Análise: Boreal mostra evolução da Renault, mas sucesso dependerá do preço
Desenvolvido no Brasil e na Europa, Renault Boreal agrada pelo visual e acabamento, e promete vida difícil para Corolla Cross e Compass
O Renault Boreal foi revelado oficialmente na última semana com uma missão para lá de importante. Depois de anos investindo em carros de menor valor agregado, ele é o primeiro carro de porte médio da marca francesa desenvolvido no país. Pouco antes da apresentação oficial, nós tivemos um primeiro contato com o Boreal em São José dos Pinhais (PR), no Centro de Design da Renault do Brasil.
E à primeira vista, a impressão é bem positiva. Se com o Kardian, a Renault já havia mostrado uma evolução em dinâmica, construção e acabamento interno, essa sensação é ainda maior com o Boreal. Ele estreia com a missão de fortalecer a presença da Renault no segmento médio no Brasil, e faz parte do International Game Plan 2024-2027 da marca francesa.
Na Europa Ocidental, a Renault já oferece o Austral, um SUV de porte equivalente. Percebeu a sonoridade semelhante com os nomes dos dois modelos? O significado também é semelhante, já que ambos estão relacionados às tempestades nas auroras polares. Apesar disso, o Boreal e o Austral são carros totalmente diferentes.
A ideia é oferecer modelos de maior valor agregado. Projetado pelo time da Renault do Brasil em parceria com as equipes da França e da Turquia (onde o modelo também será produzido), o Renault Boreal é o segundo carro feito sobre a plataforma modular RGMP, a mesma base do Kardian já vendido no país e que também será utilizada pela picape Niagara, que deve chegar ao mercado até 2027.
O Renault Boreal também chega como um carro global, já que será produzido em São José dos Pinhais (PR), de onde será vendido no Brasil e exportado para outros 17 países da América Latina. Ele também será produzido em Bursa (Turquia), de onde chegará a outros 54 mercados da África, Oriente Médio e Europa Oriental.
Ele brigará diretamente com o Jeep Compass (nas versões 1.3 turbo) e o Toyota Corolla Cross, que contam com versões em uma faixa de preços de R$ 150 mil a R$ 250 mil. Por enquanto, a Renault ainda não detalhou quais serão as versões e os preços do Boreal. No entanto, é possível esperar que o SUV tenha valores na mesma faixa dos concorrentes.
Por outro lado, como a marca ainda não conta com a tradição da Jeep e da Toyota no segmento de SUVs médios no Brasil, é possível esperar que a Renault aposte no custo-benefício com o Boreal, mirando também em roubar as vendas de alguns SUVs chineses da mesma faixa de preços. Caso ele venha por valores mais elevados, a missão do modelo fica mais difícil no mercado.
O visual é um dos destaques do novo Renault Boreal, e traz linhas bem modernas e equilibradas. Em nossas publicações feitas em redes sociais na última semana, não foi incomum ver muitos comentários elogiando o design do SUV, mostrando que a Renault acertou neste ponto.
Medindo 4,56 m de comprimento, 1,84 m de largura e 1,65 m de altura, o Renault Boreal é um pouco maior do que o Jeep Compass. O entre-eixos é de 2,70 m. O espaço interno também é muito bom, e aparenta ser maior do que os principais concorrentes. O porta-malas leva bons 522 litros e conta com sistema de piso em dois andares. Ao rebater os bancos bipartidos, o volume chega a 1.279 litros.
Por dentro, o Renault Boreal traz materiais refinados, com superfícies emborrachadas no painel e na parte superior das portas dianteiras. É, de longe, o melhor acabamento de um Renault feito no Brasil desde os tempos do Mégane. As peças contam com bons encaixes e são visualmente bonitas. Não observamos rebarbas ou peças desalinhadas.
Também há detalhes metalizados e iluminação ambiente com 48 cores. O destaque fica para o painel digital e a central multimídia, ambos com telas de 10”. O novo Renault Boreal é o primeiro carro produzido no Brasil a contar com o sistema Google Automotive Services. Na versão topo de linha, o SUV terá bancos revestidos em couro na cor azul e com ajustes elétricos para o motorista e passageiro dianteiro.
Para o condutor, também há a função de massagem, e há diversos porta-objetos e apoio de braço central no banco traseiro. O console central conta com refrigeração e há saídas de ar traseiras. A Renault não detalhou a lista de equipamentos de série, mas a versão topo de linha também traz sistema de som Harman-Kardon com 10 alto-falantes, ar digital dual zone, teto solar panorâmico, câmera 360º, park assist, carregador por indução e pacote ADAS com 24 sistemas de assistência ao motorista, entre outros itens.
Trata-se de um pacote bem completo de equipamentos. Sob o capô, todas as versões do Renault Boreal chegarão ao mercado brasileiro com o motor 1.3 turbo flex com injeção direta de 163 cv e 270 Nm de torque, sempre associado ao câmbio automatizado de dupla embreagem úmida e seis marchas do Kardian. Futuramente, o Boreal também terá versões híbridas.
Infelizmente, ainda não pudemos dirigir o Renault Boreal. Isso só será possível durante o lançamento do SUV, que vai acontecer no último trimestre deste ano. No entanto, o nosso primeiro contato com o modelo foi bem positivo, e mostrou que a Renault aposta bem alto no sucesso do Boreal. Resta saber se ele terá fôlego e preço para brigar com os dois queridinhos do mercado de SUVs médios, pois qualidade ele tem.
