Brasil revisará pontos de acordo automotivo com México
- Luciana Cobucci
- Direto de Brasília
O ministro da Indústria, Desenvolvimento e Comércio Exterior, Fernando Pimentel, disse nesta sexta-feira que a presidente Dilma Rousseff acertou com o presidente mexicano, Felipe Calderón, que pontos do acordo automotivo entre Brasil e México serão revistos. Entre eles, será discutida a exigência do aumento do conteúdo brasileiro na produção de veículos tanto no México quanto no Brasil e também a inclusão de ônibus, caminhões e utilitários no acordo.
Segundo Pimentel, o ministro de economia do México virá ao Brasil na próxima semana e a revisão deve ser feita ainda neste mês.
O ministro disse ainda que, atualmente, o acordo é desequilibrado contra o Brasil, mas negou que o País vá romper com o acordo. "O que existe é uma cláusula de saída que está prevista no acordo e que pode ser usada caso o acordo deixe de ser interessante, mas existe enorme interesse do México em manter esses termos", disse o ministro.
Anfavea
O presidente da Associação Nacional dos Fabricantes de Veículos Automotores (Anfavea), Cledorvino Belini, se reuniu na tarde desta sexta com o secretário-adjunto do Ministério da Fazenda, Nelson Barbosa, para falar sobre o acordo entre Brasil e México. Para a associação, a parceria mexicana é importante, mas a revisão do trato é admissível. Belini admitiu que os termos do contrato são desfavoráveis para o Brasil.
"Aceitamos alterações no acordo que poderemos discutir. Em acordos bilaterais existem importações e exportações. De um lado, temos superávit com a Argentina, de outro, déficit com o México. Já foi o contrário, são períodos cíclicos", disse.
Entenda
Firmado em 2002, o acordo de livre comércio de produtos automotivos permite importações de automóveis, peças e partes de veículos do México com redução de impostos. Dados preliminares do governo mostram que, nos primeiros anos de vigência do acordo, o Brasil registrou saldo positivo no comércio de automóveis com o México. Mas, nos últimos anos, o saldo tem sido negativo para o Brasil.Em 2011, o acordo entre Brasil e México provocou um rombo de R$ 1,55 bilhão na balança comercial brasileira apenas com a importação de automóveis de passeio. No ano passado, o Brasil vendeu para o México pouco mais de US$ 512 milhões de carros, mas gastou US$ 2,07 bilhões na compra de automóveis mexicanos. Pelo déficit, o governo do Brasil estuda romper o acordo. Uma das ideias é evitar a imposição de tarifas de importação para as compras mexicanas até 2013.