Gasolina E30 é avanço na descarbonização dos transportes
Medida anunciada pelo Governo nesta semana reduzirá as emissões de CO² e diminuirá a dependência nacional por combustíveis fósseis
Mistura de etanol na gasolina sobe para 30% em agosto. Medida visa reduzir CO², cortar importações e fortalecer o uso de biocombustíveis na matriz energética brasileira
A partir de 1º de agosto, a gasolina vendida nos postos brasileiros passará a conter 30% de etanol anidro na composição.
A medida, aprovada pelo Conselho Nacional de Política Energética (CNPE), representa um marco na política energética do país e reforça o uso de biocombustíveis como ferramenta estratégica na redução da dependência de combustíveis fósseis.
Segundo a União da Indústria de Cana-de-Açúcar e Bioenergia (Unica), o aumento da mistura - atualmente fixada em 27% - fortalece a soberania energética nacional e consolida o protagonismo brasileiro no uso de combustíveis renováveis.
A entidade avalia a decisão como resultado de um processo técnico e institucional robusto, apoiado por testes realizados pelo Instituto Mauá de Tecnologia (IMT) com acompanhamento de representantes da indústria automotiva.
De acordo com os resultados apresentados, a aplicação do E30 é tecnicamente viável e não tem impactos negativos ao desempenho de veículos leves e motocicletas. A medida, portanto, teve respaldo científico para ser implementada em larga escala.
Durante a cerimônia de anúncio, o presidente Luiz Inácio Lula da Silva disse que a nova política serve de modelo internacional. Segundo ele, o país reúne condições únicas para liderar a agenda climática global, especialmente na preparação para a Conferência das Nações Unidas sobre Mudanças Climáticas (COP30), marcada para este ano em Belém (PA).
Na avaliação do Ministério de Minas e Energia (MME), responsável pela proposta aprovada pelo CNPE, a adoção do E30 foi construída com ampla participação de setores técnicos, industriais e políticos.
O ministro Alexandre Silveira ressaltou que a decisão é amparada por dados científicos e posiciona o Brasil como "referência mundial" em transição energética sustentável.
Meio-ambiente agradece
Ainda segundo o MME, a nova proporção de etanol na gasolina permitirá uma redução estimada de cerca de 3 milhões de toneladas anuais de emissões de CO² de origem fóssil. A expectativa é de que a demanda interna pelo biocombustível cresça em aproximadamente 1,5 bilhão de litros por ano.
O setor sucroenergético diz estar preparado para atender ao novo patamar de consumo. Com capacidade instalada disponível e novas unidades em expansão, o segmento prevê ganhos na geração de empregos e na dinamização da economia de baixo carbono, sobretudo em regiões produtoras de cana-de-açúcar.
O deputado federal Arnaldo Jardim (Cidadania-SP), relator do projeto de lei do "Combustível do Futuro" na Câmara dos Deputados, também destacou a base técnica e política da decisão. Segundo ele, a gasolina E30 representa uma convergência entre ciência, economia e estratégia nacional de crescimento.