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Argentina

Especial: Copa América reencontra o Brasil após 30 anos

14 jun 2019 - 07h12
(atualizado às 07h12)
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A Copa América será disputada no Brasil a partir desta sexta-feira. Trata-se de um reencontro. O país não recebia uma edição do torneio desde 1989, anos em que a Seleção Brasileira conquistou o caneco derrotando o Uruguai por 1 a 0 na final.

Em 1989 o Brasil vivia um ano de mudanças, com a primeira eleição direta para presidente desde que o regime militar chegou ao fim. Fernando Collor de Melo foi eleito presidente de um país que tinha instituído o Cruzado no moeda. O mundo vivenciava o fim da Guerra Fria com a decisão de se derrubar o muro de Berlim.

Trinta anos depois o Brasil e o mundo viveram vários fatos relevantes, mas nunca uma Copa América voltou ao país, o que vai acontecer agora. "A expectativa é muito grande pois o Brasil sabe como é gostoso receber um evento de grande porte", disse Tite, técnico da Seleção Brasileira.

Esta Copa América se inicia tendo o Chile como atual bicampeão. O Uruguai é o país mais vitorioso na história da Copa América, com 15 títulos, um a mais que a Argentina. O Brasil, que foi campeão pela última vez em 2007, tem oito canecos.

Com a ausência de Neymar, por conta de lesão, os candidatos a craque são Lionel Messi, da Argentina, e Luis Suárez, do Uruguai. A Ásia se faz representar com dois convidados: Catar e Japão.

O Brasil e seus títulos 

Depois de fazer figuração nas duas primeiras edições, quando chegou na terceira posição, a Seleção Brasileira conquistou seu primeiro título da Copa América na edição de 1919, quando sediou o evento. O torneio era para ter sido realizado em 1918, mas foi adiado em um ano devido a uma epidemia de gripe que assolava o Rio de Janeiro. Comandado pelo implacável artilheiro Artur Friedenreich e Neco (os dois dividiram a artilharia com quatro gols cada) o time canarinho foi impecável. Estreou fazendo 6 a 0 no Chile, bateu a Argentina por 3 a 1 e empatou em 2 a 2 com o Uruguai, que foi seu adversário na final. O título contra a Celeste foi ganho após Friedenreich marcar o gol único do duelo na segunda prorrogação de um confronto que durou cerca de 150 minutos.

Em 1922 o Brasil voltava a sediar uma Copa América e novamente a conquistaria. Outra vez jogando nas Laranjeiras, a Seleção Brasileira teve um troféu bem mais contestado, pois terminou a primeira fase empatada com Paraguai e Uruguai. O time canarinho fez uma campanha irregular, empatando com Chile, Uruguai e Paraguai, e vencendo apenas a Argentina. Para tirar ainda mais a credibilidade do evento, os uruguaios abandonaram a disputa se queixando da arbitragem e os argentinos, que ficaram na última posição, não contaram com os jogadores de seus principais clubes. Na grande final o Brasil não encontrou maiores problemas para fazer 3 a 0 no Paraguai. Neca foi o grande destaque do time, que já não contava mais com Friedenreich.

Em 1923 o Brasil fez uma de suas piores campanhas, perdendo todos os jogos e chegando na última posição. No ano seguinte, devido a problemas financeiros a Seleção Brasileira sequer participou, voltando no ano seguinte para ser vice-campeã. Porém a irregularidade seguia e os brasileiros voltaram a ficar algumas edições ausentes devido a problemas políticos e financeiros. Reapareceu em 1937, outra vez para ser vice.

Depois de ausências e fracassos, a Seleção Brasileira voltaria a se sagrar campeã em 1949, dessa vez com um futebol vistoso. Apesar da derrota de 2 a 1 para o Paraguai, os brasileiros ficaram marcados por goleadas impiedodas, como os 9 a 1 contra o Equador e os 10 a 1 contra a Bolívia. No jogo-desempate novo show: 7 a 0 nos paraguaios. O ataque brasileiro marcou 46 gols e a edição foi recorde em termos de gols: 135. Zizinho, Jair da Rosa Pinto e Ademir de Menezes foram os destaques de um time que no ano seguinte perderia a final da Copa do Mundo no Maracanã para o Uruguai. Em 1949 a Copa América foi disputada em vários estádios, curiosamente não nas Laranjeiras, palco dos dois primeiros títulos canarinhos.

