Hyundai Kona, um híbrido tecnológico e econômico, capaz de incomodar o Corolla Cross | Avaliação
Rodamos com a nova geração do Kona, o SUV da Hyundai que combate o Toyota em preço, consumo, desempenho e tecnologia
O novo Hyundai Kona Hybrid é um dos carros mais surpreendentes que o Guia do Carro avaliou este ano. Rodamos alguns dias com o SUV híbrido, não apenas na cidade, mas em duas viagens pelo interior de São Paulo, o que deu uma boa ideia do tanto que ele pode incomodar o Toyota Corolla Cross, líder da categoria C-SUV (médios).
A surpresa foi boa, pois o Kona não é muito fotogênico, mas ao vivo ele é um carro muito bonito. Suas linhas minimalistas podem não se destacar na fotografia, mas presencialmente ele passa uma ideia de modernidade. E o Kona desta nova geração é, de fato, um carro mais moderno do que o Corolla Cross.
Kona Hybrid não é só um híbrido leve
Mas, calma, porque esse texto não é um comparativo. Entretanto, sempre é bom comparar alguns pontos de um carro que está chegando com aquele que já se estabeleceu no mercado. Especialmente porque o Hyundai Konda Hybrid e o Toyota Corolla Cross Hybrid são dos raros modelos que optaram pelo sistema híbrido convencional (mais eficiente do que o híbrido leve, porém não plugável).
Visualmente, o Kona Hybrid se destaca pelas duas grandes linhas de LED – uma branca e fina, na frente; outra vermelha e mais grossa na traseira, fazendo conjunto com as lanternas. O carro tem uma forte identificação e isso já é um ponto para quem busca status na compra de um carro híbrido. As rodas de 18 polegadas, com pneus 215/55 também são bonitas.
Por dentro o Hyundai Kona é um caso à parte. A modernidade da cabine torna a vida a bordo muito agradável. Para o motorista, há um quadro de instrumentos digital excelente, de 12,3 polegadas, integrado ao ADAS e configurável, com visualização do ponto cego nos mostradores redondos da esquerda e da direita, e ótima ergonomia.
Segredinho para ter tanto espaço
Para o passageiro do lado (e também para o condutor) há uma tela multimídia também de 12,3 polegadas, acoplada ao painel digital, com recursos bem atuais, conexão rápida e usabilidade intuitiva. Os porta-objetos são ótimos e muito bem distribuídos pela cabine. Atrás (onde também viajei) o espaço é generoso e há bom conforto.
Há um segredinho. É a tecnologia Shift by Wire, exclusiva na categoria, que apresenta uma alavanca à direita do volante como chave seletora do câmbio automático.
“Esta configuração elimina a necessidade da alavanca de câmbio e proporciona mais espaço no console central, que vem aberto, tornando-se um elemento bastante útil para guardar objetos que precisam ser acessados rapidamente”, explica a Hyundai.
O Kona é 1 cm menor do que o Corolla Cross e mede 4,35 m. Mas tem o entre-eixos 2 cm maior, com 2,66 m. A sensação de espaço é maior no Kona, porém ele tem o porta-malas 33 litros menor, com 407 litros. Não é ruim. E tem estepe também, algo raro nos carros importados. Mas algumas vantagens do Kona mostram que a Hyundai tem ouro nas mãos, se souber explorar.
O consumo é um deles. Fizemos 20 km/l de gasolina na estrada e com bom desempenho, pois ele tem 144 cv de potência (contra 122 cv do Corolla Cross). Pelo PBEV do Inmetro o Hyundai Kona Hybrid faz 16 km/l na estrada (contra 14 km/l do rival). Na cidade, a eficiência do Kona Hybrid é de 18,4 km/l (contra 16,6 km/l do Corolla Cross HEV).
Especialmente na estrada, os 7 cavalos a mais do motor a combustão (105 cv) fazem diferença a favor do Kona. O motor elétrico do Hyundai tem 44 cv contra 72 cv dos dois motores do Toyota.
Porém, o Kona Hybrid não tem sistema flex, portanto não pode usar etanol, enquanto o Corolla Cross é um dos pioneiros do híbrido flex. Por distração, acabei colocando etanol no tanque, o que obrigou ao esvaziamento do reservatório de combustível para revisão do sistema. Felizmente ainda havia uma boa quantidade de gasolina dentro do tanque e o veículo não apresentou falha.
Cada litro no tanque dá 50 km a mais
Para dar uma ideia de como o Kona Hybrid é eficiente, seu alcance urbano é de 700 km com um tanque de apenas 36 litros. Na estrada, roda pouco mais de 600 km. Comparando (de novo): com 34 litros, dois a menos, o Corolla Cross tem alcance de 600 km na cidade e de 500 km na estrada.
Ou seja, para cada litro a mais de gasolina, o Hyundai Kona roda 50 km a mais – na cidade ou na estrada. E na prova de aceleração de 0 a 100 km/h o Hyundai coloca quase 2 segundos de vantagem sobre o rival japonês. Seu motor 1.5 aspirado tem injeção direta e variação de comando no escape – itens ausentes no 1.8 aspirado flex do líder da categoria.
Mas não é só isso. O comportamento dinâmico do Hyundai Kona é superior ao de muitos carros, pois tem suspensão traseira independente. Ele tem muito mais capacidade de absorver as irregularidades do piso em curvas sem desequilibrar o carro, por isso é mais “na mão” quando você quer dirigir mais rápido.
Que tal um Hyundai Kona nacional?
Bem, tudo isso seria divino e maravilhoso se o Kona não servisse também para mostrar que o Hyundai que vem lá de fora é superior a qualquer Hyundai fabricado no Brasil. Isso vale para a maioria das marcas, mas estamos falando de Hyundai. Por isso, fica a expectativa de que a montadora coreana utilize sua recém-anunciada parceria com a GM para desenvolver um carro tão bom aqui no Brasil. Até porque a Chevrolet também precisa.
O novo Hyundai Kona Hybrid começou a ser vendido no Brasil em junho. Ele é oferecido em duas versões: Ultimate por R$ 214.990 e Signature por R$ 234.990.