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Presidente da GM diz que Brasil pode ser exportador de veículos elétricos

Santiago Chamorro, presidente da General Motors América do Sul, disse que a produção do Chevrolet Spark EUV no Brasil é só o começo do sonho

9 set 2025 - 15h09
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Em entrevista concedida a jornalistas da mídia automotiva e influenciadores digitais dentro de um barco no Lago Paranoá, em Brasília, Santiago Chamorro, presidente da GM América do Sul, revelou que a produção do Chevrolet Spark EUV começará ainda em 2025. O executivo explicou como será o processo de montagem, falou sobre a estratégia de nacionalização de componentes e destacou a importância do Brasil no plano global da General Motors para veículos elétricos.

Santiago Chamorro, presidente da GM: Chevrolet Sparrk EUV é só o primeiro
Santiago Chamorro, presidente da GM: Chevrolet Sparrk EUV é só o primeiro
Foto: GM / Fabio Gonzales / Guia do Carro

“Brasil pode ser um hub exportador de veículos elétricos”

“O Brasil tem escala, tem logística, tem porto, tem proximidade com mercados importantes. Se a indústria se organizar, podemos ser um hub exportador de veículos elétricos na região”, disse Chamorro. Veja abaixo a entrevista completa.

PERGUNTA – Como vai ser a produção do Chevrolet Spark EUV no Ceará?

CHAMORRO – A montagem dos veículos a gente faz com a Comexport. Temos um contrato de montagem e compramos a unidade já terminada por eles no Ceará.

PERGUNTA – Quando começa a montagem?

CHAMORRO – A gente tem que finalizar o ano, começa este ano ainda.

PERGUNTA – Quantas unidades devem ser feitas lá?

GM projeta vender de 6.000 a 8.000 unidades do Spark em 2025

CHAMORRO – A gente deu um volume de vendas, você viu de 100 unidades por semana. [Nota do Editor: 5.200 por ano, mas a GM projeta de 6.000 a 8.000 unidaders/ano] É o que vai dar a capacidade da fábrica, ainda com possibilidade de colocarmos mais volume aí.

PERGUNTA – Tem alguma chance de homologar esse carro para cinco pessoas?

CHAMORRO – Temos o perfil do nosso público, famílias com até dois veículos, nesse momento o produto vai atender muito bem a necessidade que a gente tem, mas sempre atentos às oportunidades.

PERGUNTA – Montagem SKD ou CKD?

CHAMORRO – Assemelha a um SKD, então será uma montagem de componentes que faremos através da Comexport na fábrica do Ceará, mas com o compromisso de ir de forma rápida e ágil avançando no caminho da localização de componentes.

PERGUNTA – Só para confirmar, vai ser na fábrica que era da Troller?

CHAMORRO – Na fábrica que era da Troller.

PERGUNTA – Qual é o estado atual da planta, em que fase está?

CHAMORRO – Para a primeira fase de produção, a gente já fez a recuperação estrutural inteira, já estamos no processo de instalação de equipamentos, e vamos entrar em produção para o ano que vem.

PERGUNTA – O senhor foi muito criticado nos últimos dois anos, muita gente duvidou que isso podia acontecer, e muita gente até falou que a GM ia fechar porque tinha feito uma aposta em EVs, e agora vocês estão falando que vão fabricar carros elétricos no Brasil. O que esperar daqui para frente, considerando que este é um movimento muito importante.

CHAMORRO – Para mim é um sonho, vejo aqui o começo de uma realidade muito bonita que o Brasil merece. A gente sai por aí em outros mercados, falando com outras economias, com outros governos [da América do Sul], e até o conselho que nós damos para eles é de seguirmos no livre câmbio, no mercado aberto, e para a produção desses países faz sentido. A gente fez essas mesmas iniciativas, essa mesma estratégia, na Colômbia e no Equador no ano passado.

