Participação de pessoas com deficiência torna acessibilidade mais segura no metrô de São Paulo
Experiência de passageira da Linha 5-Lilás e orientação de funcionário da ViaMobilidade, ambos usuários de cadeiras de rodas, transformam recurso oferecido para embarque e desembarque; episódio 187 da coluna Vencer Limites no Jornal Eldorado.
A participação de pessoas com deficiência na construção e no aprimoramento da acessibilidade melhora a segurança dos recursos, o que reforça a necessidade do protagonismo da população com deficiência na sociedade para alcançarmos transformações fundamentais. É o resultado na prática do lema "Nada sobre nós, sem nós", mas ainda uma exceção.
Exemplo dessa dinâmica está em uso desde janeiro deste ano nas 17 estações da Linha 5-Lilás do Metrô de São Paulo, operada pela concessionária ViaMobilidade e que atende a zona sul da capital paulista, entre Capão Redondo e Chácara Klabin.
É um equipamento simples, uma rampa dobrável colocada sobre o vão de oito a nove centímetros entre a plataforma e o primeiro vagão - mais próximo do condutor da composição -, posicionada para entrada ou saída de pessoas em cadeiras de rodas.
Quem usa a Linha 5-Lilás já deve ter visto o procedimento muitas vezes. Quando a pessoa em cadeira de rodas chega na estação, um funcionário informa pelo rádio e também pode acompanhar o passageiro até o local de embarque. A rampa fica guardada na plataforma, é acoplada ao trem e o usuário embarca. Se for um desembarque, a equipe já está avisada e aguarda a pessoa com deficiência na estação indicada.
A transformação do recurso começou no ano passado, há aproximadamente oito meses, quando uma passageira procurou a ouvidoria para expressar suas preocupações com a segurança. O nome da usuária não será divulgado por respeito à Lei Geral de Proteção de Dados (LGPD).
A rampa usada na época era feita de aço, rígida, sem articulação, e pesava 20 quilos. Segundo a ViaMobilidade, todas as especificações técnicas da estação, da plataforma e do trem atendem as normas vigentes, mas o movimento de entrada e saída de passageiros provoca um balanço no vagão - tal como um barco atracado no píer, mas que dança sobre as ondulações do mar -, exatamente o que causava medo na usuária ao passar com sua cadeira de rodas motorizada.
O relato chamou a atenção da concessionária, que deu início a um trabalho para modificar a rampa e construiu um recurso mais leve, mais forte e, principalmente, mais seguro, capaz de amenizar o balanço que gerava temor na passageira.
O equipamento é feito em fibra de vidro, pesa 7,2 quilos, tem pouco mais de meio centímetro de espessura (55mm), cerca de um metro de largura e de comprimento, e suporta até 150 quilos de carga. São duas placas de tamanhos diferentes, unidas por uma articulação que estabiliza a oscilação do vagão, com um dente que é afixado na canaleta por onde corre a porta, criando uma trava que fortalece ainda mais a segurança.
Antes da aprovação final, a rampa foi submetida à avaliação de um funcionário da ViaMobilidade, também usuário de cadeira de rodas motorizada, uma etapa indispensável e que trouxe mais um item essencial. Por orientação do funcionário com deficiência, a equipe incluiu fitas antiderrapantes em todo o recurso, algo óbvio para quem tem uma vida de experiência com as barreiras e inseguranças do dia a dia, mas que ainda passa desapercebido por gente sem vivência com a deficiência.
A ViaMobilidade afirma que 34 rampas estão disponíveis atualmente, duas para cada uma das 17 estações da Linha 5-Lilás, que recebe aproximadamente 3 mil pessoas com deficiência por mês e tem características físicas específicas, como as plataformas em curva, o que modifica o tamanho do espaço entre o trem e o chão. É considerada estratégica pela proximidade de instituições como AACD, Instituto Jô Clemente (IJC), Fundação Dorina Nowill para Cegos, Hospital São Paulo e Hospital do Servidor Público Estadual. O custo total da fabricação e implementação das novas rampas é R$ 130 mil, afirma a concessionária.
Centro de Informação à Pessoa com Deficiência - Inaugurado no último dia 2/4, funciona na entrada da estação Santa Cruz da Linha 5-Lilás, o Centro de Informação à Pessoa com Deficiência, na entrada.
É o primeiro do sistema metroferroviário antes das catracas. Iniciativa do governo de SP, por meio da Secretaria de Estado dos Direitos da Pessoa com Deficiência (SEDPcD), em parceria com a ViaMobilidade, gerenciado pela ITS Brasil, fica aberto de segunda-feira a sexta-feira, das 8h às 18h, exceto feriados.
O local tem um espaço sensorial para pessoas autistas e neurodivergentes, com isolamento acústico, controle de iluminação e poltronas individuais com revestimentos laterais, para acolher usuários em crise e reduzir estímulos externos até que o indivíduo alcance autorregulação.
Há ainda oferta de manutenção e pequenos reparos em cadeiras de rodas e bengalas, além de direcionamento para a rede de serviços da SEDPcD.
Outros dois centros atendem na Linha 3-Vermelha, nas estações Tatuapé, onde há também uma sala sensorial, e Palmeiras-Barra Funda, ambas integradas à Companhia Paulista de Trens Metropolitanos (CPTM).
Existe também uma sala sensorial na estação Pinheiros da Linha 9-Esmeralda, no mezanino superior, próximo à Sala de Supervisão Operacional (SSO), vigiada por um agente de segurança. O ambiente tem isolamento acústico para redução de barulhos externos, tatames em EVA no chão e paredes, envelopada em tons mais claros e amenos, brinquedos como balanço em formato de trem, máquina de abraço, equipamentos adaptados, pufes e sofás.
A central de atendimento da ViaMobilidade atende pelo telefone, no 0800 770 7106, no WhatsApp (11) 91277-6323 e também em uma página online.
-sobsxcwl6kwz.jpg)
-qdvidd5jpirb.png)
-qhhs8of43vw5.jpg)
-vf96g4p7onqt.JPG)
