Fiat Fastback Abarth ou VW Nivus GTS? Comparamos os SUVs esportivos
Versões com apelo esportivo se enfrentam e revelam diferenças importantes de concepção e construção para conquistar cliente especial
Os tempos realmente mudaram. Hoje, GTS e Abarth, sobrenomes que no passado acompanhavam hatches esportivos, hoje, as opções são o Volkswagen Nivus GTS e o Fiat Fastback Abarth (além do irmão Pulse Abarth), que tentam evocar o espírito esportivo com motorização exclusiva e visual mais empolgante do que as demais versões. O Nivus GTS tem o conhecido motor 1.4 turbo de 150 cv e parte de R$ 182.990, enquanto o Fastback Abarth custa R$ 177.990 e traz motor 1.3 turbo de 185 cv.
A diferença de preço em favor do Fiat reflete como foi apertada a disputa entre os dois modelos. E o Fastback levou a melhor por alguns fatores. A começar pelo acabamento. Embora o painel do Nivus tenha recebido um cuidado a mais na versão GTS, a cabine do Fastback Abarth tem materiais melhores e uma sensação de qualidade geral superior.
Interiores distintos
Há revestimento preto brilhante no console central, um filete vermelho atravessando o painel e uma plaqueta identificando a versão Abarth no canto do passageiro. Os plásticos também são de melhor qualidade, em painel e portas, enquanto a cor preta da cabine também causa melhor impressão de requinte.
No Nivus, a parte central do painel foi revestida de couro sintético com costura aparente e há a sigla GTS gravada em baixo relevo também do lado do passageiro. Mas os plásticos do restante da peça são mais ásperos ao toque. A fileira de botões vazios ao lado do câmbio também é um pênalti na cabine do GTS.
O ponto positivo são os bancos exclusivos da versão, muito confortáveis e que seguram bem o corpo em curvas fechadas. O Fastback Abarth 2026 também ganhou novos bancos, com direito a ajustes elétricos para o motorista.
O desempenho, ponto crucial numa versão esportiva, também foi decisivo. Com 35 cv a mais, o Fastback Abarth acelera de 0 a 100 km/h em 7,6 segundos, enquanto o Nivus GTS cumpre a prova em 8,4 segundos, segundos dados das fabricantes. Mas os números não contam a história completa. Como você lerá mais abaixo, esses dois SUVs têm comportamentos bem diferentes ao volante.
Porta-malas de perua
Quem se lembra das Weekend da Fiat sabe que a marca entende uma coisa ou outra sobre porta-malas grandes. E o Fastback, com seus 600 litros de bagageiro, dá um banho nos 415 litros do Nivus. Não que a mala do Nivus seja pequena, mas a do Fastback vai acomodar com folga aquela viagem em que o amiguinho do filho aparecer de surpresa pra casa de praia.
Onde o Nivus se sobressai, é no pacote de itens de segurança ativa. Só ele tem controle de cruzeiro adaptativo e airbags de cortina. Faltas cada vez mais injustificáveis no modelo da Fiat. Nas versões de entrada talvez, mas não no topo de linha de quase R$ 180 mil. Tudo bem que o Fastback até tem frenagem autônoma de emergência, monitor de faixa de rolamento, e ganhou para a linha 2026 monitor de ponto cego, mas o Nivus GTS tem isso tudo, e ainda monitor de tráfego cruzado traseiro.
Outro ponto positivo para o Volkswagen é no consumo. Não há dados no Inmetro para o Nivus GTS, mas a versão Highline do T-Cross com o mesmo motor roda 11,8 km/l na cidade e 14,2 km/l na estrada com gasolina, ante 10,8 km/l e 12,9 km/l respectivamente do Fastback. Nos dois casos, foi possível superar esses números no computador de bordo, principalmente no consumo rodoviário, sempre com vantagem para o Nivus e com gasolina no tanque.
A lista de equipamentos dos dois é extensa e semelhante, com as diferenças já citadas no quesito segurança. Ambos têm vários itens de conveniência e conforto, como ar-condicionado automático (de uma zona, nos dois), retrovisor interno eletrocrômico, bancos de couro sintético, central multimídia com Android Auto e CarPlay, painel digital (de 7? no Fastback e 10,25? no Nivus), faróis de LED, chave presencial com partida por botão, sensores de luz e chuva, retrovisores externos rebatíveis eletricamente, carregador de celular por indução e vários outros. Exclusivo do Fiat agora é o teto solar, de vidro fixo, novidade da linha 2026, e as rodas de 18? do Nivus, que são um opcional de R$ 2.150.