Em 1959 Pelé jogou a sua única Copa América, foi vice-campeão ao perder para a Argentina numa final, no Estádio Monumental de Núñez, que a arbitragem fez de tudo para os platinos ganharem. Apesar disso o Atleta do Século tem boas recordações do torneio, pois foi escolhido o melhor da competição e terminou na artilharia com oito gols. Ainda em 1959 a Confederação Sul-Americana de Futebol (Conmebol) realizou uma segunda edição para atender a um pedido do anfitrião Equador, que queria inaugurar o Estádio Modelo de Guayaquil. Porém o Brasil não valorizou o torneio e ficou em terceiro lugar, sendo representado por um combinado de Pernambuco.

Por muito tempo a Seleção Brasileira perseguiu o título sem sucesso, inclusive passando por algumas humilhações, como quando em 1987 foi goleada por 4 a 0 pelo Chile. Apenas quarenta anos depois da última conquista, em 1989, quando voltou a sediar a Copa América, que o Brasil enfim sentiu novamente o gostinho de ser campeão. O time dirigido por Sebastião Lazaroni começou o torneio sob as desconfianças da torcida. Para piorar os três primeiros jogos aconteceram em Salvador e sob vaias da torcida baiana, que não entendia o porquê de Charles Baiano, do Bahia, não ser titular de um time que tinha a dupla de ataque formada por Bebeto e Romário. Alguns jogos mais tarde eles entenderiam o porquê. Depois de vencer a Venezuela por apenas 3 a 1 (levando o primeiro gol marcado pelos venezuelanos sobre o Brasil em toda a história) e empatar sem gols com Peru e Colômbia, o escrete canarinho seguiu para Recife, onde bateu o Paraguai e ganhou fôlego para a fase final, jogada toda no Rio de Janeiro. No Maracanã, com um show de Romário e Bebeto, o Brasil passou pela Argentina por 2 a 0 e atropelou os paraguaios por 3 a 0 antes de fazer a final com o Uruguai. Diante de 170 mil torcedores (público recorde no torneio) o Baixinho fez o gol do título num 1 a 0 histórico. Bebeto foi o artilheiro com seis gols.

"Aquela Copa América foi importante porque o Brasil vinha de um longo jejum e o início não foi nada fácil, com aqueles problemas na Bahia. Mas fomos crescendo com a competição, encorpando e enfim chegamos ao estágio ideal", recordou Lazaroni.

Depois de ver a Argentina se sagrar bicampeã e perder um título nos pênaltis para o Uruguai, a Seleção Brasileira voltaria a ser campeã em 1997, pela primeira vez fora de seu próprio território. Na altitude boliviana um time com o goleiro Taffarel, os laterais Cafu e Roberto Carlos, o volante Dunga e os atacantes Romário e Ronaldo não encontrou adversários do mesmo nível e chegou a aplicar uma histórica goleada de 7 a 0 sobre o Peru nas semifinais. Na grande decisão o Brasil, mesmo sem Romário, lesionado, bateu a Bolívia por 3 a 1, com gols de Denilson, Ronaldo e Zé Roberto. O atacante Ronaldo foi o artilheiro da competição, com sete gols. Após o torneio, irritado com as críticas de alguns segmentos da imprensa, o técnico Mário Jorge Lobo Zagallo soltou uma frase em tom de desabafo que seria eternizada: "Vocês vão ter que me engolir".

Dois anos mais tarde, no Paraguai, o Brasil, dessa vez sob o comando de Vanderlei Luxemburgo, seria pela primeira vez bicampeão. Nunca a Seleção Brasileira teve um desempenho tão brilhante, ganhando todas as partidas, marcando 17 gols e sofrendo apenas dois. Logo na estréia, nos 7 a 0 sobre a Venezuela, o país seria apresentado ao gênio Ronaldinho Gaúcho, que estreava com a camisa amarelinha marcando um gol de placa. Depois o Brasil fez 2 a 1 no México, 1 a 0 no Chile, 2 a 1 na Argentina, 2 a 0 novamente nos mexicanos e 3 a 0 na grande final contra o Uruguai. Ronaldo e Rivaldo dividiram a artilharia com cinco gols. O torneio marcou a estréia do Japão, que atendeu a um convite da Conmebol.

