Mesmo com derrota, seleção brasileira feminina já mostra diferenças com Arthur Elias
No segundo amistoso contra o Canadá, Brasil perde por 2 a 0 mas revela mudanças após a troca de comando técnico; entenda.
A seleção brasileira voltou a apresentar as mudanças no 1º tempo do segundo amistoso contra o Canadá, fora de casa. Rivalidade que ficou de lado ao idolatrar a maior artilheira de seleções no mundo, Christine Sinclair, ao lado da maior da história brasileira, Marta. Sinclair anunciou que esse ano irá se aposentar da seleção canadense com 40 anos de idade e 190 gols marcados até o momento. Ela e Marta, que começaram juntas na Copa do Mundo, foram homenageadas num simbolismo gigante do que as duas camisas se tornaram graças às suas protagonistas.
Dito isso, precisamos entender o Canadá no cenário mundial: dois bronzes olímpicos, em Londres 2012 e no Rio 2016, e um ouro olímpico em Tóquio 2020. Hoje é um adversário que também passa por uma renovação, embora a técnica Bev Prietsman insista em suas remanescentes. A seleção brasileira está adiantada nesse quesito, trocou mas faltava sincronia. A boa notícia é que, mesmo com a derrota, esse ajuste já começou a aparecer.
Enquanto tínhamos Pia Sundhage avisando que a transformação dessa seleção brasileira demoraria, vimos Arthur Elias utilizando o elenco da forma que cada peça se sente confortável. Ele conhece bem. A adaptação do campo e do clima (2ºC em Halifax) demorou poucos minutos, em seguida o Brasil rendeu mais no meio-campo e criou mais chances - faltou aquele último passe. As adversárias pressionaram depois dos 39 minutos do 1º tempo. Antes disso, vimos Marta titular atuando como uma meia dividindo as funções com Bia Zaneratto e Adriana. Na hora do ataque, Marta se adiantava e trabalhava num campo menor, com menos desgaste nesse modelo de jogo. A camisa 10 também voltava para ajudar na marcação; característica forte de liderança em campo que tinha se apagado na última Copa do Mundo - até por uma imposição técnica.
O Canadá não é mais tão forte e o Brasil tem jogadoras habilidosas e jovens como Angelina e Ary Borges. Os problemas começaram a se intensificar no segundo tempo, quando sofreram os dois gols de Huitema e Deanne Rose. O Canadá jogou mais compactado e subiu a linha ofensiva. Há um esforço gigantesco do Arthur Elias de colocar jogando juntas Marta e Cristiane, que entrou na segunda metade do jogo. A questão é se elas irão acompanhar a intensidade e o volume que visa o treinador. Particularmente, acredito que sim - Sinclair foi campeã olímpica aos 37 anos, lembra?
O que falta? A mobilidade nos lados, importante para levar as laterais para dentro da área, desafogando as atacantes. Arthur Elias também terá que rever as suas convocações para o Brasil não cair o rendimento físico como aconteceu nesse segundo tempo. A seleção brasileira deverá investir em jogadoras que mantenham a marcação alta e a intensidade de jogo para se igualar às outras equipes de alto nível mundial. Além de trabalhar a tomada de decisão e ansiedade coletiva pensando nas finalizações. O melhor aconteceu: o time reagiu! E já busca rever as melhorias com adversários que dificultem o processo. A próxima data FIFA, do dia 27 de novembro a 5 de dezembro, será fundamental para moldar a nova cara do Brasil no futebol feminino.