PL quer câmeras em Uber e 99, mas corridas podem encarecer
Projeto de Lei que começa a ser analisado nesta semana pelo Senado propõe instalação obrigatória de câmeras em transporte por aplicativos
Imagine que um app no celular do motorista possa filmar a corrida contratada pelo aplicativo, seja Uber, 99 ou qualquer outro, para proteção de quem dirige e do passageiro? Essa é a ideia da GigU para o novo PL
A Comissão de Assuntos Econômicos (CAE) do Senado começou a analisar nesta terça (11) um Projeto de Lei que propõe a instalação obrigatória de câmeras de monitoramento em tempo real nos veículos de transporte por aplicativo.
Defendida como forma de reforçar a segurança de motoristas e passageiros, a medida determina que empresas como a Uber e a 99 forneçam os equipamentos sem custos para os motoristas.
Vale dizer que a Uber já testa um sistema próprio de câmeras, e expandiu em abril do ano passado sua cobertura para todos os motoristas parceiros que tiverem interesse em receber o conteúdo. No site oficial do aplicativo existe uma explicação sobre como o processo funciona.
Na prática, nem a Uber tem acesso às imagens sem que o motorista ou o passageiro tenha reportado algo no aplicativo. É um recurso que, na visão da empresa, representa um avanço em termos de segurança, seja para motoristas parceiros ou usuários. A gravação, nesse caso, é feita pelos próprios celulares dos envolvidos.
Existem também, ainda, motoristas de apps que têm suas próprias câmeras com gravação initerrupta para sua segurança. É normalmente desses casos que surgem as situações constrangeradoras que nos acostumamos a ver.
Outro ponto importante é que a solução proposta no PL deverá encarecer as corridas e reduzir os ganhos dos motoristas. Embora o texto preveja que as empresas forneçam, sem custos diretos, os equipamentos de monitoramento, a expectativa é de que essas despesas sejam repassadas de alguma forma, seja por aumento de tarifas ou redução das margens de lucro dos motoristas.
E agora, o que fazer?
Existem empresas que poderiam assumir esse serviço. Uma delas é a GigU, antes conhecida como StopClub, que sugere uma alternativa gratuita, utilizando o próprio celular do motorista, sem custos extras.
"Vai gerar um custo desnecessário. Nós já disponibilizamos essa solução sem gasto adicional, afinal, os
motoristas já utilizam o celular para trabalhar", explica Pedro Inada, co-fundador da fintech social focada em apoiar motoristas de aplicativo por meio de ferramentas colaborativas.
De fato, casos recentes reforçam a necessidade de um esquema de monitoramento eficiente. No ano
passado, em Belém (PA), um passageiro simulou ter sido agredido por um motorista, mas as imagens registradas pela câmera do carro desmascararam a falsa acusação.
O episódio ilustra a importância de mecanismos de segurança acessíveis e eficientes que protejam igualmente motoristas e usuários.
Diante desse debate, o Senado precisa considerar alternativas que garantam a proteção sem impor custos elevados. Na opinião da equipe de reportagem do Terra Mobilidade, a segurança no transporte por app deve ser fortalecida com soluções acessíveis e transparentes, sem prejudicar motoristas ou encarecer as viagens aos passageiros.
