Retrospectiva 2025: Neymar vive altos e baixos em retorno ao Santos, mas cumpre objetivo no Brasil
J10 resumiu os principais acontecimentos com o jogador em sua primeira temporada no futebol nacional desde a ida à Europa, em 2013
O futebol brasileiro atravessou 2025 com Neymar no centro de praticamente todas as discussões. Com retorno ao Santos anunciado no fim de janeiro, a mobilização ganhou contornos históricos: shows na Vila Belmiro, telão nos arredores do estádio e mobilização que extrapolou o esporte. Só se falava ou buscava saber sobre a volta do Menino da Vila.
À medida que a temporada avançou, o roteiro ganhou outro tom. Entre lesões recorrentes, cobranças públicas e exposição extracampo, o astro viveu um ano de luta constante para ajudar o Santos dentro de suas limitações físicas. E não só conseguiu ajudar na permanência do clube na Série A, como terminou o ano com números consistentes e futuro em aberto.
Janeiro
O ano começou com astro ainda vinculado ao Al-Hilal, mas em um ambiente de desgaste irreversível. A relação com o técnico Jorge Jesus estava deteriorada, e a crise veio à tona quando o treinador afirmou publicamente que o camisa 10 não participaria do Campeonato Saudita devido ao tempo de recuperação da grave lesão sofrida em 2023.
Diante do estopim, surgiram especulações sobre uma possível reedição do trio MSN na MLS e de oferta do Chicago Fire, mas o Santos contava com o apelo emocional. O camisa 10 buscava um ambiente de acolhimento para tentar se recuperar física e emocionalmente, com isso abriu mão de cerca de 65 milhões de dólares para rescindir com o Al-Hilal no dia 27 de janeiro.
Com caminho livre, Neymar oficializou seu retorno ao clube após a polêmica confirmação do presidente Marcelo Teixeira, antecipando o anúncio do Peixe — com carta a Pelé. O astro desembarcou no Brasil no dia 31, assinou contrato de seis meses e protagonizou uma apresentação histórica na Vila Belmiro.
O Menino da Vila voltou ao estádio para uma apresentação de quase três horas, com arquibancadas lotadas, artistas, familiares presentes e discurso emocionado prometendo ousadia e identificação total com o clube.
Fevereiro
O sonhado retorno aos gramados com a camisa do Santos aconteceu em uma data extremamente simbólica: dia 05 de fevereiro de 2025, data de seu aniversário de 33 anos. Ele atuou poucos minutos do empate em 1 a 1 com o Botafogo-SP, pelo Paulistão, mas o suficiente para empolgar quem acompanhou a partida.
O impacto de sua chegada não se refletiu só na mobilização da apresentação na Vila Belmiro, mas sobretudo no extracampo. O Santos explodiu nos números e, em uma semana, acumulou 20 mil novos sócios, além de ter crescido de 3,5 para 6 milhões de seguidores no mesmo recorte.
Ele virou titular no jogo seguinte ao empate da estreia, encarou Corinthians e Novo Horizontino e ainda gerou polêmica ao criticar a bola do Paulistão. No dia 16 de fevereiro, o tão aguardado gol — encerrando o jejum de 12 anos sem marcar pelo clube. O camisa 10 balançou as redes no triunfo por 3 a 1 sobre o Água Santa, no Paulistão.
Mas o auge do mês veio ao marcar um golaço olímpico diante da Inter Limeira, além da assistência para o tento de Tiquinho Soares. Fora que o duelo ainda marcou os primeiros 90 minutos de Neymar em campo após mais de 500 dias. O início empolgante lhe concedeu lugar na pré-lista da Seleção de Dorival Jr.
Também aderiu publicamente à campanha contra gramados sintéticos, pauta que acompanharia todo o ano.
Março
O primeiro mês de alerta físico para o jogador, que acusou dores no duelo contra o Bragantino, apesar do gol marcado. Ele deixou o campo antes do previsto, com incômodo evidente, e por isso gerou polêmica dias depois. Isso porque ele virou alvo de críticas por aparições no Carnaval do Rio e eventos paralelos, especialmente de pôquer, enquanto tratava do problema.
