Renault Kwid Outsider é opção para sair da mesmice dos carros de entrada
Versão topo de linha do Kwid traz visual aventureiro e ganha de volta apelo com redução de preços por IPI verde
Tem gente que nem considera o Renault Kwid um carro de verdade, outros o relegam a uma categoria inferior de automóvel. Fato é que o subcompacto virou figurinha comum nos pátios de locadoras e de prestadoras de serviço nos quatro cantos do País. Mas nem todos os Kwid são brancos e com calotas simples como na versão básica, e a topo de linha Outsider é a que mais tenta se diferenciar no mar de Kwids iguais. Com faixas laterais e rack de teto com apliques laranja, ela é para quem realmente quer um Kwid, mas um tanto diferente dos demais.
O Kwid Outsider das fotos é o mais caro possível, com a pintura metálica por R$ 1.700 extras, e as rodas de liga leve de 14?, por mais R$ 1.800. Esse pacote custava, até alguns dias atrás, R$ 90.790. Isso mesmo, R$ 90 mil. Mas, por um golpe do destino, o Kwid foi o único Renault a se encaixar no programa Carro Sustentável, apresentado nesta quinta-feira pelo Governo Federal, que isentou o modelo de IPI e imediatamente baixou em R$ 2.300 a tabela inicial do modelo, que era de R$ 87.490. Junto à redução do IPI, a Renault dá mais um bônus de R$ 9.500 para a versão, reduzindo seu preço inicial para bem mais razoáveis R$ 75.790.
Portanto, custando praticamente o mesmo do que em novembro de 2023, o Kwid Outsider agora se distanciou mais de quem provavelmente era seu maior concorrente: sua própria versão elétrica, o Kwid e-Tech, que a Renault oferece por R$ 99.990. Sem contar um possível salto para um modelo maior, como um Fiat Argo, que custava R$ 94.990 (e também teve o preço reduzido, para R$ 86.990). O Fiat Mobi Trekking custa quase o mesmo, R$ 75.521 após o desconto do IPI e da própria Fiat.
A redução ainda está longe de deixar o Kwid com preços populares, e menos ainda a versão Outsider. Esta é para quem não precisa de um Kwid, mas para quem realmente deseja ter um. E se a ideia é ter um carro compacto, econômico e prático para o dia a dia, o pequenino vai atender à demanda.
Sem mudanças mecânicas em relação às versões mais simples, o apelo do Kwid Outsider é puramente estético. E ele consegue se diferenciar dos demais com um para-choque dianteiro exclusivo, com direito a um "quase" skidplate na frente, e barras no teto que, no entanto, não servem para carregar nada, já que trazem um aviso grande para não apoiar peso. Também não espere maior desenvoltura desta versão em específico em estradas ruins, o Kwid é bom de buraco e vai encarar sem medo uma via de chão batido, mas isso é comum à toda a linha.
Com 3,68 metros de comprimento, o Kwid também fica bastante à vontade no trânsito urbano, sensação amplificada pelo miúdo 1,57 metro de largura; ele é 9 cm mais estreito que um Mobi. Por isso é fácil encaixá-lo em praticamente qualquer vaga de shopping, e até nas garagens mais apertadas, comuns nos novos empreendimentos imobiliários. Ajuda também o fato de a versão Outsider vir com câmera de ré de série. Podia ter sensores de obstáculos também, mas a câmera já ajuda.
Rodando, o Kwid não esconde suas raízes humildes. É possível sentir nos pedais a vibração do motor três cilindros, ouvir o compressor do ar-condicionado entrar em ação, bem como a água da pista bater nas caixas de roda. O isolamento acústico até melhorou em relação aos primeiros Kwid de oito anos atrás, mas a experiência ao volante ainda é um bocado "raiz". O que é bom para quem o tem como primeiro carro, ou procura um modelo sem muita "firula".
O 1.0 de 71 cv é suficiente para levar os magros 725 kg do hatch. Mas não espere um desempenho empolgante dele, o Kwid consegue manter velocidade de cruzeiro na casa dos 110 km/h e surpreende, inclusive, pelos bons modos em rodovia, mas o habitat natural dele é mesmo o trânsito urbano, e sem expectativas arrojadas.
E rodando tranquilo, ele devolve com um consumo digno de carro híbrido. Sem fazer muito esforço, foi possível até superar os 15,3 km/l com gasolina de média urbana apontados pelo Inmetro, batendo até mesmo os 16 km/l em alguns momentos, e isso mesmo usando o ar-condicionado em cerca de 50% do tempo no trânsito da capital paulista. Nesse quesito, o Kwid é um dos campeões de economia e vai fazer valer a escolha pelo modelo, que é mais econômico que o rival Fiat Mobi e que modelos maiores.
Por dentro, o Kwid Outsider traz amenidades como vidros, travas e retrovisores elétricos, tampa do porta-malas com abertura pelo controle remoto e até regulagem interna de altura dos faróis e seta para mudança de faixas, que pisca três vezes com apenas um toque na alavanca. São detalhes, mas que mostram um certo cuidado a mais com o usuário, que não existia em versões anteriores do Kwid.
Alguns pontos, porém, podem melhorar. A central multimídia, por exemplo, tem o essencial e é bem simples de usar, e tem Android Auto e CarPlay para espelhamento de celulares. O problema é que a conexão é apenas por cabo, e pela entrada USB-A, o que demanda um cabo mais antigo, já em desuso por vários celulares mais modernos. Pra confundir mais, há até uma entrada USB-C, mas apenas para recarga, que não faz a conexão de dados para a central.
O Kwid melhorou bastante nos últimos anos, e a versão Outsider reúne o pacote mais completo, tirando o jeitão de carro de frota das versões de entrada. Até há algumas semanas, o preço cheio de quase R$ 90 mil realmente poderia fazer pensar duas vezes entre ele ou um modelo maior, por uma diferença às vezes menor que R$ 10 mil. Agora, no entanto, a redução do IPI trouxe o preço do Kwid novamente para patamares bem mais razoáveis e mudaram o cenário para os modelos de entrada, que podem ganhar de volta seu apelo comercial. E aí, para quem tiver um trocado extra, vale a pena levar um Kwid um pouco mais completo.
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