vc repórter: sob protestos, prefeitura conclui demolição de favela no Rio
Após uma terça-feira marcada por protestos conforntos com a polícia, a prefeitura do Rio promoveu a demolição das residências remanescentes da comunidade Metrô-Mangueira, na zona norte da cidade. Segundo a prefeitura, todas as 662 duas famílias que viviam ali foram ou serão contempladas com moradias por meio do programa habitacional Minha Casa, Minha Vida.
No local, das proximidades do Metrô Mangueira, a administração municipal pretende “reordenar o espaço urbano e criar o Polo Automotivo Mangueira”. O objetivo, diz o órgão via nota oficial, é “concentrar atividades comerciais e serviços para o setor e incentivar a geração de trabalho e de renda para a população local”.
Haverá, ainda,um “parque linear”, com ciclovia, parque infantil, academia da terceira idade, pista de skate e 400 árvores.
Das 662 famílias que viviam na favela do Metrô-Mangueira, “a maioria está sendo reassentada nos condomínios Mangueira I e Mangueira II, ao lado da comunidade”. “A negociação com as famílias foi iniciada em 2010 e o reassentamento foi concluído em dezembro de 2013. No entanto, as casas remanescentes foram recentemente invadidas, com o grupo tendo recusado a oferta de abrigo por parte da prefeitura”, concluiu o órgão.
Moradores, contudo, afirmam se procupar com a falta de perspectivas. É o caso da aposentada Vera Lúcia Rios, de 70 anos, que vive com os quatro netos na comunidade. Ela sustenta as crianças depois que a filha, usuária de drogas, saiu e nunca mais voltou. “Vim para cá, para a invasão, porque tenho as crianças, não tenho como pagar aluguel. Tenho uma filha que virou cracuda (usuária de crack) há quatros anos e sumiu.”
Vera paga um empréstimo e sustenta a família com cerca de R$ 500 por mês. As crianças, com idade entre 6 e 12 anos, ajudam como podem. Uma delas auxilia na remoção de fios de cobre para um ferro-velho que fica colado na favela, na avenida Radial Oeste.
Também com a casa para ser demolida, a doméstica Tatiane Souza Gardêncio, cobra auxílio da prefeitura para a mudança e pede um imóvel novo. Ela mora na comunidade há oito meses, com oito parentes, entre filhos e netos, depois de deixar a favela em Campo Grande, na zona oeste.“Eles (a prefeitura) falam que é invasão. Mas eu vou preferir morar na rua com os meus filhos do que na invasão? Não”, respondeu Tatiane. “Eu vim porque estava vazio. Peguei e entrei.”
Com informações da Agência Brasil
O internauta José Carlos Pereira de Carvalho, de Blumenau (SC), participou do vc repórter, canal de jornalismo participativo do Terra. Se você também quiser mandar fotos, textos ou vídeos, clique aqui.