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Final da Sul-Americana traz semelhanças com decisão que está entalada na garganta do Flamengo

Passados 22 anos, Rubro-Negro volta a encarar o Independiente em decisão internacional. E contexto da Supercopa Libertadores guarda algumas semelhanças com atual equipe

13 dez 2017 - 07h04
(atualizado às 15h27)
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Nesta quarta-feira, o Flamengo encara o Independiente em uma final da Sul-Americana na qual está para lá de pressionado. Além de inverter a desvantagem do jogo de ida (perdeu por 2 a 1 no Libertadores de America), o Rubro-Negro tenta encerrar o ano com um título de ponta, devido à forte expectativa em torno do investimento no elenco de estrelas como Diego, Everton Ribeiro e Guerrero (fora da final devido à acusação de doping). Até o momento, a equipe colecionou frustrações, como a eliminação na fase de grupos da Copa Libertadores, a campanha abaixo da média no Brasileiro e a perda do título da Copa do Brasil.

Imprensa foi drástica ao falar da perda do título da Supercopa Libertadores do Flamengo
Imprensa foi drástica ao falar da perda do título da Supercopa Libertadores do Flamengo
Foto: Reprodução / Jornal do Brasil / Lance!

Um turbilhão bem parecido com uma final do Rubro-Negro com o Independiente que está na "garganta" da Nação. Era 6 de dezembro de 1995. O Flamengo, que completara 100 anos de fundação, entrava em campo, pressionado, para, na decisão da Supercopa Libertadores "salvar" o ano.

Contratado a peso de ouro, o time perdeu Carioca para o "time de operários do Fluminense", viu o rebaixamento de perto no Brasileiro, e o "Ataque dos Sonhos" formado por Sávio, Romário e Edmundo não funcionou. Além disto, o "Animal" estava de saída e vivia momentos pessoais conturbados, após se envolver em um acidente de carro que causou a morte de três pessoas.

- Embora entre nós, o ambiente fosse bom, a gente sofria cobrança muito grande. o Flamengo investiu muito, e, depois da perda do título para o Fluminense, a responsabilidade ficava maior. Era muita confiança no "Ataque dos Sonhos", e a gente, que era mais novo, também ficava mais tenso - recordou Rodrigo Mendes, ao LANCE!.

Mas, com muita garra, o Rubro-Negro comandado por Washington Rodrigues foi galgando espaços e chegou à decisão contra o Independiente. Com a boa campanha e os ingressos a preço baixo, mais de 100 mil pessoas abarrotaram o Maracanã:

- Nós vínhamos de uma campanha realmente muito boa. Tinham sido seis vitórias até o jogo de ida da final. Contra o Independiente, tomamos um gol aos 50 segundos, eles se fecharam e, em um contra-ataque, fizeram o segundo gol! A gente sabia que ia ser muito difícil - recordou Sávio, ao LANCE!.

O Rubro-Negro entrou em campo com sua postura ofensiva amplificada, Pouco antes de o jogo começar, Washington Rodrigues anunciou que Nélio atuaria fora de sua posição de origem. O objetivo era, ao lado de Marquinhos e Rodrigo Mendes (à época, só Rodrigo), municiar ainda mais Sávio e Romário:

- A ideia do Apolinho (Washington Rodrigues) e do Arthur Bernardes (assistente) era que eu jogasse como ala. A gente jogava com três zagueiros, e o Apolinho queria que eu fizesse o mesmo que em 1992, de ir para frente e voltar para marcar - relembrou o ex-meia, ao LANCE!.

ETAPA INICIAL DE AMPLO DOMÍNIO, E MUITA DIFICULDADE

Lançando-se ao ataque, o Flamengo teve boas chances em finalizações de Cláudio e Djair. Mas, com o passar do tempo, a equipe esbarrou em dificuldades. Com o Independiente fortalecido na marcação, os avanços vinham dos pés de Sávio.

O atacante buscava jogadas individuais mas, à medida que tentava sair da marcação, sofria com seguidas faltas.

- A gente estava muito bem, mas o Independiente era um time muito bom. E é muito difícil de inverter um resultado de 2 a 0 de times argentinos,

Romário, bem marcado, não teve chances claras. Após o empate sem gols se manter nos 45 minutos iniciais, o tempo para buscar o título ficaria ainda mais reduzido.

'CARTADA' DE APOLINHO LEVA A GOL, PRESSÃO... E FRUSTRAÇÃO

Após o intervalo, Washington Rodrigues fez uma mudança: tirou o zagueiro Cláudio e lançou ao atacante Aloísio Chulapa. Era a senha de que o Flamengo tinha de partir para cima de vez:

- Foi essa ordem, de ir para frente, tomando cuidado para não levar gols. Do mesmo jeito que a gente foi em toda nossa campanha. Tinha sido assim que conseguimos ganhar de times fortes como o Vélez Sarsifield e o Nacional-URU, na casa deles e no Rio - afirmou Sávio.

