Audi Q8 é SUV que quer ser tudo ao mesmo tempo: esportivo, luxuoso e imponente

Ter a incumbência de ser o maior SUV da linha Audi já poria o Q8 em posição de destaque. Custar R$ 794.990, sem opcionais, também. O modelo é vendido no Brasil em versão única, Performance Black, e quer ser opção num mercado onde Porsche Cayenne e BMW X6 disputam o páreo. Para entender quais suas bençãos e pecados, passamos quatro dias com ele no Rio de Janeiro (RJ).

No primeiro contato, o SUV com teto tipo cupê impressiona pelo tamanho. O modelo mede 4,99 metros de comprimento, 2,19 m de largura, 1,69 m de altura e 2,99 m de entre-eixos, e não passa desapercebido no trânsito. Sua largura, aliás, é desafiadora entre ruas e corredores, e mesmo com sensores, assistentes e câmeras, requer paciência do motorista.

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Ainda no visual, o modelo testado, na cor Azul Waitomo Metálico, ostentava rodas diamantadas e emblemas escurecidos, bem como não trazia consigo nenhum cromado, algo fiel à escola da linha Performance Black. Lançado por aqui em 2019, o Q8 foi redesenhado ano passado, e ganhou, além de nova grade para-choques, os faróis Full LED HD Matrix com iluminação laser.

Por falar em opcionais, a unidade testada tinha alguns interessantes, que acabam elevando seu preço final para R$ 870.990, como os já mencionados faróis Full LED com iluminação laser (R$ 26 mil), como também um assistente de visão noturna (R$ 30 mil). O conjunto permitia ao SUV identificar pessoas ou animais durante a condução à noite, e chegou a alertar no painel e corrigir o curso do carro ao identificar um animal no acostamento.

Há também um head-up display (R$ 20 mil), sendo até bem útil, mas que pode "sumir" se o motorista utilizar lentes polarizadas, por exemplo. Se isso não for o bastante, há ainda a opção de cores exclusivas ou individuais da Audi, por "módicos" R$ 75 mil.

Motor 3.0 V6 entrega bom torque e tração Quattro segura bem o SUV

Na condução, o Q8 oferece ao motorista uma viagem sólida, isolada dos sons externos, e também potente. Cortesia do conjunto V6 3.0 com 340 cv de potência e 50,8 mkgf de torque, disponíveis a baixos 1.370 rpm, somada a transmissão tiptronic de 8 marchas. O destaque fica para a tração integral quattro, que segura bem as 2,3 toneladas do SUV nas curvas, mesmo quando provocado, dando confiança. O bom controle também se explica pela vetorização de torque, entregando força ao eixo que estiver tracionando mais, por exemplo. No geral, a força é aplicada na proporção 40/60, sendo a traseira a maior.

Por ser um híbrido-leve, o Audi Q8 utiliza o sistema elétrico mais para otimizar a eficiência do que para aumentar o desempenho. O conjunto é composto por um gerador de partida acionado por correia e alimentado por uma rede de 48 volts, permitindo o funcionamento do sistema start-stop a partir de 22 km/h.

Esse sistema também possibilita o chamado modo "roda livre", no qual o motor a combustão é desligado entre 55 e 160 km/h, em condições específicas, permitindo que o SUV siga apenas pelo embalo, uma estratégia voltada à redução do consumo de combustível.

Contudo, durante nosso teste, a melhor média, mesclando urbano e estrada, foi de 8 km/l, ligeiramente mais otimista que a média do Programa Brasileiro de Etiquetagem Veicular (PBEV) do Inmetro, onde o consumo foi de 7 km/l na cidade e 7,6 km/l na estrada.

Suspensão pneumática muda comportamento do Q8

O Audi Q8 conta com suspensão pneumática ajustável, que adapta a altura da carroceria conforme o modo de condução selecionado. No modo off-road, o sistema eleva o SUV em até 50 mm para encarar terrenos irregulares, enquanto no modo dynamic a altura é reduzida em 40 mm, favorecendo a estabilidade e a esportividade. No modo confort, o modelo filtra e absorve bem ruídos e pequenos buracos.

