob um ataque de ovos, que, contudo, não o acertaram
Foto: Douglas Schineidr / Jornal do Brasil
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Na avaliação dos defensores de direitos humanos, a situação é delicada no local. As casas foram ocupadas depois que a prefeitura reassentou os moradores originais proximidades. "Essas famílias ocuparam imóveis vazios, que deveriam ser demolidos, por absoluta necessidade."
A prefeitura informa que o trabalho de demolição começou em 2010, com o cadastramento e a indenização das famílias que moravam no local, para realocação em conjuntos habitacionais nas zonas norte e oeste e pagamento de aluguel social. Segundo o subprefeito da zona norte, André Santos, depois disso outras pessoas ocuparam as casas que já tinham sido desapropriadas.
De acordo com a Polícia Militar, chegou a ocorrer um princípio de confusão hoje, mas a ação foi controlada. Os policiais permaneceram durante a madrugada na comunidade e acompanharam o trabalho da subprefeitura da zona norte em conjunto com as secretarias municipais de Conservação e de Obras. Ontem, no local, o comando da Polícia Militar responsável pela operação recomendou que às vítimas de abuso policial que registrem ocorrência na delegacia mais próxima.
Escombros das residências demolidas foram isolados pela prefeitura do Rio de Janeiro
Foto: José Carlos Pereira de Carvalho / vc repórter
Entretanto, durante o processo de retirada dos moradores, outras famílias mudaram-se para a Metrô-Mangueira, ocupando casas já marcadas para demolição
Foto: Tânia Rêgo / Agência Brasil
As casas da favela estavam sendo desapropriadas e destruídas desde 2010, pois está prevista a construção do Pólo Automotivo Mangueira no local
Foto: Tânia Rêgo / Agência Brasil
Localizada perto do Maracanã, que será palco da final da Copa da Mundo, a comunidade teve a demolição de casas retomada ontem
Foto: Tânia Rêgo / Agência Brasil
Era no meio de muito lixo, escombros, esgoto a céu aberto, moscas e ratos que resistiam os moradores da favela Metrô-Mangueira