Convocado por Dorival após um ano e cinco meses fora da Seleção, acabou não atuando na eliminação do Santos para o Corinthians no Paulistão. Ele não estava vetado da partida, mas não deixou o banco nem mesmo diante da necessidade por resultado e isso gerou o primeiro forte desgaste com parte da torcida. Logo depois, acabou cortado da convocação.
Ele só iniciou o processo de transição para retorno aos gramados no fim do mês, enquanto o Santos já discutia renovação e o preparava para o Brasileirão. Nesse ínterim, se envolveu em polêmicas extracampo e uma suposta traição à Bruna Biancardi, grávida de Mel à época, durante festa em uma chácara de São Paulo. Ele nunca se manifestou sobre.
Abril
Mês de sua reestreia no Brasileirão, que ocorreu na derrota para o Fluminense no Maracanã, no jogo que aliás culminou na demissão de Pedro Caixinha. Na partida seguinte, saiu chorando contra o Atlético-MG após acusar novo problema muscular.
O astro lidou com a terceira lesão do ano, essa com um mês para recuperação, e o clube reconheceu o excesso de carga no processo. Internamente, o Peixe reconheceu que a empolgação em vê-lo atuar forçou esse retorno aos gramados.
O momento coincidiu com críticas intensas sobre condicionamento físico, sequência curta de jogos completos e proximidade do fim do contrato.
Maio
Com divulgação do leilão beneficente e polêmicas sobre suposta interferência em matérias jornalísticas, o mês teve um foco maior no extracampo. Ele estava fora de ação devido ao problema muscular, mas virou alvo de críticas por idas constantes a jogos da Kings League e eventos durante o processo de recuperação.
O camisa 10 só retornou aos gramados no dia 22 e, apesar do bom desempenho, não evitou a eliminação alvinegra para o CRB na Copa do Brasil. Foi justamente nesse dia que ele deu sua primeira declaração polêmica ao afirmar que o time não podia depender só dele".
Só voltou ao time titular na derrota para o RB Leipzig em amistoso, ainda sob forte desconfiança. Seu condicionamento também o tirou das primeiras convocações de Carlo Ancelotti.
Junho
A primeira expulsão e os traços de desgaste emocional que preocuparam. O camisa 10 recebeu vermelho na derrota para o Botafogo, após marcar um gol de mão e receber o segundo amarelo. Inclusive, a ocasião marcou a primeira vez que o astro reclamou publicamente da arbitragem brasileira em suas redes.
Quando começou a dar avanços significativos para retornar sem maiores problemas, ele testou para Covid-19 e precisou cumprir o período de isolamento. Apesar das sequências de casos, a proximidade com a Copa do Mundo de Clubes fez com que clubes, como o Fluminense, se interessassem pela contratação.
O assédio não se prolongou, e o craque oficializou sua renovação com o Peixe no dia 24, com vigência até dezembro de 2025. A extensão por seis meses foi considerada segura para ambos os lados, com salário elevado e abatimento de dívida da NR Sports — empresa do atleta.
Julho
Outro mês dominado pelo extracampo e emoções únicas. Isso porque o craque paralisou a agenda por alguns dias para curtir o nascimento da caçula, Mel, fruto da relação com Bruna Biancardi. Além disso, fez um dos maiores investimentos de seu retorno ao colocar mais de R$ 250 milhões no "Ecossistema Neymar" em Santa Catarina.
Dentro de campo, teve uma das atuações mais enaltecidas por torcedores e especialistas no conturbado ano do jogador, na Vila Belmiro. Ele não só atuou bem, como marcou o gol da vitória sobre o Flamengo, melhor time desta edição, por 1 a 0.
Mas as condições físicas e ausências em partidas incendiaram o clima novamente, e ele chegou, inclusive, a discutir com torcedor na Vila Belmiro após a derrota para o Inter. O bate-boca com o torcedor viralizou de forma negativa a ponto de gera uma nota oficial da principal organizada do clube contra o ídolo.
