Avaliação: BYD Song Premium esbanja potência e tem truque de carregamento
O mais potente dos modelos BYD Song é tão bom que carrega a bateria mesmo sem plugar, porém, com mais de 300 cv, tem um preço para poucos
Rodamos uma semana na cidade e na estrada com o BYD Song Plus Premium DM-i, que chegou ao Brasil no final do ano passado com 324 cv de potência combinada e preço de 92 centavos por cavalo, ou seja, R$ 299.800. É o mais potente dos modelos BYD Song e mostrou direção firme para sustentar fortes acelerações.
Falando em desempenho, o Song Premium (o fabricante o trata assim, sem o Plus, para facilitar a diferenciação) deixa os outros dois modelos no chinelo. Ele acelera de 0 a 100 em apenas 5,2 segundos, contra 7s9 do Pro e 8s3 do Plus. Talvez por isso seu design frontal lembre um pouco o visual dos Porsche Panamera mais antigos. Mas não passa de 180 km/h.
O BYD Song Premium é um carrão que defende de forma competente a imagem do modelo, que, somando os três Song, se tornou um dos 10 carros mais vendidos do mundo em 2024. Como dissemos, a direção é firme e direta e a suspensão não solta tanto a carroceria como em outros carros da BYD.
Se o desempenho é ótimo, pela categoria do automóvel, o baixo consumo é o que mais impressiona. Não é difícil fazer carros híbridos plug-in potentes e rápidos, mas combinar isso com bom consumo não é para qualquer um. E aqui entra (mais uma vez) o truque de carregamento que a BYD utiliza em seus “super-híbridos”.
Bem, o carro é à prova de motoristas preguiçosos, ou seja, aqueles que têm preguiça de carregar a bateria. Num híbrido plug-in, manter a bateria carregada é fundamental, caso contrário o motor a combustão vai carregar um peso enorme e toda a eficiência energética que havia vai para o vinagre.
Embora seja plugável, o BYD Song Premium segura a carga da bateria quando ela baixa para 20% e começa a carregar automaticamente, usando o motor a combustão. Chega a 50% e depois para, descendo novamente. Por causa disso, nem precisamos plugar o carro no carregador para rodar com carga na bateria.
Mas, por óbvio, não vale a pena abusar desse truque oferecido pela BYD. O ideal é ter um carregador em casa para tirar a melhor eficiência do Song Premium. O tanque de gasolina tem apenas 57 litros, mas este PHEV pode chegar a 960 km de alcance se fizer 17 km/l de gasolina, o que é plausível, mas não fácil. Nossa melhor média durante a avaliação foi de 15,7 km/l, usando 99% do tempo no modo HEV (híbrido).
Oficialmente, o BYD Song Premium roda entre 52 km e 80 km no modo EV (100% elétrico), segundo os dados do PBEV (que é muito pessimista) ou do NDEC (que é muito otimista). O mais confiável é o WLTP, mas não temos esses dados. Rodando só no modo elétrico, segundo o PBEV do Inmetro, o consumo de energia equivale a 39,6 km/l na cidade e a 27,4 km/l na estrada. As médias oficiais no modo HEV são de 13,1 km/l na cidade e de 11,1 km/l na estrada.
Além da incrível bateria Blade de 18,3 kWh, o BYD Song Premium brilha pela combinação de três motores. O motor 1.5 turbo a gasolina tem 129 cv de potência (95 kW) e 219 Nm de torque. O câmbio é automático e a tração é AWD, integral sob demanda.
Isso porque há dois motores elétricos e um fica na traseira. O motor dianteiro tem 201 cv (145 kW) e o traseiro entrega 161 cv (118 kW) de potência. O torque é igual em ambos: 300 Nm em cada um. Junto com a suspensão independente nas quatro rodas, freios a disco e pneus de perfil médio (235/50 R19), o carro é confortável no rodar e mais firme do que a média dos carros chineses.
A vida a bordo agrada bastante, como é comum nos automóveis da BYD. Com 4,77 m de comprimento, 1,89 m de largura, 1,67 m de altura e 2,76 m de entre-eixos, há bastante espaço interno. O porta-malas também é generoso, acomodando 574 litros. A distância mínima do solo é de 180 mm.
No banco de trás é possível dobrar o encosto do meio e transformar numa mesinha com dois porta-copos. Na frente, destaque, como sempre, para a enorme tela multimídia giratória de 15,6 polegadas, como boa conexão Android Auto e Apple CarPlay, além dos costumeiros mimos via comando de voz quando se diz “Rai, Bi-Uai-Di” (Hi, BYD).
A posição de dirigir é boa, com volante de boa empunhadura, mas poderia ser melhor se o ajuste de profundidade fosse maior. Mesmo no máximo, ele fica muito próximo do painel, o que nos obrigou a colocar o banco mais para frente.
O motorista conta ainda com um painel digital de 12,3 polegadas e com um Head Up Display competente. O design do quadro de instrumentos pode ser aprimorado, pois há mais foco no desenho do que em algumas informações. O controle das luzes também é um pouco complexo, mas talvez o comprador se acostume com isso.
O híbrido plug-in chinês também conta com vários itens de segurança e com as tecnologias do pacote Adas, de auxílio à condução. Quase tudo pode ser ajustado na tela multimídia, para que o carro fique ao gosto do motorista – mais invasivo ou menos invasivo na condução.
O Song Premium não é barato como o Song Pro (235 cv), mas para um carro que pesa 2.020 kg e tem 324 cv de potência, o baixo consumo e o fato de poder “esquecer” de carregar a bateria o tornam uma compra interessante. Para quem não tem essa preguiça e cumpre o ritual dos PHEV, a potência de carregamento é de 6,6 kW.
