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Ato em Berlim marca um ano da morte de Marielle

14 mar 2019 - 17h28
(atualizado às 17h52)
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Manifestantes saem às ruas da capital alemã para pedir respostas sobre mandante da execução da vereadora carioca. Grupo critica apoio de empresas alemãs a Bolsonaro e defende fim da exportação de armas para o Brasil.Apesar do frio, da chuva e de uma greve de motoristas de ônibus que paralisou parte do transporte público berlinense, mais de cem pessoas participaram nesta quinta-feira (14/03) de um protesto em Berlim que marcou o aniversário de um ano do assassinato de Marielle Franco. A vereadora carioca e o motorista que a conduzia, Anderson Gomes, foram executados na noite de 14 de março de 2018, no centro do Rio de Janeiro.

Mais de cem pessoas participaram do protesto em Berlim, segundo a polícia
Mais de cem pessoas participaram do protesto em Berlim, segundo a polícia
Foto: DW / Deutsche Welle

"Estamos aqui para falar que não nos esquecemos da morte de Marielle e para não deixar passar essa data sem reconhecimento. Estamos cobrando também a resposta para a pergunta: quem mandou matar Marielle Franco?", afirmou a ativista brasileira Camila de Abreu, uma das organizadoras do ato.

Nesta semana, às vésperas de o assassinato completar um ano, a polícia do Rio de Janeiro prendeu um policial reformado e um ex-policial militar suspeitos de matar a vereadora. Os investigadores ainda não revelaram, no entanto, quem foi o mandante da execução.

O protesto começou em frente ao prédio que abriga as sedes da Federação das Indústrias da Alemanha (BDI) e da Confederação Alemã das Câmaras de Comércio e Indústria (DIHK). A escolha do local não foi por acaso. A arma que matou Marielle e Anderson era da fabricante alemã Heckler & Koch.

"Queremos o fim da exportação de armas para o Brasil e especialmente para a polícia militar", destacou o jornalista e ativista alemão Christian Russau, que também organizou o evento.

Além de lembrar Marielle, os manifestantes protestaram contra o apoio de empresas alemãs ao presidente Jair Bolsonaro e contra discursos de ódio e políticas do governo brasileiro que colocariam em risco minorias - como indígenas, negros e LGTBs - e movimentos sociais.

"Cinquenta anos depois de a Volkswagen apoiar a ditadura militar no Brasil, parece que a indústria alemã está cometendo os mesmos erros ao apoiar explicitamente o governo Bolsonaro, que possuiu uma política e uma linguagem muito agressivas e antidemocráticas", destacou Russau, que é autor de um livro sobre escândalos envolvendo a atuação de empresas alemãs no Brasil.

Organizado por diversas entidades da sociedade civil, o protesto reuniu não somente brasileiros, mas também alemães e latino-americanos. Representantes do partido alemão A Esquerda marcaram presença no ato.

"A memória da Marielle e tudo o que ela representa, como mulher, negra, da favela, jamais poderá ser esquecida. A semente que foi plantada pelo seu assassinato brutal jamais poderá ser enterrada. Precisamos multiplicar o que ela se propôs a fazer. Por isso, é importante estar aqui debaixo de chuva, falando para todo mundo ouvir", destacou o brasileiro Pedro Oliveira, que mora em Berlim e participou do ato.

Eleita em 2016, Marielle era vereadora do Rio de Janeiro e ativista de direitos humanos. Além de defender causas ligadas aos direitos das mulheres e à inclusão social, ela criticava também a violência policial e das milícias nas favelas.

Para a brasileira Junia Monteiro, protestos como o realizado em Berlim nesta sexta são importantes para evitar o esquecimento e cobrar respostas sobre a motivação e os mandantes da execução de Marielle e Anderson.

Do ponto inicial do ato, o grupo caminhou, sob chuva, cerca de 800 metros até a embaixada do Brasil em Berlim. Durante a marcha, os manifestantes entoaram em diversos momentos: "Marielle presente", "Anderson presente", "Fora Bolsonaro " e "Quem mantou matar Marielle?".

Munidos de cartazes em homenagem à ativista e cobrando uma posição do governo alemão, os manifestantes cantaram ainda, em ritmo de marchinhas de Carnaval: "Doutor, eu não me engano, o Bolsonaro é miliciano", em referência à relação amistosa da família do presidente com grupos criminosos formados por policiais e militares .

"Hoje é um dia importante para mostrar que a morte de Marielle ainda está presente. Precisamos ainda mostrar para o governo alemão que não há como cooperar com um governo fascista", destaca a teuto-brasileira Clara Ramos da Silva Stiefel, que participou do ato.

Alguns manifestantes deixaram flores em homenagem à Marielle diante da embaixada do Brasil. Na última sexta-feira, a vereadora foi lembrada na tradicional passeata do Dia da Mulher em Berlim.

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