Sucesso na 2ª divisão mexicana, brasileiro reclama racismo
Desconhecido do grande público brasileiro, um brasileiro faz sucesso na segunda divisão mexicana. Com passagens discretas por clubes como Atlético-MG, Botafogo-SP, Canoas e Portuguesa, o jogador encontrou o estrelato em um lugar impovável e até boneco de brinquedo no Necaxa, famoso por ser o clube de coração do personagem Seu Madruga. Mesmo assim não escapou de um caso isolado de racismo.
No empate do Necaxa por por 0 a 0 contra o Ballenas Galeana, no Estádio Centenário, Tatá diz que torcedores rivais imitaram macacos no momento em que ele foi expulso. "Fiquei bastante abalado no final de semana inteiro. Acho isso ridículo e estou bem triste. Mostra apenas muita ignorância e falta de respeito ao próximo. Me deixou muito triste, mas já foi", disse.
Apesar do caso isolado, o jogador se diz feliz no México. Com 10 gols e 12 assistências em 22 jogos, o atleta virou até boneco nas lojas do clube.
"Isso é muito bom, pois é importante se sentir querido. Sempre procuro dar o meu melhor para que esse carinho e respeito prevaleça. Isso é importante, deixa o atleta muito feliz", analisou Tatá, em entrevista concedida ao Terra.
"Posso dizer que não tive muitas dificuldades para me adaptar ao México. Fui recebido de braços abertos tanto pela equipe, quanto pela torcida. Claro que isso me ajudou muito. O clima daqui é muito parecido com o nosso do Brasil, o que me fez sentir ainda mais em casa", confessou.
Para quem não está familiarizado com o Necaxa, ele ganhou fama no Brasil especialmente no ano 2000, quando disputou o Mundial de Clubes da Fifa, em edição vencida pelo Corinthians. Na ocasião, os mexicanos surpreenderam ao empatarem com o Manchester United por 1 a 1 e avançarem para disputar a decisão do terceiro lugar. Venceram o Real Madrid nos pênaltis. Além disso, o clube tinha como torcedor ilustre o Seu Madruga, interpretado pelo falecido Ramón Valdez, além do ator Roberto Bolaños - o Chaves - ter atuado nas categorias de base. O Necaxa foi rebaixado depois de momentos de crise nos últimos anos, que levaram o tricampeão mexicano à segunda divisão.
"Já ouvi falar sobre isso, mas na verdade vejo muita foto do Seu Madruga nas reportagens, nas charges do clube e no estádio. Acho muito legal, pois como toda criança, assistia muito Chaves. Infelizmente não conheci o Chaves pessoalmente e para falar a verdade, nunca ouvi muita coisa sobre ele aqui no clube. Sei que quando era jovem chegou a jogar na base do Necaxa", afirmou o atacante brasileiro.
"Esse clube é maravilhoso. Uma estrutura que não perde para os grandes do Brasil em nada. Vejo vários clubes no Brasil com problemas de salário. Desde que cheguei ao Necaxa isso nunca aconteceu e agora estamos lutando muito para colocar a equipe na primeira divisão novamente", completou.
Sobre os planos para o futuro, o centroavante não pensa duas vezes: gostaria de, um dia, atuar em um dos dois times mais populares do Brasil. "Jogar no Corinthians ou no Flamengo. São os mais populares do Brasil e acho que isso mexe com qualquer jogador. Como toda criança, eu tenho o sonho de vestir a amarelinha um dia", projetou. "No momento eu só penso no Necaxa. Estou bem aqui, estou feliz, com continuidade e quero ajudar a minha equipe a subir. Acabando o campeonato vou pensar no meu futuro", concluiu.