Advogado do mensalão antes de ser encontrado morto: "Desculpe os erros, tomei metanol"
O advogado Luiz Fernando Pacheco foi um dos nomes de destaque durante o escândalo do mensalão, quando atuou na defesa do ex-deputado federal José Genoino (PT).
Antes de morrer na madrugada da quarta-feira, 1º de outubro, o advogado criminalista de 51 anos, Luiz Fernando Sá e Souza Pacheco, chegou a brincar em um grupo de mensagens entre amigos. "Desculpe os erros, tomei metanol", escreveu ele.
De acordo com informações da Secretaria da Segurança Pública (SSP), ele passou mal em uma rua de Higienópolis, no estado de São Paulo e apresentou dificuldades para respirar. O Samu realizou o socorro e o levou ao Pronto-Socorro da Santa Casa, mas o advogado não resistiu.
O caso foi registrado como morte súbita pelo 78º Distrito Policial. A Polícia Civil informou que Pacheco estava sem documentos no momento em que foi encontrado. Um boletim de ocorrência de desaparecimento já havia sido registrado no dia 30 de setembro.
A corporação investiga se o óbito teria sido causado pelo metanol.
Com mais de três décadas de carreira, Pacheco construiu uma trajetória marcada por sua defesa nos tribunais e pelo engajamento nas causas ligadas às prerrogativas da advocacia. Ele iniciou sua atuação profissional em 1994 no escritório do ex-ministro da Justiça Márcio Thomaz Bastos, onde se tornou sócio em 2000.
Em 2013, fundou o escritório Luiz Fernando Pacheco Advogados, especializado em direito penal. Ao longo da carreira, tornou-se uma referência na área, com destaque em casos de grande repercussão nacional.
Pacheco foi um dos nomes de destaque durante o escândalo do mensalão, quando atuou na defesa do ex-deputado federal José Genoino (PT). Sua atuação reforçou seu papel de defensor intransigente do direito de defesa e das garantias constitucionais.
Além da carreira individual, Pacheco foi sócio-fundador do Grupo Prerrogativas, coletivo de advogados progressistas que surgiu em 2014 e ganhou notoriedade por se posicionar em debates jurídicos e políticos relevantes em São Paulo e outras capitais.
Intoxicação por metanol
A intoxicação por metanol é uma condição médica extremamente grave e que tem ganhado atenção no Brasil devido ao aumento de casos relacionados a bebidas alcoólicas adulteradas. O metanol é um tipo de álcool industrial que não deve ser consumido por humanos. Quando ingerido, mesmo em pequenas quantidades, pode causar cegueira irreversível e até levar à morte.
O metanol é amplamente utilizado como solvente, combustível e matéria-prima em processos industriais. Seu uso, porém, é restrito a fins não alimentares. O problema surge quando o metanol é adicionado de forma ilegal a bebidas alcoólicas falsificadas para aumentar o volume do produto.
Ao ser ingerido, o metanol é metabolizado pelo fígado e transformado em formaldeído e, posteriormente, em ácido fórmico compostos altamente tóxicos para o corpo humano. Esses metabólitos afetam especialmente o sistema nervoso central e o nervo óptico, podendo causar danos irreversíveis à visão.