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Operação prende filho da governadora de Roraima por esquema no sistema penitenciário

Ação da Polícia Federal investiga suposta organização criminosa com faturamento de R$ 70 milhões. Agentes cumpriram 11 mandados de prisão e 20 mandados de busca em Boa Vista e Brasília

29 nov 2018 - 19h53
(atualizado às 19h56)
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BRASÍLIA - A Operação Escuridão, deflagrada pela Polícia Federal, prendeu nesta quinta-feira, 29, o filho da governadora de Roraima, Suely Campos (PP), o empresário Guilherme Campos. Ele é suspeito de envolvimento em esquema de desvios de recursos públicos do sistema penitenciário de Roraima. A PF também prendeu os ex-secretários de Justiça e Cidadania do Estado Ronan Marinho e Josué Filho.

De acordo com a PF, o objetivo da operação foi o de desarticular organização criminosa envolvida em desvios de recursos públicos do sistema penitenciário de Roraima, com faturamento próximo a R$ 70 milhões, entre 2015 e 2018. Foram cumpridos 11 mandados de prisão preventiva e 20 mandados de busca e apreensão, em Boa Vista e Brasília. Os mandatos foram expedidos pela pelo Tribunal de Justiça do Estado de Roraima.

Em entrevista em Brasília, o ministro da Segurança Pública, Raul Jungmann, afirmou que "havia sem sombra de dúvida uma aliança entre agentes políticos, agentes públicos, a corrupção e o crime organizado".

O diretor-geral da PF, Rogério Galloro, disse que faz parte da dinâmica de superfaturamento o envolvimento de agentes do Estado. "O processo licitatório parte do Estado e, na associação com empresas criminosas, gera-se, então, o crime de superfaturamento, o crime de corrupção. Sim, há envolvimento, isso já foi relatado. Está nos autos".

A operação começou em 2017 e foi baseada em informações do sistema penitenciário de Roraima, das investigações do Estado e do Departamento Penitenciário Nacional (Depen).

Segundo os investigadores, a atuação criminosa teve início em 2015 a partir da contratação emergencial de uma empresa aberta há apenas oito dias para serviço de alimentação dos presos no Estado. A empresa superfaturava "o valor da alimentação, além de informar quantitativo superior de refeições ao que era efetivamente providenciado e de fornecer alimentos de baixa qualidade", como cita a nota.

Na fraude, os responsáveis pela empresa, que está em nome de laranjas e ainda presta serviço, efetuaram saques de cerca de 30% do valor dos contratos para pagamento de propinas e enriquecimento ilícito dos reais proprietários do negócio.

Em nota, a defesa de Guilherme Campos disse que os fatos "não são verdadeiros e carecem do mínimo de prova". "Importante esclarecer que desde o ano de 2017 a defesa de Guilherme Silva Ribeiro Campos tomou conhecimento oficial sobre a investigação, oportunidade em que este se colocou à disposição da Polícia Federal para prestar qualquer esclarecimento sobre os fatos. Por essa razão, a prisão de Guilherme Silva Ribeiro Campos causou estranheza e perplexidade à sua defesa, vez que, apesar de ter apresentado petição se colocando à disposição desde 2017, jamais foi ouvido pela autoridade policial sobre qualquer dos fatos em apuração. Esclarecemos, por fim, que todos os fatos imputados à Guilherme Silva Ribeiro Campos serão devidamente esclarecidos ao longo da instrução dos processos, oportunidade em que sua inocência deverá ser reconhecida", diz a nota.

A assessoria da governadora foi procurada, mas não se manifestou. A reportagem não conseguiu contato com a defesa dos demais citados.

Estadão
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