Ele reconheceu o excesso pouco depois, mas serviu como novo alerta após o comportamento diante do Botafogo.
Agosto
Um dos auges esportivos. Isso porque viveu uma sequência inédita de seis jogos como titular desde 2022 e voltou a marcar dois gols em uma mesma partida. Três anos depois, o camisa 10 sentiu novamente a sensação de balançar as redes mais de uma vez em 90 minutos e, de quebra, ainda tirou o Peixe do Z4.
Fora de campo, enfrentou disputa judicial por invasão de privacidade na mansão onde morava, mas o caso terminou em acordo. Acontece que ele e Biancardi tomaram conhecimento que os inquilinos o observavam por câmeras escondidas no imóvel.
Já que indicava evolução física, Neymar entrou novamente na pré-lista da Seleção, mas desta vez na de Carlo Ancelotti. Bem como na ocasião anterior, acabou cortado da convocação após sofrer novo edema na coxa após a goleada história para o Vasco, por 6 a 1.
Setembro
De longe um dos meses de maior tranquilidade para o craque, que fez tatuagem em homenagem ao amor pelo Peixe e reforçou seu peso na contrariedade ao gramado sintético.
Mas foi justamente atuando em sintético que o camisa 10 viveu um dos momentos mais inusitados do ano. Ciente da situação do Santos, topou atuar na Arena MRV para ajudar o time, mas ainda lhe sobrou tempo de realizar sonhos. Isso porque um atleticano invadiu o campo única e exclusivamente para tirar foto com o astro.
A alegria não se estendeu por muito tempo e voltou a ser baixa no dia 19, interrompendo a sequência histórica. Neymar acusou novamente dores na coxa direita nesse período.
Outubro
Fora de ação em boa parte, a vida extracampo lhe tomou o protagonismo no mês. Ele selou reaproximação com a Globo e venceu uma ação judicial contra Luana Piovani por injúria. Passou o restante do mês em recuperação até, nos últimos dias, iniciar a transição para os treinos com o grupo.
Também ocorreu um movimento importante, mas por parte do pai do jogador, Neymar Silva. O empresário usou verba da empresa NR Sports, do astro brasileiro, para comprar a marca de Pelé.
Novembro
Ele seguiu sob controle físico mais rígido, mas retornou aos gramados. A proximidade com dezembro também colocou a pauta sobre renovação de volta à mesa, enquanto críticas aumentaram por seus comportamentos. Isso porque o astro passou a se postar sempre muito nervoso em jogos decisivos.
No reencontro contra o Flamengo, por exemplo, viralizou com leitura labial em discussões dentro de campo com o árbitro e jogadores. Ele também protestou contra a decisão do técnico em substituí-lo e reconheceu os excessos.
Após nova lesão no menisco, decidiu adiar a cirurgia para contribuir com a permanência do Santos na Série A — o que só se firmou no apagar das luzes. O esforço valeu a pena, visto que teve papel decisivo diante do Sport e tirou o clube do Z4, que depois só precisou manter-se fora.
Dezembro
E justamente no apagar das luzes, após tantas provações, fez valer a contratação. Isso porque além de garantir o triunfo sobre o Sport, marcou um hat trick contra o Juventude — algo que não fazia desde 2022 — e foi fundamental para permanência.
Neymar ainda se despediu da temporada com homenagens do clube aos 150 gols com a camisa do Peixe e gritos de "fica" por parte de santistas. Com a missão cumprida, pôde então focar na situação do joelho e passou pela cirurgia no menisco no início desta semana.
Esportivamente, encerrou o ano com 28 partidas, 11 gols e quatro assistências. Ele mantém o anseio de disputar a Copa do Mundo de 2026, enquanto sua convocação permanece como mistério e dependerá, sobretudo, de seu físico.
Em 2025, Neymar disputou 28 jogos, marcou 11 gols e deu quatro assistências, mantendo vivo o sonho da Copa de 2026.
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