Após jogada com Sávio e Marquinhos, o jovem Rodrigo Mendes obrigou Mondragón a se desdobrar para salvar.

- A gente sabia do nosso poder ofensivo. Tinha o Romário, que era campeão do mundo, o Sávio... Aí, a gente foi com tudo para frente, eram mais de 100 mil pessoas nos empurrando. Foram muitas chances nossas! - relembrou Rodrigo Mendes.

O goleiro colombiano ainda se desdobrou em cabeçada de Aloísio Chulapa. E, após muita pressão, a torcida do Flamengo comemorou aos 17 minutos.

No rebote de tentativa de Aloísio Chulapa, Sávio encheu o pé e Bustos salvou em cima da linha. Na sobra, Romário, fulminante, abriu o marcador: 1 a 0, e o sonho do título da Supercopa Libertadores continuava.

- A bola sobrou para mim, eu chutei com tudo e um cara tirou em cima da linha! O Romário veio quase de fora da área e conseguiu fazer.

Mas, nem tudo foi festa após o gol. Em meio à confusão entre jogadores de Flamengo e Independiente para pegar a bola e reiniciar a partida, Nélio e Domizzi discutiram e foram expulsos:

- Na confusão pela bola, um cara tinha deixado um jogador nosso caído. Eu vinha também quente. Aí, a gente (ele e Domizzi, do Independiente) se desentendeu e nós acabamos expulsos - recordou Nélio.

O Rubro-Negro tentou seguir seu ímpeto, e teve nova chance quando Romário recebeu aos 29. Só que o Baixinho desperdiçou.

- Eles se fecharam ao máximo, não deram quase nenhum chute a gol. Tanto que o melhor deles foi Mondragón! - lamentou Sávio.

O INDEPENDIENTE COMEMORA, E O FLA CELEBRA A SUA LUTA

A equipe seguiu toda na área do Independiente, mas, desordenadamente, não chegou ao segundo gol. Restou sair de campo com a insuficiente vitória por 1 a 0. No apito final, enquanto o "Rey de Copas" celebrava, o Flamengo era "acolhido" por sua torcida:

- Foi um momento de tristeza no Maracanã. A gente sabia que tinha de fazer o melhor possível, e lutou tanto que não saiu vaiado naquela noite. A torcida sabia do nosso esforço! - contou Nélio.

Sávio também disse que a maneira como a Nação "recepcionou" o Rubro-Negro serviu como um alento para a final da Supercopa Libertadores e o ano de 1995.

- A torcida sabia da nossa dedicação, do quanto a gente buscou aquele título. Tanto que nós fomos aplaudidos ao final do jogo, pela maneira como a gente se empenhou. Foi um ano muito maluco, em que perdemos títulos por detalhes, o "gol de barriga" no Carioca, essa partida na Supercopa...

Rodrigo Mendes foi outro jogador que reconheceu que as lembranças do centenário poderiam ser bem diferentes:

- Aquele título ia ser uma redenção não só pelo ano do centenário do clube. O Flamengo não conquistava um título internacional há muito tempo.

EX-ÍDOLOS FAZEM COMPARAÇÕES ENTRE FLA DE 1995 E O FLA DE 2017

Aos olhos dos jogadores que disputaram a final da Supercopa de 1995, o atual Flamengo passa por alguns desafios semelhantes àquela decisão:

- O desafio é jogar com paciência. Em finais como estas, é preciso ter sabedoria, para que o Flamengo saiba jogar da melhor forma e mostrar seu potencial - opinou Nélio.

Sávio diz que esta equipe tem algo em comum com o elenco que entrou em campo em 6 de dezembro de 1995:

- Assim como em 1995, esta final é vista como chance de "salvar o ano". O clube também passou por um forte investimento, e agora tem de honrar isto. Desta vez, o Flamengo tem mais chances, porque precisa inverter um placar menor e não tem o critério de 'gol fora".

FICHA TÉCNICA

FLAMENGO 1x0 INDEPENDIENTE

Data: 06/12/1995

Local: Maracanã, no Rio de Janeiro (RJ)

Árbitro: Epifanio González

Cartões amarelos: Rodrigo Mendes, Djair (FLA), Domizzi, Claussen, Gustavo López, Mondragón e Mazzoni (IND).

Cartões vermelhos: Nélio (FLA) e Domizzi (IND)

Gol: Romário, 17/2T (1-0)

FLAMENGO: Paulo César; Nélio, Cláudio (Aloísio Chulapa), Ronaldão e Lira; Márcio Costa, Djair, Marquinhos e Rodrigo Mendes (Uéslei); Sávio e Romário. Técnico: Washington Rodrigues

INDEPENDIENTE: Mondragón; Clausen, Rotchen, Bustos e Domizzi; Molina, Serrizuela, Gagña e Gustavo López (Burruchaga); Álvez (Kobiticz) e Mazzoni. Técnico: Miguel Ángel López

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