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Russell sofre com volta da ameaça Ocon em ano que prometia ser desfile rumo à Mercedes

Após terminar 2020 muito em alta e dar a sensação que cumpriria um 2021 protocolar para chegar à Mercedes, George Russell voltou a ter competição

17 mai 2021 - 04h02
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George Russell voltou a ter rival na briga pela vaga da Mercedes
George Russell voltou a ter rival na briga pela vaga da Mercedes
Foto: Williams / Grande Prêmio

A história estava escrita - e com raro adiantamento - para o futuro: George Russell faria mais um ano de maturação na Williams e Valtteri Bottas, que teve o contrato renovado cedo demais em 2020, encerraria a passagem na Fórmula 1 em mais um ano opaco. O desenho estava rascunhado e esperando apenas a disposição do artista para jogar tintar sobre aquelas linhas e torná-las reais. Mas a realidade, como tão costumeiramente acontece, resolveu se impor.

A temporada 2020 foi a mais positiva possível para Russell. Cercado de elogios pelos outros pilotos, dando demonstrações importantes de velocidade quando o carro permitia - no ritmo de classificação -, o jovem piloto inglês se via em alta até um tanto desproporcional em dado momento para alguém que não tinha um ponto sequer na F1 em dois anos. A seta para cima de vez chegou quando Lewis Hamilton precisou ficar fora do GP de Sakhir, no anel externo do Bahrein, por conta do teste positivo para o coronavírus.

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Assumir a Mercedes era um ensaio geral, se não para 2021, uma vez que Bottas já tinha contrato - para 2022 e a nova geração de carros da categoria. Uma prova final que se provou grande sucesso. Sim, é verdade, George terminou aquela corrida na oitava colocação, mas levantar só a posição seria maldade. Russell largou em segundo e bateu Bottas constantemente ao longo daquele dia. Dominou o fim de semana, mas não venceu. E não venceu por erros da Mercedes na troca dos pneus e um azar posterior. Nada a ver com ele ou sua pilotagem.

A supremacia frente ao companheiro de equipe experiência e de circunstância foi grande demais com um carro que conhecia de quilometragem parca. A situação que ficou posta parecia muito clara. Muito clara mesmo: não havia como evitar subir Russell após seu terceiro ano, não naquele nível. E era isso.

O outro pupilo da Mercedes que ainda fazia parte do mundo da Fórmula 1 parecia ter tido suas chances dizimadas por alguma falta de sorte e queda do rendimento. Ficar fora do grid de 2019 foi puro azar de alguém golpeado pelas circunstâncias enquanto Russell surgia na F1 a reboque do título da F2. Em 2020, emprestado para a Renault, Ocon se viu tendo que recuperar o ritmo e entender o carro novo que tinha em mãos em quanto sofria com a comparação oferecida por Daniel Ricciardo, já no segundo ano na equipe francesa. Ocon foi mediano e, apesar do pódio naquela mesma corrida em Sakhir, nem cócegas parecia fazer na certeza do futuro da Mercedes.

Ocon está na briga pela Mercedes
Ocon está na briga pela Mercedes
Foto: Alpine / Grande Prêmio

E, aí, virou o calendário. Parte do acordo feito com o destino em 2020 - para 2022 - foi levado a cabo: Bottas parece a cada dia mais distante de nova renovação com a Mercedes. Agora rebelde, reclamão, fugindo da imagem do bom moço cumpridor dos outros anos, também dá a sensação de estar cansado de ser tratado como complemento de um conjunto bastante poderoso. Mas para por aí.

Russell segue rápido no sábado e com dificuldades, ainda que em grande parte impostas pelo carro da Williams, no domingo. Quando teve chances reais de pontuar, colocou os pés pelas mãos e acertou, logo quem?, Bottas por volta da metade do GP da Emília-Romanha. Causou um acidente e ainda foi tirar satisfação direta e indireta, via imprensa, na sequência. Feio e rendeu puxão de orelha. "No momento está mais perto da Copa Clio", falou Toto Wolff, chefe da Mercedes, invocando piada interna que tem com seu piloto.

Enquanto isso, em seu segundo ano na Alpine/Renault, Ocon conhece mais do carro que seu companheiro, um certo Fernando Alonso. E começa o ano tirando muito do bólido azul em ritmo de classificação, talvez mais do que o carro tenha a oferecer. Continuamente rendendo bem, sempre à frente de um bicampeão com mesmo carro e sem cometer erros. A situação com Alonso rende muitas perguntas ao espanhol e aos executivos e engenheiros da Alpine sobre o que está fazendo o francês, o que rende muitas manchetes elogiosas a Esteban. Até do ponto de vista das relações públicas, voltou de vez.

Toto Wolff numa escolha daquelas
Toto Wolff numa escolha daquelas
Foto: AFP / Grande Prêmio

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De tal maneira, que a Mercedes volta a tratá-lo como possibilidade.

"Esteban também é um piloto ligado a nós, ao mesmo tempo em que é um piloto da Renault, da Alpine. Temos uma relação muito boa com a Alpine. Claro, o Valtteri é nosso piloto hoje, assim como o Lewis, e os assuntos do ano que vem ficam para o ano que vem. Ele [Ocon] me impressionou. Como ele se classifica e corre bem, e agora é questão de consolidar isso. É uma situação um pouco estranha, porque ele foi um piloto júnior da Mercedes por muito tempo e agora virou piloto de fábrica da Alpine. Esse é o fato", destacou.

Há uma complicação óbvia, que é o fato de Ocon estar sujeito a outra equipe de fábrica, mas não creio que alguém duvide que é possível recuperar seu piloto com um pouco de 'querência', como se diria no vocabulário popular carioca.

Então, rapidamente, Ocon voltou a ser uma ameaça após mais de um ano quase apagado como possibilidade para tanto. Russell precisa engrenar rapidamente e mostrar de novo o que consegue fazer, embora haja uma desvantagem na equipe que defende. Ainda é o favorito, provavelmente, mas ganhou uma sombra que parecia não aparecer mais sob as luzes da ribalta. Ocon voltou, e agora o duelo é mais real do que nunca.

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