Fluminense é campeão da Libertadores com técnico profeta e herói irresponsável
Com enredo dramático, tricolor domina, sofre empate e suporta pressão do Boca Juniors. Rebeldia de John Kennedy garante título inédito!
A final da Libertadores 2023 parecia um jogo de xadrez, as ações adversárias ditavam os movimentos dos times. O domínio do jogo e a posse de bola estava com o Fluminense, que investiu nos toques curtos até conseguir o que queria: espaço. O Boca Juniors parecia entender a estratégia, teve chute perigoso de fora da área de Merentiel, Cavani sem assustar Fábio e na marcação um contra um foi constantemente agressivo, até que a mágica do Dinizismo começou a acontecer.
Aos 26 minutos, o ataque tricolor avançou pela direita e fez a equipe xeneize se deslocar pela primeira vez. Deu tão certo que, enquanto o Boca respondia com a cabeçada de Valentini (não marcada pela arbitragem), o ataque do Fluminense repetia o lado e a movimentação para ser fatal. E tinha que ser ele. Artilheiro do Flu na Libertadores, Germán Cano iria ficar sozinho para fazer o 13º gol dele na competição, o 9º de pé direito, o gol de número 81 no tricolor carioca e o mais importante entre o jogador de 35 anos e o clube. Quando a tabela simples entre Keno e Arias funcionou, o lateral argentino Advíncula se afastou de Cano que deu dois passos para trás e com apenas um toque marcou, 1 a 0. Fluminense tinha a vantagem e o Boca, os cartões amarelos.
O segundo tempo foi marcado pela pressão argentina com a ideia de empurrar o tricolor carioca; não deu certo assim. Obrigando o Boca a fazer o jogo incialmente pensado por Diniz, o que tirou Cavani do sério - e posteriormente da partida, perdeu a oportunidade de ampliar com Marcelo. Recuado, o Fluminense também pecou deixando o corredor direito aberto e dessa vez Advíncula se redimiu. Ao receber de Medina, tirou para o meio e de perna esquerda empatou. Os mais experientes foram substituídos dos dois lados e o Diniz trocou praticamente toda a defesa do Fluminense, além de acreditar em John Kennedy para fazer o gol do título. Foi Diogo Barbosa que perdeu a chance de garantir a taça no tempo regulamentar após receber o passe perfeito do Lima.
Diniz profetizou. Na prorrogação, o Boca Juniors cresceu e ficou com a bola e mesmo assim não parou a linda jogada de Diogo Barbosa para Keno dar a segunda assitência para o predestinado John Kennedy. A euforia do jovem de 21 anos o levou para abraçar a torcida e depois de ser resgatado pelos seguranças, foi expulso. Sorte que a paciência dos argentinos é pouco e Fabra ignorou a experiência que tem ao agredir Nino. Agora os dois times tinham 10 em campo e mais 15 minutos para fazer história.
Num enredo de cinema, Fábio foi frio e parou o insistente adversário. A primeira Libertadores chegou para o Fluminense que dominou, sofreu e suportou por um objetivo; conquistar um título inédito! A primeira vez na estante, a primeira vez de um estilo de jogo posicional, autoral de Fernando Diniz. Uma equipe diferente que já seria estudada pelo que propôs: inovar, acreditar e insistir. Agora, ao conhecer o novo campeão da Libertadores conhecemos, também, uma nova escola.