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Por que Ímola é crucial para os planos da Red Bull na F1?

A Red Bull precisa correr atrás do prejuízo o quanto antes se ainda sonha com títulos na F1 em 2022. E ir bem em Ímola é fundamental

20 abr 2022 - 18h22
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Verstappen em Melbourne: desempenho ficou abaixo da Ferrari
Verstappen em Melbourne: desempenho ficou abaixo da Ferrari
Foto: FIA / Twitter

A Red Bull vive um momento crucial na temporada. Max Verstappen, detentor do título mundial, vê o atual líder do campeonato de pilotos, Charles Leclerc, da Ferrari, cada vez mais longe. Entre os construtores, o time é apenas o 3º, atrás da Ferrari e da Mercedes. Ver essa distância aumentar na próxima etapa, em Ímola , pode ser fatal para as pretensões da equipe. 

A razão desse déficit de pontos foi a sequência de abandonos por problemas mecânicos sofridos nos GPs do Barein e da Austrália. Só aí, Verstappen perdeu 36 pontos. O resultado disso é que o holandês pontuou somente uma vez no ano (com vitória, diga-se) e é apenas o 6º, 46 pontos abaixo de Leclerc. Desde quando o atual sistema de pontuação foi implementado, em 2010, nunca alguém que esteve tão longe após a terceira rodada conseguiu ser campeão. 

Entre os construtores, o impacto também é sentido. Além dos dois abandonos de Verstappen, Sergio Perez também sofreu uma quebra no Barein. Com os três DNFs, a Red Bull deixou de faturar 51 pontos entre os construtores é amarga a terceira colocação, 59 atrás da Ferrari e abaixo também da Mercedes, que tem um carro claramente mais lento que o da Red Bull em 2022 – ao menos até aqui. 

Problemas vão além da confiabilidade 

A confiabilidade é o problema chave do RB18, e é justamente esse o centro das atenções do time para o restante da temporada. Mas, se ainda há a esperança de lutar pelos títulos em jogo esse ano, será preciso mais que resolver esse problema. Isso porque a Ferrari é mais rápida e, no geral, tem carro melhor. 

Quem diz isso é justamente Verstappen: “Claro que precisamos melhorar a confiabilidade”, afirmou, em declaração ao portal Formel1. “Mas, se quisermos lutar pelo título, temos que estar à frente da Ferrari. E eles tem algumas coisas muito mais sob controle do que nós.” 

O carro da Red Bull se mostrou competitivo frente à Ferrari no Barein e na Arábia Saudita (enquanto funcionou...), mas o ritmo de Leclerc não deu margem para Verstappen e Perez na Austrália. Segundo a equipe, isso se deve, em boa parte, à dificuldade de acertar o carro. Sem o acerto ideal, o consumo de pneus aumenta, o que deixa qualquer tentativa de apertar o ritmo bem mais difícil. 

Na única vez em que o carro de Verstappen foi até o fim da prova, ele venceu
Na única vez em que o carro de Verstappen foi até o fim da prova, ele venceu
Foto: Red Bull / Twitter

Em contrapartida, a Ferrari consegue preservar bem mais os compostos Pirelli, o que deu uma vantagem significativa em Melbourne, e pode se repetir em outras pistas. Quem explica é Helmut Marko, consulor da Red Bull: “Sem condições de atacar. É muito difícil para nós encontrarmos a janela [de temperatura] ideal. Chegamos mais perto com os pneus duros, mas se o Max tentasse atacar, o Leclerc escapava facilmente.” Segundo Marko, isso custou de três a cinco décimos por volta em relação à Ferrari na Austrália.

Outro problema é o peso. Ainda de acordo com Marko, a estimativa do staff da Red Bull é de que o RB18 esteja cerca de 10 kg mais pesado que o F1-75 da Ferrari. Em termos de tempo, isso significam outros três décimos, em média. 

Só nesses dois itens, a Red Bull chega a perder algo entre seis e oito décimos por volta em relação à rival. Em condições normais, é mais que suficiente para ficar de fora da briga. 

Correndo atrás do prejuízo 

“Aprendemos mais sobre os pneus e como o carro está performando, e isso nos dá um direcionamento no desenvolvimento. Nas três primeiras corridas, nós conseguimos uma ótima noção de como desenvolver o carro pelo restante da temporada”. Palavras de Christian Horner, chefe da equipe, ao portal Autosport. 

Conforme explicado nesse artigo, apesar de a corrida de abertura da temporada europeia ser, tradicionalmente, palco de atualizações nos carros de quase todas as equipes, o GP de Ímola, que acontece no próximo final de semana, deve fugir à essa regra. Muito em razão da corrida sprint, que deve tomar tempo de treinos livres e prejudicar o acerto de novas peças. 

Mas a Red Bull, ciente de que corre contra o tempo, pretende levar algumas novidades à pista italiana. Nada muito profundo, segundo Horner: “Não diria que é um grande pacote de atualizações, mas uma evolução. Por causa do pouco tempo para testar, você tem que ter muita confiança nas peças novas”. 

De qualquer forma, é mais do que a Ferrari, que optou por não mexer no carro para essa prova. Helmut Marko deposita suas fichas no pacote de Ímola, e espera que traga o mesmo ganho que o pacote introduzido nos dias finais de testes de pré-temporada, no Barein. "Se as novas peças funcionarem tão bem quanto a primeira atualização no Barein e pudermos reduzir o peso, isso deve nos deixar no nível da Ferrari”. 

Se as melhorias no desempenho parecem ao menos estar bem encaminhadas, o tema das quebras ainda tira o sono dos membros da equipe, como Marko fez questão de reforçar: “Toda velocidade não ajuda se você não cruzar a linha de chegada. Primeiro de tudo, temos que resolver a confiabilidade.” 

A Red Bull tem um longo caminho pela frente se quiser brigar pelo título
A Red Bull tem um longo caminho pela frente se quiser brigar pelo título
Foto: Red Bull / Twitter

Ainda dá? 

Restam 20 corridas para o fim do campeonato. A diferença de 46 pontos entre Leclerc e Verstappen pode assustar, mas, olhando a metade cheia do copo, ainda há 547 pontos em jogo. Reverter a situação é possível, mas a Red Bull não pode se dar ao luxo de perder mais pontos. A questão da confiabilidade precisa ser solucionada o quanto antes. 

E Ímola pode ser o palco perfeito para um começo de virada. Com a sprint valendo mais do que no ano passado, um bom fim de semana rende mais pontos do que renderia em um GP comum. Em caso de vitória no sábado e no domingo (com volta mais rápida), um piloto pode acumular 34 pontos. 

Se ainda mantém vivo o sonho do bicampeonato, Verstappen depende, necessariamente, que as melhorias do carro surtam efeito já em Ímola. Não há dúvidas que é um tarefa difícil, mas, a hora de começar a virar o jogo é agora. 

Parabólica
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