Brasil tem minérios para fabricar baterias de EVs no futuro

PERGUNTA – Por que a produção do Chevrolet Spark elétrico no Brasil?

CHAMORRO – Porque o Brasil tem um mercado gigante, uma capacidade de engenharia gigante, de produção já instalada aqui, um mercado gigante em torno da gente. Com a presença de minérios para fabricar essas baterias no futuro, não faz sentido, na nossa opinião, pensar em outra coisa que não seja uma reindustrialização.

PERGUNTA – Quem mais está com a GM nessa visão?

CHAMORRO – Talvez tenha uma novidade aí, junto com a Anfavea, junto com o Sindipeças, pois os produtores de aço têm se mostrado também bastante amigos da iniciativa. Estamos fazendo um estudo de reindustrialização no Brasil. Queremos apresentar para o governo até para poder mudar uma situação que ocorre hoje.

PERGUNTA – Que situação?

CHAMORRO – O Brasil tem um dos minérios de ferro mais produtivos, um dos melhores do mundo inteiro: 65% do minério de ferro importado pela China vem do Brasil. E é lá na China que se transforma magicamente em aço, representando mais ou menos 30% do aço de produção da China. E é lá que se gera indústria, geração tecnológica e demais, e é lá onde depois de uma carga pesadíssima de incentivos tributários, vem para cá convertido em bem, convertido em produto, convertido em componente, e nós perdemos a possibilidade de gerar essa indústria aqui.

PERGUNTA – Mas o mercado brasileiro para carros elétricos é pequeno.

CHAMORRO – A gente pensa que equalizando um pouquinho as cargas, a gente pode apostar em um mercado maior, em exportações maiores, sem que o Brasil perca a arrecadação e ao mesmo tempo fortaleça o nosso aparelho industrial. O sonho começa hoje.

Produção do Spark EUV no Brasil abre espaço para exportação

PERGUNTA – O foco da produção que começa ainda esse ano também é a exportação?

CHAMORRO – Em princípio é o mercado doméstico, mas é evidente que isso aqui abre oportunidades de exportação e isso já está no radar da companhia.

PERGUNTA – Qual é o próximo passo depois desse anúncio?

CHAMORRO – O próximo passo é consolidar o processo industrial, consolidar a linha de montagem, consolidar a cadeia de fornecedores locais. E logo depois disso começar a pensar em outros produtos.

PERGUNTA – Isso inclui outros carros elétricos da GM aqui no Brasil?

CHAMORRO – Sim, claro. A gente tem uma estratégia global que prevê uma família inteira de veículos elétricos. Hoje falamos desse modelo inicial, mas a plataforma Ultium permite uma flexibilidade enorme para trazer diferentes tipos de veículos.

PERGUNTA – Qual é o investimento previsto para essa fase?

CHAMORRO – Não estamos divulgando valores exatos neste momento, mas posso dizer que é um investimento relevante, suficiente para garantir escala, competitividade e qualidade.

PERGUNTA – A Chevrolet vai ter uma linha dedicada só para elétricos ou será integrada com a produção atual?

CHAMORRO – Inicialmente vai ser uma linha dedicada, porque o processo de manufatura de elétricos tem particularidades. Mas a planta tem flexibilidade e pode absorver, no futuro, diferentes tecnologias.

Santiago Chamorro deu a entrevista a bordo de um barco no Lago Paranoá
Santiago Chamorro deu a entrevista a bordo de um barco no Lago Paranoá
Foto: GM / Fabio Gonzales / Guia do Carro

PERGUNTA – Qual é a expectativa de volume nos próximos anos?

CHAMORRO – Estamos começando pequeno, com capacidade para algumas centenas de unidades por semana. Isso é o que a fábrica permite hoje. Mas temos planos de expandir. O potencial é muito maior.

PERGUNTA – E quanto à exportação? Quais mercados estão sendo avaliados?