Contudo, um pecado existente está no conjunto roda e pneu. Calçado nas medidas 285/35 R23, usa pneus de perfil bem baixo, que somados ao asfalto ruim são mais suscetíveis a bolhas ou rasgos. Algo semelhante já observado no A3 Sedan, mas que no Q8 guarda um pouco menos de preocupação, entretanto. Mas é importante citar que um jogo de pneus para o modelo não é barato, e seu estepe é apenas temporário.

Espaço interno agrada, e comodidades mimam o motorista

Por dentro, o SUV agrada pelo espaço interno, onde motorista e passageiro tem total controle sobre as configurações dos bancos, com abas esportivas vindos da linha S Line. Contudo, para o público mais corpulento, as abas laterais do banco do motorista não tem muito ajuste, e podem se tornar incômodas.

O volante possui boa empunhadura e não obstrui o painel de instrumentos digital de 12,3 polegadas, já característico dos modelos da Audi, que pode exibir até mapas de navegação. Mesmo assim, o grande destaque da cabine é o sistema multimídia "MMI", com tela de 10,1 polegadas, comandos por voz e retorno tátil.

Visualmente, o sistema impressiona pelo design moderno e pela boa resolução, mas a experiência de uso poderia ser melhor. A resposta aos toques não é das mais ágeis, algo que, com o tempo, pode ser somente questão de adaptação.

O ponto mais crítico, no entanto, foi a conectividade com o smartphone. O emparelhamento via Bluetooth ocorre de forma rápida e estável, mas conectar o Android Auto se mostrou um processo mais complicado do que deveria, exigindo o uso de cabos, com entradas abaixo do apoio de braço.

Abaixo da central multimídia há ainda uma terceira tela, de 8,6 polegadas, dedicada exclusivamente ao controle do ar-condicionado. Ela gerencia as saídas de ventilação dianteiras, enquanto os passageiros do banco traseiro contam com um sistema de climatização independente.

Contudo, acaba sendo um tanto distrativa, exigindo muito do olhar do motorista para comandá-la. Quem vai atrás dispõe de amplo espaço interno, e duas zonas de ar-condicionado traseiras. O sistema de som é fornecido pela Bang & Olufsen, e conta com 19 alto-falantes, subwoofer e 730W de potência.

Se o assunto é bagagem, o modelo oferece 605 litros, que mais do que dobram com os bancos traseiros rebatidos. Além disso, é possível aumentar o baixar a suspensão traseira por meio de um botão no porta-malas, facilitando a entrada da bagagem. Tanto fechamento quanto abertura da tampa são elétricos. Vale citas que todas as portas têm fechamento servo-assistido, impedindo que se use de força, por exemplo.

Conclusão: Audi Q8 é um exagero de SUV, mas sabe justificar a compra

Julgar um SUV de luxo exclusivamente por seu preço (comparável ao de casas e apartamentos) não é o correto, ainda mais se você considerar que sua versão mais nervosa (RSQ8) deve ultrapassar a barreira do milhão de reais. No caso do Q8, é a convivência e seus frutos que acabam justificando a compra, ainda mais considerando ao público a quem se destina.

Mas, se comparado a rivais como Porsche Cayenne Coupé E-Hybrid (de quem é irmão de plataforma, MLB Evo) e BMW X6 xDrive40i M Sport, o modelo fica devendo em tecnologia e presença. Entretanto, custa menos e entrega uma proposta esportiva e luxuosa mais direta, ao mesmo passo que discreta, sem rodeios. Para os que podem, é um SUV grande, em todos os sentidos. Talvez um pouco grande demais.

FICHA TÉCNICA

Audi Q8 Performance Black 2025

• Motor: 3.0 V6, turbo, híbrido leve (48V), gasolina, dianteiro
• Potência: 340 cv
• Torque: 50,8 mkgf a 1.370 rpm
• Transmissão: automática Tiptronic de 8 marchas
• Tração: integral quattro (40% dianteira / 60% traseira)
• Comprimento: 4,99 m
• Largura: 2,19 m
• Altura: 1,69 m
• Distância Entre-Eixos: 2,99 m
• Porta-malas: 605 litros (1.755 litros com bancos rebatidos)
• Rodas/Pneus: 285/35 R23
• Aceleração 0-100 km/h: 5,6 segundos
• Consumo: 7,0 km/l (cidade) / 7,6 km/l (estrada)
• Tanque: 85 litros
• Velocidade máxima: 250 km/h (limitada)
• Preço sugerido: R$ 794.990
• Preço da unidade testada: R$ 870.990

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