Golpe do chassi adulterado: saiba como não cair em cilada na hora da compra
Fraudes em chassis de veículos seminovos preocupam mercado automotivo; veja sinais de adulteração e dicas para evitar prejuízos com o carro
No Brasil, a compra de seminovos e usados continua sendo uma das principais portas de entrada para quem quer um carro próprio. Porém, a popularidade desse mercado atrai criminosos especializados em adulterar chassis. O código único gravado na estrutura do veículo funciona como uma impressão digital, identificando origem, histórico e características.
Quando alterado, ele abre caminho para uma série de fraudes, que podem resultar em prejuízo financeiro, perda do carro e até responsabilização criminal para o comprador.
Casos recentes reforçam o alerta
Operações policiais têm mostrado a sofisticação das quadrilhas. Em São Paulo, a Polícia Civil prendeu recentemente dois homens após encontrar um caminhão-cegonha carregado de veículos roubados e furtados com documentação irregular e sinais claros de adulteração no chassi e no motor. Episódios como este reforçam a importância de uma análise detalhada antes da compra de qualquer veículo usado.
Golpes cada vez mais sofisticados
Segundo Sergio Sousa, diretor de tecnologia da Infocar, empresa especializada em inteligência de dados veiculares, os criminosos estão tornando essas fraudes quase imperceptíveis:
"As fraudes no chassi dificultam até mesmo a identificação por olhos experientes. Quando o problema é descoberto, o prejuízo pode ser alto: desde a perda do veículo até a responsabilização legal, sem contar os danos à reputação de lojistas e concessionárias. Por isso, é essencial adotar medidas preventivas antes da compra", explica o executivo.
Sinais de adulteração para ficar atento
- Entre os sinais mais comuns de fraude estão:
- Números desalinhados ou irregulares no chassi;
- Diferenças na profundidade dos caracteres gravados;
- Raspagens na pintura ao redor da numeração;
- Marcas de solda ou remendos no chassi;
- Rebites fora do padrão ou plaquetas com aparência irregular;
- Numeração do documento que não bate com a gravada no veículo
Como se proteger ao comprar um usado
Para reduzir riscos, Sousa recomenda um passo a passo simples:
- Verificar fisicamente o chassi e comparar com o CRLV;
- Consultar o histórico em bases públicas como Detran e Senatran;
- Usar relatórios privados de empresas especializadas que cruzam dados de múltiplas fontes;
- Solicitar vistoria completa em empresas homologadas, que conseguem identificar detalhes imperceptíveis a olho nu.
Futuro: tecnologia para reforçar a segurança
Especialistas acreditam que novas soluções tecnológicas devem complementar o chassi como forma de identificação. Chips de rastreamento, blockchain para registro de histórico e até biometria veicular estão em desenvolvimento para dificultar golpes.
"O chassi continuará sendo um padrão obrigatório por muitos anos, mas novas tecnologias já surgem como complementares, como chips de rastreamento, blockchain para registro de histórico e até biometria veicular. O futuro aponta para uma identificação híbrida, em que o chassi mantém seu papel tradicional, mas passa a ser reforçado por soluções digitais que ampliam a segurança e dificultam fraudes", conclui Sergio.
Em resumo
Comprar um carro usado exige atenção redobrada. O barato pode sair caro quando se trata de veículos com chassis adulterados, e as consequências vão muito além do prejuízo financeiro. Consultar histórico, fazer vistorias e recorrer a empresas especializadas são passos fundamentais para quem quer negociar com tranquilidade.