O futuro sombrio do Volkswagen Polo, um carro com prazo para sair de linha
Entenda como a Volkswagen do Brasil pode lidar com o fim do Polo na Europa: o futuro será só do Tera e do Polo Track? Ou haverá surpresa?
A morte é a essência do capitalismo: um produto morre para entrar outro em seu lugar. Assim a indústria segue motivando os consumidores a estarem sempre comprando, pois cria desejos sobre os novos produtos. Na indústria automotiva isso é muito fácil de perceber. E agora quem está “na hora da morte” é o Volkswagen Polo, que tem prazo para sair de linha.
O fim da produção do Polo como conhecemos hoje ocorrerá na Europa em 2026 ou 2027. Em seu lugar entrará o Volkswagen ID.2all, nome do projeto apresentado em 2023 em Hamburgo, Alemanha. Na ocasião o CEO da Volkswagen América do Sul, Alexander Seitz, comentou: “Este será nosso primeiro carro elétrico no Brasil”.
Bem, mas isso foi antes de o governo facilitar as condições para carros híbridos flex e ele poderia estar falando em importação em larga escala. Ou pensando alto. Mas sabemos que o ID.2all elétrico era considerado para produção no Brasil.
Na mesma ocasião, o CEO global da Volkswagen, Thomas Scäffer, deixou aberta a possibilidade de um Polo 2028 elétrico. Seria um novo projeto? Não. Seria o próprio ID.2all. Um ano depois, a Volkswagen divulgou uma imagem do projeto ID.2all SUV, que poderia ser o Novo T-Cross. Surgiram rumores também sobre a produção deste carro no Brasil.
Onde está o futuro sombrio do Polo? Está na teoria de vários jornalistas automotivos, segundo a qual o Polo deixaria de ser fabricado para abrir mais espaço para o crossover urbano Tera. Essa informação não é confirmada. Se for, o Polo realmente não terá muito futuro no Brasil, restando apenas o Polo Track, que é mais barato de produzir.
Segundo o consultor automotivo Marcelo Cavalcante, em 2024 e 2025 (ambos até maio) o mix de vendas do Volkswagen Polo teve a seguinte composição:
| ANO | NOVO POLO | POLO TRACK | TOTAL |
| 2024 | 18.670 | 29.511 | 48.181 |
| 2025 | 15.985 | 29.739 | 45.724 |
| Variação | -14,38% | +0,77% | -5,10% |
Como se vê, a participação do Novo Polo nas vendas é muito grande – e isso é mais um mito que cai. Mas, se é assim, como a Volkswagen pode afirmar com tanta certeza que o Tera será o seu novo carro-chefe no Brasil? Uma possibilidade é, de fato, tirar um carro da frente. Matar um produto para que outro ocupe seu lugar.
Caso isso se confirme, o Volkswagen Polo, que há dois anos busca o título de campeão nacional de vendas, não terá muito tempo para conseguir ser o carro número 1 do Brasil. Este ano, novamente, está atrás do Fiat Strada na disputa pela glória que só o Volkswagen Gol conquistou durante 27 anos consecutivos (1987-2013).
Talvez a Volkswagen do Brasil tenha chegado à conclusão que os hatches “já deram o que tinham que dar”, ou seja, que a dupla Polo Track/Novo Polo já chegou perto de seu limite de crescimento. Mas, se um hatch não é capaz de vender mais do que uma picape compacta, quem sabe um crossover urbano? Melhor ainda se ele for vendido como SUV, que é a palavra mágica desses tempos.
É aí que entra o crescimento do Tera e a morte do Polo, num futuro próximo. A menos que a Volkswagen decida surpreender todo mundo e leve adiante o plano que tinha em 2023, ou seja, de produzir o ID2.all no Brasil a partir de 2028. Do ponto de vista atual, isso parece pouco provável. Sendo assim, o Polo segue rumo ao seu futuro sombrio, o de desaparecer, embora seja um ótimo carro.