Terra mostra a evolução dos carros de F1 até os dias atuais
25 mar2010 - 16h39
(atualizado às 22h03)
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Henrique Moretti
Dos motores dianteiros de 1950 à atual "barbatana de tubarão"; do "efeito-solo" de 1978 ao difusor duplo polêmico do ano passado; da suspensão ativa imbatível da Williams nos anos 90 à volta dos pneus slick em 2009. Não há dúvidas de que a Fórmula 1 evoluiu muito e passou por diversas transformações desde que Nino Farina foi campeão da primeira temporada da categoria até Jenson Button se consagrar com a Brawn GP na última. Tudo o que aconteceu entre esses títulos você confere neste especial do Terra.
Anos 1950: Como o desenvolvimento da indústria automobilística foi muito prejudicada pela Segunda Guerra Mundial, os carros que inauguraram a Fórmula 1, em 1950, ainda respeitavam os padrões do pré-guerra. Assim, tinha suspensão wishbones (espécie de hastes em forma de A), eixos muito rígidos e motor na parte dianteira. Esta característica se manteve até 1959, quando a Cooper Climax inovou, levando o propulsor para a traseira e conquistando o título com o australiano Jack Brabham.
Anos 1960: O principal destaque da década foi a criação dos carros construídos em 1962 no método monocoque, que permitiu que os pilotos se sentassem de forma mais inclinada no cockpit e não mais em um ângulo de praticamente 90º. Cinco anos depois, chamaram a atenção a utilização do primeiro aerofólio traseiro e o surgimento do motor Ford V8 - entre 1968 e 1981, a marca americana só não participou da conquista de quatro títulos.
Anos 1970: Dois marcos na história da Fórmula 1 vieram nessa período. Em 1977, a Renault inaugurou a era dos motores turbo, que durou até 1988. Enquanto isso, a Lotus se focava no desenvolvimento do efeito-solo, que "grudava" os carros na pista e os ajudava a atingir velocidades altíssimas - esse tipo de monoposto foi proibido em 1982, após a trágica morte do canadense Gilles Villeneuve.
Anos 1980: Em 1989, os motores turbos foram proibidos, ficando apenas os aspirados até os dias atuais. O final dessa década marcou o período de ouro da da McLaren, cujo principal diferencial em relação às rivais não era no campo técnico e sim de capacidade: os pilotos. Juntos, Alain Prost e Ayrton Senna dominaram a competição, só não vencendo sete das 32 corridas organizadas entre 1988 e 1989. Na sequência, contando apenas com o brasileiro, a escuderia ganharia mais dois títulos, completando o tetracampeonato consecutivo.
Anos 1990: Após a grande sequência da McLaren, o domínio da Fórmula 1 foi tomado pela Williams graças à suspensão ativa, controlada por meios eletrônicos, que percebia qualquer imperfeição na pista e adaptava o carro a ela em milésimos de segundo. Com o sistema e também com o controle de tração, a equipe consagrou Nigel Mansell, que ganhou nove das 16 etapas de 1992, e depois fez de Prost tetracampeão mundial. A partir de 1994, esta tecnologia foi banida e voltou o reabastecimento, o que tornou as corridas mais estratégicas: melhor para Ross Brawn, que junto a Michael Schumacher levou a Benneton ao bicampeonato entre os pilotos.
Anos 2000: O domínio de Schumacher foi ampliado com o início da década seguinte. Em 2000, ele quebrou um jejum de títulos da Ferrari que durava desde 1979 novamente contando com o auxílio de Brawn, brilhante estrategista. O alemão não deu chance aos oponentes até 2004, período no qual a equipe italiana ganhou 57 de 85 grandes prêmios. Depois, destaque para o surgimento de Fernando Alonso em uma Renault respaldada pela força da Michelin na guerra de pneus com a Bridgestone e para a Brawn GP: em uma temporada na qual acabaram-se as "asinhas" e retornaram os pneus slick, o time novato superou os gigantes criando o polêmico difusor duplo.
Nesta temporada, a principal mudança foi a proibição do reabastecimento.
