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RJ: bloqueio de rua ao lado da Câmara Municipal termina em revolta e prisões

15 ago 2013 - 10h39
(atualizado às 11h43)
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<p>Com cartaz, manifestante se deita na faixa de pedestres em frente à Câmara e protesta: "onde está o Amarildo?"</p>
Com cartaz, manifestante se deita na faixa de pedestres em frente à Câmara e protesta: "onde está o Amarildo?"
Foto: José Carlos Pereira de Carvalho / vc repórter

Um bloqueio feito por cerca de 40 policiais militares na manhã desta quinta-feira nos arredores da Câmara Municipal do Rio de Janeiro provocou revolta em pessoas que trabalham na região. Com escudos, os PMs fizeram uma faixa de contenção na rua Alcindo Guanabara, entre a rua Senador Dantas e a Cinelândia. A intenção é evitar que manifestantes entrem no Palácio Pedro Ernesto enquanto vereadores se reúnem para a primeira sessão da Comissão Parlamentar de Inquérito (CPI) dos Ônibus. Duas pessoas foram detidas em meio ao protesto e encaminhadas para a 5ª DP, em Mem de Sá.

Entre os que tentaram forçar a passagem pelo bloqueio estão trabalhadores que não têm acesso aos seus locais de trabalho no quarteirão, onde há prédios comerciais e lojas. 

“Estou há quase 45 minutos tentando entrar no meu escritório. Nós não fazemos parte desta manifestação, só quero fazer meu trabalho. E está sendo cerceado um direito básico meu. Tentei duas vezes e fui empurrado com truculência pela polícia. Parece que a gente está numa ditadura. Uma coisa é impedir manifestantes, outra é quem trabalha nos prédios ao lado. Fiquei num estado de nervos muito grande, tenho problemas cardíacos”, reclamou o advogado Rodrigo Ramos de Oliveira em entrevista à rádio BandNews.

Nove manifestantes permanecem dentro da Câmara numa tentativa de pressionar os vereadores a cancelar a reunião que colocou quatro aliados do prefeito Eduardo Paes (PMDB) na comissão parlamentar de inquérito. Os quatro vereadores nem sequer assinaram o requerimento da CPI proposta por Eliomar Coelho (PSol), único oposicionista escolhido para o grupo.

Os manifestantes que estão do lado de fora da Câmara já reuniram 15 mil assinaturas contra a formação da CPI. Durante o protesto, eles fecharam a avenida Rio Branco, uma das mais importantes do centro do Rio de Janeiro.

Protestos contra tarifas mobilizam população e desafiam governos de todo o País
Mobilizados contra o aumento das tarifas de transporte público nas grandes cidades brasileiras, grupos de ativistas organizaram protestos para pedir a redução dos preços e maior qualidade dos serviços públicos prestados à população. Estes atos ganharam corpo e expressão nacional, dilatando-se gradualmente em uma onda de protestos e levando dezenas de milhares de pessoas às ruas com uma agenda de reivindicações ampla e com um significado ainda não plenamente compreendido.

A mobilização começou em Porto Alegre, quando, entre março e abril, milhares de manifestantes agruparam-se em frente à Prefeitura para protestar contra o recente aumento do preço das passagens de ônibus; a mobilização surtiu efeito, e o aumento foi temporariamente revogado. Poucos meses depois, o mesmo movimento se gestou em São Paulo, onde sucessivas mobilizações atraíram milhares às ruas; o maior episódio ocorreu no dia 13 de junho, quando um imenso ato público acabou em violentos confrontos com a polícia.

A grandeza do protesto e a violência dos confrontos expandiu a pauta para todo o País. Foi assim que, no dia 17 de junho, o Brasil viveu o que foi visto como uma das maiores jornadas populares dos últimos 20 anos. Motivados contra os aumentos do preço dos transportes, mas também já inflamados por diversas outras bandeiras, tais como a realização da Copa do Mundo de 2014, a nação viveu uma noite de mobilização e confrontos em São PauloRio de JaneiroCuritibaSalvadorFortalezaPorto Alegre e Brasília.

A onda de protestos mobiliza o debate do País e levanta um amálgama de questionamentos sobre objetivos, rumos, pautas e significados de um movimento popular singular na história brasileira desde a restauração do regime democrático em 1985. A revogação dos aumentos das passagens já é um dos resultados obtidos em São Paulo e outras cidades, mas o movimento não deve parar por aí. “Essas vozes precisam ser ouvidas”, disse a presidente Dilma Rousseff, ela própria e seu governo alvos de críticas.

Colaborou com esta notícia o internauta José Carlos Pereira de Carvalho, do Rio de Janeiro (RJ), que participou do vc repórter, canal de jornalismo participativo do Terra. Se você também quiser mandar fotos, textos ou vídeos, clique aqui.

Fonte: Terra
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