Em 2001 a Copa América foi disputada num clima de guerra civil, devido aos problemas da Colômbia, a sede, com guerrilhas e com o narcotráfico. O fato assustou a Argentina, que sequer enviou delegação. Liderado pelo técnico Luiz Felipe Scolari o Brasil cometeu outro histórico vexame ao ser eliminado pela modesta seleção de Honduras. Um ano depois a Família Scolari daria a volta por cima e se sagraria pentacampeã do mundo.

Em 2004, no Peru, a Seleção Brasileira conquistou um título histórico. O técnico Carlos Alberto Parreira decidiu fazer experiências e poupou as principais estrelas. Com isso o destaque do Brasil foi o atacante Adriano que, com sete gols, obteve a artilharia. A primeira fase foi complicada e após vitórias sobre Chile e Costa Rica e derrota para o Paraguai os brasileiros ficaram com a segunda posição. Nas quartas-de-final uma goleada sobre o México por 4 a 0 que escondia a fragilidade do time, que penou para superar o Uruguai nos pênaltis nas semifinais após empate por 1 a 1 no tempo normal.

Na grande final a Argentina, com seu time principal, ficou duas vezes em vantagem, com gols de Killy González e César Delgado. Luisão tinha marcado para o Brasil. Mas o empate veio aos 47 minutos, num chute de fora da área de Adriano, pouco tempo depois de Carlito Tevez, considerando o título ganho, ter feito firulas para menosprezar os brasileiros. o jogador viraria ídolo do Corinthians um ano depois. Nos pênaltis, os argentinos, abalados, caíram por 4 a 2.

Já em 2007 o técnico Dunga enfrentou muitos problemas antes da disputa do torneio, que foi na Venezuela. Os meias Kaká e Ronaldinho Gaúcho não quiseram jogar a competição alegando cansaço. O meia Zé Roberto pediu dispensa considerando que seu ciclo no escrete canarinho tinha chegado ao fim. Apesar de algumas dificuldades na primeira fase a Seleção Brasileira cresceu na reta final, mas mesmo assim chegou desacreditada para decidir com a Argentina. Porém, os brasileiros deram um verdadeiro show, ganhando por 3 a 0: gols de Júlio Baptista, Ayala (contra) e Daniel Alves.

Sistema de disputa

O sistema de disputa da Copa América deste ano é o tradicional, com as 12 seleções divididas em três grupos de quatro equipes. No Grupo A o Brasil está ao lado da Bolívia, do Peru e da Venezuela. O Grupo B tem Argentina, Catar, Colômbia e Paraguai. Já o Grupo C apresenta Uruguai, Equador, Chile e Japão.

As equipes se enfrentam em turno e returno dentro de seus respectivos grupois e ao fim os dois melhores colocados de cada chave avançam para as quartas de final, assim como os dois melhores terceiros colocados. A partir daí é sistema de mata-mata até a grande decisão.

Abaixo o histórico do Brasil no torneio:

