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Por que dizer 'sou de outra época' não justifica preconceito?

Fala racista da Nelson Piquet é mais um caso de figura pública 50+ que joga na conta do tempo a continuidade de reprodução de opressões

29 jun 2022 - 14h28
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Piquet usou termo racista em entrevista no fim de 2021 e vídeo viralizou na internet (Fotos: Reprodução/YouTube; Arquivo Pessoal)
Piquet usou termo racista em entrevista no fim de 2021 e vídeo viralizou na internet (Fotos: Reprodução/YouTube; Arquivo Pessoal)
Foto: Lance!

O ex-piloto de Fórmula 1 Nelson Piquet pediu desculpas a Lewis Hamilton após chamá-lo por um termo racista, mas alegou que se tratou de tradução incorreta, dizendo que a palavra é usada coloquialmente no Brasil. A expressão por si só, mesmo usada com certa frequência, é racista. E no contexto usado por Piquet, mais ainda. 

Não raro figuras públicas expressam falas racistas, LGBTfóbicas, machistas e capacitistas e, muitas vezes, as desculpas surgem sem admissão do erro e justificadas como se a situação tivesse sido tirada de contexto. No caso de pessoas mais velhas, em geral, vem a justificativa "sou de outra época", algo que não tem mais espaço nos dias de hoje. 

As mudanças são muitas, os debates avançam, assim como a conquista por direitos. Dessa forma, é possível traçar algumas estratégias para não seguir reproduzindo preconceitos. 

Na dúvida sobre qual termo usar, pesquise

Está na dúvida se pode usar ou não determinado termo? Pesquise. Não existe outro caminho: ferramentas de busca online, matérias jornalísticas, vídeos e livros estão à disposição. Perguntar o significado para quem faz parte do grupo minorizado só aumenta ainda mais o desgaste dessas pessoas que lidam diariamente com as violências.  

Parta do princípio que tudo tem um nome

Evite eufemismos ou figuras de linguagem. Não há nada que precise ser amenizado quando se fala em pautas identitárias. Portanto, ao tentar dourar a pílula, é bem possível que você acabe sendo mais preconceituoso do que seria se usasse o termo correto. Por exemplo, um homem gay é um homem gay e não um "homem delicado" ou "homem diferente". O mesmo vale para questões raciais, uma pessoa negra, é uma pessoa negra e não "morena" ou "escurinha". 

E quando os nomes mudam, está tudo bem

Povos originários do Brasil têm se manifestado cada vez mais sobre a forma como as pessoas se referem a eles. O termo "índio", ainda muito usado, é na verdade um termo generalista que não leva em consideração a multiplicidade das populações indígenas que contam com centena de línguas, costumes, estéticas e processos de socialização. Caso você não saiba qual é a etnia dessa pessoa indígena, cabe usar o termo mais amplo. 

Se errar, peça desculpas e aprenda

Ao ser preconceituoso não se justifique, peça desculpas e busque entender o erro que cometeu e como resolvê-lo. Essa busca por entendimento pode se dar por ferramentas digitais ou físicas e até buscando pessoas próximas que têm conhecimento específico em determinadas áreas. E nunca, em hipótese alguma, peça desculpas "para quem se ofendeu". Quando somos preconceituosos, afetamos todo mundo e não só quem percebeu o preconceito e se ofendeu. 

Fonte: Redação Nós
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