Terra faz análise da evolução dos carros da Fórmula 1 de 1950 até 2010
Terra faz análise da evolução dos carros da Fórmula 1 de 1950 até 2010
Foto: AFP
Juan Manuel Fangio guia Alfa Romeo na primeira temporada da categoria; campeão seria seu parceiro, o italiano Nino Farina
Foto: AFP
Quatro anos depois, o argentino Fangio brilhou pela Mercedes, ainda utilizando um carro cujo motor ficava na parte dianteira
Foto: Getty Images
Os motores só foram para a traseira a partir da Cooper, campeã em 1959 com o australiano Jack Brabham; na foto, o outro piloto da equipe, o inglês Stirling Moss
Foto: Getty Images
Com inovador motor de oito cilindros, BRM dominou a concorrência e deu o primeiro título ao inglês Graham Hill, em 1962
Foto: Getty Images
Entre 1968 e 1981, motor Ford só não ganhou na Fórmula 1 em quatro anos; estreia do modelo V8 ocorreu em 1967, com a Lotus do escocês Jim Clark
Foto: Getty Images
Austríaco que morreu em um acidente durante a temporada de 1970 e mesmo assim foi campeão, Jochen Rindt pilotava uma Lotus que inovou com um bico fechado e mais fino
Foto: Getty Images
Em 1976, a Tyrrell levou sul-africano Jody Scheckter a uma vitória, mas não revolucionou a Fórmula 1: carro de seis rodas não pegou
Foto: Getty Images
Em 1978, americano Mario Andretti se tornou campeão graças ao revolucionário "efeito-solo" da Lotus; mecanisco que aumentava a velocidade deixou a Fórmula 1 quatro anos depois, com a morte de Gilles Villeneuve
Foto: Getty Images
O motor turbo estreou na Fórmula 1 em 1977 com a Renault, mas a princípio nem pontos marcou; na foto, o francês Jean-Pierre Jabouille pilota o carro de 1979
Foto: Getty Images
Em 1981, Lotus, do italiano Elio de Angelis, tentou inovar criando um chassi duplo para o carro. Intenção era de aumentar aderência, mas o modelo foi considerado uma fraude e barrado com o campeonato em andamento
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Brasileiro Nelson Piquet, da Brabham, foi o primeiro campeão da Fórmula 1 com motores turbo, em 1983; cinco anos depois, Ayrton Senna seria o último
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Em 1986, Williams dominou Mundial de Construtores com Piquet e Mansell, mas ficou sem título individual; na temporada, Gerhard Berger aproveitou o motor turbo da Benetton-BMW para atingir em Monza o recorde de velocidade da Fórmula 1: 351,220 km/h
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Em 1988, McLaren apostou na capacidade dos pilotos e colheu frutos: Alain Prost e Ayrton Senna só não ganharam uma de 16 corridas disputadas
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No ano seguinte, os motores passaram a ser aspirados. Na pista, o resultado não mudou, e a McLaren continuou na frente
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Em 1992, Nigel Mansell enfim quebrou jejum de títulos graças a uma nova tecnologia da Williams: a suspensão ativa; com tanta tecnologia, inglês ganhou nove corridas
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Em 1994, reabastecimento foi liberado e as corridas se tornaram mais estratégias. Melhor para Ross Brawn, que comandou bi de Michael Schumacher na Benetton; em 1995, alemão usava o chamado "bico de tubarão"
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McLaren de Mika Hakkinen brilhou com nove vitórias em 1998, ano de estreia dos pneus com sulcos
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Brawn e Schumacher repetiram parceria vitoriosa e estratégica na Ferrari, pentacampeã com o piloto (a foto é de 2004)
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Temporada mais dominante do alemão foi em 2004, quando venceu 13 de 18 provas realizadas; parceiro Rubens Barrichello ainda venceu duas
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Em 2004, Williams, que contava com Juan Pablo Montoya, inaugurou bico que a apelidou de "batmóvel"; iniciativa não deu certo, e equipe refez o modelo durante a temporada
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No auge da guerra dos pneus, em 2005, Renault aproveitou grande material da Michelin para quebrar domínio da Ferrari e consagrar Fernando Alonso
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Renault apresentou durante o campeonato de 2008 a tampa de prolongamento do motor; a popular "barbatana de tubarão" melhorou a aerodinâmica e é usada pela equipe até a atualidade
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Em 2008, Robert Kubica chegou a sonhar com o título mundial; BMW era recheada de "asinhas", que seriam banidas no ano seguinte para diminuir a aderência dos pilotos e aumentar as disputas
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Já com monoposto "limpo", Brawn GP aproveitou brecha no regulamento para inventar difusor duplo fundamental para fazer de Jenson Button o campeão; temporada marcou a volta dos pneus slick à Fórmula 1
Foto: AFP
Neste ano, regulamento estreitou ligeiramente os pneus dianteiros e baniu o reabastecimento; polêmica da vez é o sistema de refrigeração da McLaren, que inclui uma entrada de ar próxima ao bico (do lado direito da foto)