CHAMORRO – Mercados vizinhos na América do Sul, com foco inicial em países que já têm uma infraestrutura mínima para veículos elétricos. Mas a prioridade, repito, é atender bem o consumidor brasileiro.

PERGUNTA – Como o senhor responde às críticas de que a GM demorou demais para trazer elétricos ao Brasil?

CHAMORRO – A gente prefere fazer no tempo certo, de maneira sólida. Não se trata de ser o primeiro, mas de fazer bem feito. E também tem uma questão de mercado – o consumidor brasileiro está começando a aceitar os elétricos agora.

PERGUNTA – O senhor acredita que o incentivo governamental atual é suficiente?

CHAMORRO – O que vemos é um esforço grande do governo em criar condições para que a indústria floresça. Sempre pode melhorar. Mas o mais importante é a previsibilidade. Precisamos de regras claras e estáveis para planejar a longo prazo.

PERGUNTA – Existe risco de o projeto não avançar?

CHAMORRO – Todo projeto tem risco. Mas estamos confiantes porque temos tecnologia, temos escala global e temos um mercado brasileiro gigantesco. É a combinação perfeita para dar certo.

PERGUNTA – Como está o diálogo com sindicatos e trabalhadores?

CHAMORRO – Muito positivo. Esse projeto gera empregos, movimenta fornecedores, dá perspectiva para os trabalhadores. É um motivo de orgulho para todos os envolvidos.

“Brasil tem desafios, mas também tem enormes vantagens”

PERGUNTA – E a infraestrutura de recarga? Não é um gargalo?

CHAMORRO – Sim, ainda é. Mas está avançando rápido. Já vemos redes privadas investindo, e a GM está aberta a parcerias. O consumidor precisa de confiança para comprar um elétrico, e isso só acontece com uma rede de recarga ampla.

PERGUNTA – O Brasil está preparado para essa transição para elétricos?

CHAMORRO – O Brasil tem desafios, mas também tem enormes vantagens. Temos um mercado interno grande, capacidade de engenharia instalada, e recursos naturais estratégicos como o lítio e o ferro. Se soubermos aproveitar, podemos ser protagonistas nessa transição.

PERGUNTA – A GM vai depender de importações de componentes ou vai nacionalizar?

CHAMORRO – No começo sempre há uma dependência de importação, isso é inevitável. Mas nosso compromisso é de aumentar gradativamente o conteúdo local. Já estamos conversando com fornecedores de aço, de peças, de baterias. Queremos desenvolver essa cadeia no Brasil.

PERGUNTA – Quais são os próximos marcos que o senhor pode adiantar?

CHAMORRO – O primeiro marco é iniciar a montagem ainda este ano. Depois, consolidar a produção e avaliar novos modelos. E também preparar a planta para volumes maiores.

“Que confiem. Que saibam que a GM não veio aqui para brincar”

PERGUNTA – O senhor enxerga o Brasil como exportador de carros elétricos no médio prazo?

CHAMORRO – Sim, é totalmente possível. O Brasil tem escala, tem logística, tem porto, tem proximidade com mercados importantes. Se a indústria se organizar, podemos ser um hub exportador de veículos elétricos na região.

PERGUNTA – O senhor falou em sonho. O que representa pessoalmente para o senhor esse anúncio?

CHAMORRO – Representa um orgulho enorme. Eu sou colombiano, mas me sinto brasileiro de coração. Trabalhei muitos anos aqui, conheço a capacidade da nossa gente. Ver o Brasil finalmente produzindo carros elétricos não é só um marco industrial, é uma vitória de todos que acreditaram.

PERGUNTA – Que mensagem o senhor deixa para o consumidor brasileiro?

CHAMORRO – Que confiem. Que saibam que a GM não veio aqui para brincar. Estamos trazendo tecnologia de ponta, veículos competitivos e a visão de futuro. Queremos que o brasileiro tenha acesso ao que há de mais moderno no mundo automotivo, produzido aqui, por brasileiros.

Guia do Carro
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