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Vasco garante alívio financeiro com antecipação de receitas aprovada pela Justiça
Tribunal do Rio de Janeiro aprova operação que libera cerca de R$ 21 milhões ao Cruz‑Maltino; clube deve prestar contas sobre aplicação dos recursos
A 4ª Vara Empresarial do Tribunal de Justiça do Rio de Janeiro acolheu na terça-feira (05) o pedido do Vasco da Gama para antecipar parcelas provenientes das vendas dos atletas Clayton Silva e Luca Orellano. A medida, requerida no âmbito do processo de recuperação judicial em que o clube e sua SAF estão inseridos, permitirá que o Vasco tenha acesso imediato a recursos que originalmente seriam recebidos apenas em 2026 e 2027.
De acordo com a sentença, a antecipação envolverá o montante de 2 milhões de euros referente às duas parcelas de Clayton, com vencimentos em 1º de setembro de 2026 e 2027, e 1,5 milhão de dólares da venda de Orellano, com vencimento em 31 de janeiro de 2026. No câmbio corrente, isso representa aproximadamente R$ 21,2 milhões antes dos descontos aplicados pela operação.
A Justiça estabeleceu que o Vasco deverá prestar contas mensalmente sobre a utilização desses recursos. As recuperandas, ou seja o clube associativo e a SAF, precisam apresentar relatório detalhado por centro de custo que demonstre a destinação dos valores captados. A decisão também define que futuros pedidos semelhantes deverão passar pelo crivo judicial, pelo Ministério Público e pela administração judicial conjunta, ainda que formalmente dispensada autorização em alguns casos.
O clube justificou o pedido alegando enfrentar "instabilidade econômica e urgência operacional". Conforme a petição protocolada, o valor antecipado é considerado mais útil e estratégico do que o montante integral que seria recebido apenas em etapas ao longo dos próximos semestres ou anos. O documento argumenta que a liquidez imediata permite ao Vasco responder rapidamente a necessidades financeiras, evitar custos extras e aproveitar oportunidades que poderiam se perder com a demora.
Especialistas entendem que o desconto aplicado aos recebíveis, que pode variar entre 9% e 15,3% ao ano para os valores em euro (Clayton) e de 11,6% a 15% ao ano para os valores em dólar (Orellano), é compensado pela urgência das aplicações. Ainda assim bastará avaliar, com base na gestão da SAF e na política de recuperação do fluxo de caixa, se essa estratégia trará benefícios reais em termos operacionais.
Essa decisão ocorre em meio a um contexto de reestruturação financeira. No primeiro quadrimestre de 2025, o Vasco registrou aumento de sua dívida em torno de R$ 350 milhões desde a fundação da SAF, mas ainda assim apresentou superávit operacional e soma de receitas de cerca de R$ 124 milhões. Isso incluiu forte entrada de dinheiro em fevereiro, com receitas de direitos de TV e vendas de atletas, além de patrocínios e bilheteria. O clube associativo encerrou o período com saldo positivo e caixa de R$ 1,4 milhão, resultado de uma gestão mais rígida dos gastos administrativos e operacionais
O pedido de antecipação de receita integra o conjunto de medidas que visam preservar o funcionamento do clube durante a recuperação judicial. Desde outubro do ano passado, o Vasco já conquistou a suspensão de execuções judiciais por até um ano, medida que protege o clube de penhoras e garante fôlego operacional. A nova operação financeira oferece liquidez imediata, mas exige transparência rigorosa, sob risco de sanções e penalidades em caso de descumprimento dos termos estabelecidos pela Justiça.
Com o aval judicial agora concedido, o Vasco poderá utilizar os recursos para projetos emergenciais e manutenção das atividades cotidianas, desde que cumpra o controle judicial eletrônico e transparente da destinação de cada centavo captado.
