Script = https://s1.trrsf.com/update-1765905308/fe/zaz-ui-t360/_js/transition.min.js
PUBLICIDADE

Julgamento de Paulo Cupertino, acusado de matar ator de Chiquititas e família, começa nesta quinta

Empresário é réu pelo homicídio de Rafael Miguel e dos pais do rapaz, em junho de 2019. Primeiro julgamento, em 2024, foi anulado após Cupertino destituir seu advogado. 'Estadão' tenta contato com a defesa

29 mai 2025 - 12h37
(atualizado às 13h26)
Compartilhar
Exibir comentários

O novo julgamento de Paulo Cupertino, acusado de matar o ator de Chiquititas, Rafael Miguel, e os pais dele, começou nesta quinta-feira, 29, no Fórum Criminal da Barra Funda, na zona oeste de São Paulo. Isabela Tibcherani, filha de Cupertino, foi a primeira a prestar depoimento.

Segundo o MP, em 9 de junho de 2019, o empresário matou com 13 tiros Rafael, de 22 anos, e seus pais, o casal João Alcisio Miguel, de 52, e Miriam Selma Silva Miguel, de 50. Conforme a acusação, o crime foi cometido por ciúmes: ele não aceitava o namoro da filha com o ator. Na época, ela tinha 18 anos.

Cupertino conseguiu anular o primeiro julgamento, que ocorreu em outubro de 2024. Na ocasião, o réu destituiu seu advogado, levando o juiz Antônio Carlos Pontes de Souza a suspender o julgamento.

Ele é julgado por homicídio doloso com duas qualificadoras: crime cometido sem chance de defesa das vítimas e por motivo fútil. A reportagem tenta contato com a defesa.

Paulo Cupertino foi preso em São Paulo após passar quase três anos foragido
Paulo Cupertino foi preso em São Paulo após passar quase três anos foragido
Foto: Divulgação / Polícia Civil / Estadão

O crime aconteceu em frente à casa da família, na Estrada do Alvarenga, no bairro Pedreira, na zona sul de São Paulo. Cupertino fugiu após os disparos. Outras duas pessoas, Eduardo Machado, de 45 anos, e Wanderley Ribeiro Senhora, de 59, acusados de ajudar na fuga do empresário, são réus no mesmo processo.

Ambos respondem em liberdade e, em seus depoimentos, negaram relação com o crime. O Estadão tenta contato com os defensores de Eduardo e Wanderley.

'Só vai namorar depois dos 30, se eu deixar'

Isabela Tibcherani Matias e sua mãe, Vanessa Tibcherani de Camargo, relataram um relacionamento familiar conturbado em que Cupertino era possessivo e agressivo em relação às duas mulheres.

Na ocasião, a mãe afirmou que ele era agressivo e batia nela. Isabela disse que o pai sempre a tratou de forma diferenciada em relação ao irmão. Depois que ela começou a namorar, ele se tornou mais agressivo e a proibiu de se relacionar com Rafael ou outro garoto.

Segundo o depoimento, o pai monitorava o celular de Isabela e a proibia de sair de casa. Quando a promotora Soraia Bicudo Simoes Munhoz perguntou quanto tempo ela ficou sem sair de casa, Isabela respondeu: "Oito meses, sem contato, sem celular, sem convívio com outras pessoas, só dentro de casa."

Ela pedia o celular da mãe para falar com o namorado. Isabela contou ainda que o pai falava, em conversas com conhecidos: "Você só vai namorar depois dos 30, se eu deixar."

O relacionamento entre Isabela e Rafael durou pouco mais de um ano. A jovem deu detalhes sobre o que seria seu último encontro com ele. Ela saiu de casa para se encontrar com o namorado em uma praça, mas viu o carro do pai chegando e não quis voltar para casa. "Eu estava abalada, nervosa, chorava muito", disse.

No depoimento, a filha chegou a se referir ao pai como "réu". "Nossa relação (com o pai) era algo que me deixava aflita", disse. O casal decidiu ir à casa dos pais de Rafael mas, chegando lá, foram convencidos a ir até a casa de Cupertino para esclarecer a situação.

Ela conta que, quando chegaram, Rafael foi abrir a porta e se deparou com o pai de Isabela. "Ele não falou nada e me puxou para dentro e fechou o portão de maneira agressiva. A mãe do Rafael perguntou: 'você que é o pai de Isabela?' ele respondeu: 'Não, eu sou a mãe'. Quando o Rafael falou, 'vamos conversar', ele disse: 'conversar nada'. Segurou o portão, eu já estava dentro (da casa). A partir daí só ouvi os disparos. Foram muitos disparos."

Isabela contou que, quando os tiros cessaram, viu o corpo de Rafael sobre o corpo da mãe dele, perto do carro. O corpo do pai de Rafael estava no meio da rua.

Prisão após anos foragido

Cupertino foi preso quase três anos após o crime, em maio de 2022, quando a polícia o encontrou escondido e disfarçado, com uma identidade falsa, em um hotel de São Paulo. Com ele foram encontrados chapéus, tintas de cabelo e lentes de contato que, segundo a polícia, o procurado usava para se disfarçar.

Para prendê-lo, a Polícia Civil de São Paulo usou um leque variado de estratégias. Investigadores do caso chegaram até a monitorar o velório da mãe de criação do suspeito, em 2020, na expectativa que ele fosse disfarçado ao local.

Foram também por algumas vezes a fazendas no Mato Grosso do Sul, possivelmente onde o réu se escondeu por mais tempo. Pouco antes de uma dessas idas, ele teria fugido em um caminhão carregado de melancias.

Polícia Civil chegou a divulgar retratos com disfarces que poderiam ter sido usados por Paulo Cupertino.
Polícia Civil chegou a divulgar retratos com disfarces que poderiam ter sido usados por Paulo Cupertino.
Foto: Divulgação/Polícia Civil de SP / Estadão

Rafael era conhecido por sua participação na versão brasileira da novela Chiquititas, do SBT, exibida entre 2013 e 2015. Ele representava o personagem Paçoca.

O ator atuou também em novelas da Globo, como Pé na Jaca e Cama de Gato, além do especial de fim de ano O Natal e o Menino Imperador.

Estadão
Compartilhar
Publicidade

Conheça nossos produtos

Seu Terra












Publicidade