Dois carros, duas escolas
Mas o que mais diferencia mesmo os dois carros é menos mensurável em números. É como cada um se comporta ao volante. A cada vez que se dá a partida, o Fastback ruge alto, faz barulho, antes de estabilizar a marcha lenta, como num carro preparado, e ronrona com um ronco presente o tempo todo. Por se tratar de uma versão dedicada, é mais coerente com a proposta, deixando claro que o time da Fiat não teve medo de espantar quem achasse o Abarth "demais". Quem quiser um Fastback 1.3 discreto, que compre o Limited Edition.
Tanto que, de fato, o ronco é quase cansativo no dia a dia. O acerto de suspensão é notavelmente mais firme, em conjunto com as rodas maiores e pneus de perfil mais baixo, deixam o Fastback "na mão", sempre pronto para a acelerar. Mas ele cobra o preço em ruas esburacadas e asfalto ruim, onde chacoalha mais. Ainda assim, surpreende pela robustez, já que em nenhum momento passa a impressão de fragilidade, ou de que um buraco maior iria danificar algum componente, ou mesmo os pneus.
E basta um trecho sinuoso, e colocar o carro no modo Poison, acionado pelo botão vermelho no volante, que o Abarth acende uma chama interna e se transforma num carro ainda mais divertido. O acelerador fica mais rápido, o câmbio reduz as marchas e um manômetro da pressão do turbo aparece no painel.
O GTS, por sua vez, tem uma compostura germânica surpreendente. O volante se assemelha ao de modelos mais caros da marca e, mesmo com materiais mais simples na cabine, o Nivus tem rodar sólido e mais refinado que o do Fastback, dando a impressão de ser um produto mais caro.
Mas, diferentemente do Fastback, o Nivus parece menos afeito a quem quer realmente acelerar. Os modos de condução estão escondidos na central multimídia e pouco alteram o comportamento do conjunto. O desempenho é bom, mas inferior ao do Fastback, e com o mesmo conjunto do irmão T-Cross Highline, ele não se sobressai tanto no trânsito quanto o visual (discreto) sugere.
O ronco só é ouvido por quem está dentro do carro, já que é sintetizado por um alto falante na base do para-brisa, e mesmo assim quando o modo esportivo está acionado. E ao acelerar, as respostas são mais tímidas que do Fastback. O GTS não é um carro lento, mas a diferença no comportamento é sensível.
Fiat fez o melhor pacote
Quem quiser um SUV compacto com um ar esportivo terá a melhor receita no Fastback. Ele é quem mais traz elementos de "preparação" para um modelo de fábrica, como escapamento próprio, mapa de injeção específico do motor 1.3 e conjuntos de rodas e suspensão também feitos só para a versão Abarth. Esse espírito esportivo foi suficiente para compensar a ausência de itens importantes de segurança ativa e passiva.
O Nivus, por sua vez, entrega refinamento no conjunto motor e câmbio, mas falta uma cabine melhor para acompanhar, além do desempenho que se esforça para empolgar, frente ao do Abarth. Se ao menos ele fosse mais barato, talvez tivesse tido chances de virar o jogo.
Fichas técnicas
VW Nivus GTS 250 TSI AT6
- Motor: 1.4, 4 cilindros, 16V, injeção direta, turboflex
- Potência: 150 cv (E/G) a 5.000 rpm
- Torque: 25,5 kgfm (E e G) entre 1,500 rpm e 3.800 rpm
- Câmbio: Automático, 6 marchas; tração dianteira
- Comprimento: 4,27 m
- Largura: 1,76 m
- Altura: 1,49 m
- Entre-eixos: 2,57 m
- Peso (ordem de marcha): 1.266 kg
- Tanque de combustível: 49 litros
- Porta-malas: 415 litros
- Aceleração 0-100 km/h: 8,4 segundos
- Velocidade máxima: 206 km/h
- Preço sugerido: R$ 182.990 (R$ 184.740 c/pintura metálica)
Fiat Fastback Abarth T270 AT6
- Motor: 1.3, 4 cilindros, 16V, injeção direta, turboflex
- Potência: 185 cv (E) e 180 cv (G) a 5.750 rpm
- Torque: 27,5 mkgf (E e G) a 1.750 rpm
- Câmbio: Automático, 6 marchas; tração dianteira
- Comprimento: 4,43 m
- Largura: 1,78 m
- Altura: 1,55 m
- Entre-eixos: 2,53 m
- Peso (ordem de marcha): 1.310 kg
- Tanque de combustível: 45 litros
- Porta-malas: 600 litros
- Aceleração 0-100 km/h: 7,6 segundos
- Velocidade máxima: 220 km/h
- Preço sugerido: R$ 177.990 (R$ 179.480 c/pintura metálica)
Siga o Jornal do Carro nas redes sociais!
-1iyi85sll3tpv.jpg)
