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Cidades

Imobiliárias apostam na pluralidade de moradores em ambientes compartilhados

Empreendimentos oferecem diferentes modelos de unidades para atrair perfis distintos e estimular uma comunidade mais heterogênea de moradores

14 out 2018 - 03h11
(atualizado em 15/10/2018 às 09h26)
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SÃO PAULO - Assim como em ambientes de coworking, que unem profissionais de várias áreas em espaços comuns de trabalho, o co-living é uma aposta do mercado imobiliário para a integração de diferentes perfis de clientes.

De acordo com Ricardo Pajero, gerente comercial da MAC - construtora que lançou há cerca de seis meses no bairro São Judas, zona sul de São Paulo, 369 unidades em uma estrutura de compartilhamento -, a ideia é criar uma comunidade heterogênea de moradores.

"Para isso, é preciso haver uma diversidade de metragem dos apartamentos, com opções de vagas (de garagem), ou sem, por exemplo. Isso traz públicos diferentes. E, assim, há troca de experiências, que é o grande barato do negócio", explica.

Para a construção de um empreendimento co-living, portanto, Pajero alerta para diferenças arquitetônicas em relação a outras estruturas. Ele lembra que as construtoras já colocam áreas comuns, como lavanderia e academia, nos edifícios, mas, às vezes, em localizações não estratégicas. "Para ser um co-living, é preciso estimular a convivência. Não adianta ter uma área compartilhada na cobertura. É necessário que, ao entrar no prédio, o morador passe pela lavanderia, piscina, pelo bar ou salão de festas. Assim, você começa a viver em comunidade".

Segundo afirma Cecília Maia, diretora geral da Incorporadora Gamaro, empresa que há menos de três meses mantém o KASA, co-living instalado no bairro Vila Olímpia, o que define o compartilhamento de moradias é a dicotomia individualidade-colaboração. "Em uma república, compartilha-se quarto, banheiro e outros espaços, mas sem a privacidade que o co-living proporciona", distingue.

A gestora também destaca que este formato é uma tendência que começou em países europeus, como França, Holanda e Inglaterra, e que o mercado brasileiro adaptou o modelo para a necessidade do consumidor. "Temos visto players trabalhando em propostas de aluguel, compra, geridos ou não pelas incorporadoras". Outro ponto sublinhado por Maia é a localização onde o empreendimento é montado. "Sempre em regiões onde há uma grande quantidade de empresas, universidades, e onde haja fácil acesso a opções de mobilidade, como metrô e linhas de ônibus".

A localização, por exemplo, foi o que fez a empresária Andrea Bessi, de 47 anos, a se mudar para um dos apartamentos do KASA - que descobrira por meio de propagandas pelo bairro. Proprietária de um salão de beleza a poucos metros da nova moradia, Andrea ressalta, ainda, a possibilidade de criar vínculos com novas pessoas.

"Eu queria morar em um lugar com mais modernidade, com acesso a um público tanto de jovens como de executivos. Gosto muito da ideia de compartilhamento, e há uma sensação de estar morando bem", afirma. Antes, a empresária morava em um flat no bairro Moema, também na zona centro sul de São Paulo. "Mas havia uma rotatividade muito grande de pessoas, e às vezes elas não tinham nada a ver comigo. Não é o público que se tem no co-living", compara.

Projeção de área de convivência de futuro prédio compartilhado
Projeção de área de convivência de futuro prédio compartilhado
Foto: DIVULGAÇÃO/MAC / Estadão

Andrea também enfatiza a economia que teve. No flat, pagava em torno de R$ 5 mil, com contas inclusas. Na moradia compartilhada, ela economiza entre R$ 500 e R$ 1 mil. "Comparando com o preço na região, sai mais barato. E, pra mim, conforto é prioridade. Além de ter todo um universo no local que pode ser explorado, como conversar na sala de tevê ou pedir uma pizza com uma amiga e ter a opção comê-la no meu apartamento ou no espaço de convivência".

Mudanças socioeconômicas. O compartilhamento de espaços tanto para trabalho quanto para moradia está atrelado a mudanças socioeconômicas. O presidente do Conselho de Arquitetura e Urbanismo de São Paulo (CAU/SP), José Roberto Geraldine Junior, relaciona esses novos formatos de imóveis às recentes adaptações de mobilidade urbana. "As pessoas estão deixando seus veículos, optando por modais como bicicletas compartilhadas, por exemplo. No caso de edifícios, há, inclusive, no exterior, prédios não têm garagem, mas que oferece aos moradores carros elétricos compartilhados".

O arquiteto e urbanista também afirma que as edificações compartilhadas ainda não interferem no desenho arquitetônico da cidade, por serem recentes. No entanto, Geraldine aponta para moradias compartilhadas com foco no público idoso, já realidade em países como Japão, Suécia e Estados Unidos, e que deve chegar com mais força ao Brasil, à medida em que a população envelhece. "Esses imóveis incluem, muitas vezes, serviços de saúde. Mas isso não atende todas as faixas de renda da nossa população".

Estadão
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