Jesuíta Barbosa diz viver "fase hétero": existe isso?
Ator que estreia hoje em "Pantanal" como o Jove da segunda fase da história levanta debate sobre sexualidade fluida
Em 2019, Jesuíta Barbosa afirmou em entrevista para Pedro Bial que era "bem viado". No ano passado, em depoimento à revista "GQ", o ator pernambucano explicou que não gosta de rotular seu desejo sexual e que está numa "fase muito hétero". Há rumores, inclusive, de que o Jove de segunda fase de "Pantanal" estaria vivendo um romance com Alanis Guillen, a Juma da trama, bissexual assumida. As declarações de Jesuíta levam à dúvida: as pessoas podem vivenciar fases hétero, bi ou homossexual?
Para Marcos Santos, psicólogo da plataforma Sexo sem Dúvida, para quem insiste em pensar de forma binária talvez ainda seja estranho olhar para o mundo e reconhecer que, ao longo da vida, na maioria das sociedades existe um reconhecimento e até aceitação da possibilidade de sentirmos atração por pessoas de mais de uma etnia, raça, cor, sexo, forma do corpo e por aí vai.
"Isso não envolve experiências isoladas ou um determinismo biológico. Ao contrário, significa que houve um processo de autoconhecimento e autoaceitação que implica entender que é possível sentir atração, afeto e desejo por qualquer pessoa", diz.
A orientação sexual, de acordo com o sexólogo Mahmoud Baydoun, não é um compartimento estanque, ou seja, vedado, que quando a pessoa se identifica não consegue mais mudar. "A sexualidade é plástica e fluida. Ninguém tem controle sobre o próprio desejo, de um dia para o outro a gente pode desejar outras coisas. Isso acontece de forma natural", comenta.
Uma orientação sexual pode se sobressair, se destacar e até predominar em certos períodos da vida e a tendência é que cada vez mais os rótulos em relação à sexualidade deixem de ser necessários. A autoidentificação, a exemplo das falas de Jesuíta, é uma mudança já adotada por muita gente e que permite mudanças. "Sou a favor de parar de categorizar a sexualidade das pessoas. Ninguém precisa se encaixar no mundo gay, hetero ou bi, porque no final, cada um tem seus próprios desejos. As categorias têm um papel social e político muito importante, pela questão da visibilidade, mas, se olhar no fundo, cada um deseja de uma forma única e singular", salienta Baydoun.