1916: 3º lugar

1917: 3º lugar

1919: Campeão

1920: 3º lugar

1921: 2º lugar

1922: Campeão

1923: Último lugar

1924: Não disputou

1925: 2º lugar

1926: Não disputou

1927: Não disputou

1929: Não disputou

1935: Não disputou

1937: 2º lugar

1939: Não disputou

1941: Não disputou

1942: 3º lugar

1945: 2º lugar

1946: 2º lugar

1947: Não disputou

1949: Campeão

1953: 2º lugar

1955: Não disputou

1956: 4º lugar

1957: 2º lugar

1959a: 2º lugar

1959b: 3º lugar

1963: 4º lugar

1967: Não disputou

1975: 4º lugar

1979: 4º lugar

1983: 2º lugar

1987: 5º lugar

1989: Campeão

1991: 2º lugar

1993: 6º lugar

1995: 2º lugar

1997: Campeão

1999: Campeão

2001: 6º lugar

2004: Campeão

2007: Campeão

2011: 7º lugar

2015: 5º lugar

2016: 9º lugar

Os títulos por países

URUGUAI: 15

ARGENTINA: 14

BRASIL: 8

CHILE: 2

PARAGUAI: 2

PERU: 2

COLÔMBIA: 1

BOLÍVIA: 1

Todos os campeões

ANO/CAMPEÃO/VICE

2016 Chile Argentina

2015 Chile Argentina

2011 Uruguai Paraguai

2007 Brasil Argentina

2004 Brasil Argentina

2001 Colômbia México

1999 Brasil Uruguai

1997 Brasil Bolívia

1995 Uruguai Brasil

1993 Argentina México

1991 Argentina Brasil

1989 Brasil Uruguai

1987 Uruguai Chile

1983 Uruguai Brasil

1979 Paraguai Chile

1975 Peru Colômbia

1967 Uruguai Argentina

1963 Bolívia Paraguai

1959 Uruguai Argentina

1959 Argentina Brasil

1957 Argentina Brasil

1956 Uruguai Chile

1955 Argentina Chile

1953 Paraguai Brasil

1949 Brasil Paraguai

1947 Argentina Paraguai

1946 Argentina Brasil

1945 Argentina Brasil

1942 Uruguai Argentina

1941 Argentina Uruguai

1939 Peru Uruguai

1937 Argentina Brasil

1935 Uruguai Argentina

1929 Argentina Paraguai

1927 Argentina Uruguai

1926 Uruguai Argentina

1925 Argentina Brasil

1924 Uruguai Argentina

1923 Uruguai Argentina

1922 Brasil Paraguai

1921 Argentina Brasil

1920 Uruguai Argentina

1919 Brasil Uruguai

1917 Uruguai Argentina

1916 Uruguai Argentina

Artilheiros

1916 Isabelino Gradín (Uruguai) - 3 gols

1917 Angel Romano (Uruguai) - 3

1919 Friedenreich (Brasil) - 4 gols

Neco (Brasil)

1920 Angel Romano (Uruguai- 3 gols

José Pérez (Uruguai)

1921 Julio Libonatti (Argentina) - 3 gols

1922 Juan Francia (Argentina) - 4 gols

1923 Aguirre (Argentina) - 3 gols

Pedro Petrone (Uruguai)

1924 Pedro Petrone (Uruguai) - 4 gols

1925 Manuel Seoane (Argentina) - 6 gols

1926 David Arellano (Chile) - 7 gols

1927 Roberto Figueroa (Uruguai) - 4 gols

1929 Aurelio González (Paraguai- 5 gols

1935 Masantonio (Argentina) - 4 gols

1937 Zozaya (Argentina) - 5 gols

Toro (Chile)

Varela (Uruguai)

1939 Teodoro Fernández (Peru) - 7 gols

1941 Juan Marvezzi (Argentina) - 5 gols

1942 José Moreno (Argentina) - 7 gols

Masantonio (Argentina)

1945 Méndez (Argentina) - 6 gols

Heleno de Freitas (Brasil)

1946 José María Medina (Uruguai) - 7 gols

1947 Nicolás Falero (Uruguai) - 7 gols

1949 Jair Rosa Pinto (Brasil) - 9 gols

1953 Francisco Molina (Chile) - 8 gols

1955 Rodolfo Micheli (Argentina) - 8 gols

1956 Enrique Hormazábal (Chile) 4 gols

1957 Maschio (Argentina) - 9 gols

Ambrois (Uruguai)

1959 Pelé (Brasil) - 8 gols

1959b Sanfilippo (Argentina) - 5 gols

1963 Carlos Raffo (Equador) - 6 gols

1967 Luis Artime (Argentina) - 5 gols

1975 Luque (Argentina) - 4 gols

Ernesto Díaz (Colômbia)

1979 Jorge Peredo (Chile) - 4 gols

Eugenio Morel (Paraguai)

1983 Burruchaga (Argentina) - 3 gols

Roberto Dinamite (Brasil)

Aguilera (Uruguai)

1987 Arnoldo Iguarán (Colômbia) - 4 gols

1989 Bebeto (Brasil) - 6 gols

1991 Batistuta (Argentina) - 6 gols

1993 Dolgetta (Venezuela) - 4 gols

1995 Batistuta (Argentina) - 4 gols

Luis García (Argentina)

1997 Ronaldo (Brasil) - 7 gols

1999 Rivaldo (Brasil) - 5 gols

Ronaldo (Brasil)

2001 Aristizábal (Colômbia) - 6 gols

2004 Adriano (Brasil) - 7 gols

2007 Robinho (Brasil) - 6 gols

2011 Paolo Guerrero (Peru) - 5 gols

2015: Eduardo Vargas (Chile) e Paolo Guerrero (Peru) - 4 gols

2016: Eduardo Vargas (Chile) - 6 gols

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