A dúvida da Williams na F1: reestruturação ou venda?
A demissão de Capito e do Diretor Técnico e o silêncio dos controladores faz o mundo da F1 se perguntar: a Dorilton segue ou vende o time?
Uma das equipes que acabaram entrando nas discussões da F1 no final de 2022 foi a Williams. Após uma temporada de resultados relativamente ruins, pois se esperava que, com o novo regulamento, a equipe pudesse ir mais para o meio do pelotão, anunciou a saída do CEO e chefe de equipe Jost Capito e do Diretor Técnico FX Demaison.
A mudança pegou a todos de surpresa. Entretanto, o que deu a entender é que a Dorilton Capital, dona da Williams, quer acelerar mais as coisas. Capito deixou claro que o processo de reconstrução da equipe seria um projeto de longo prazo. Em uma entrevista mais recente, comparou o seu trabalho a “fazer uma cirurgia cardíaca a céu aberto”.
Faltando 2 meses para a temporada começar, não há ainda nenhuma notícia sobre substituição. Alguns nomes foram ventilados e este escriba que vos fala defendeu o nome de Susie Wolff para o posto de comando (ver aqui). Porém, este movimento deixou muita gente com a orelha em pé.
Desde 2020, a Williams é de propriedade da empresa americana Dorilton Capital. É um banco de investimentos. Em seu site, ela se define como sua missão “ajuda a construir um valor a longo prazo por reconhecer e desenvolver potencial”.
Os americanos chegaram com muita desconfiança, mas descrevem que respeitam o histórico da Williams e que trabalhariam para recolocar a equipe no lugar em que merece. E assim foi sendo feito: um investimento pesado em pagamento de dívidas e equipamentos foi feito, bem como a contratação de pessoal com bastante experiência em corridas, como Jost Capito e Jenson Button como consultor.
A demissão de Capito e FX Demaison deixa dúvidas sobre o comprometimento dos controladores com esta reestruturação. E um movimento informado dias atrás pelo perfil Decalspotters indicou que empresas que também fazem parte do portfólio de empresas da Dorilton, a Versa e a MEI, foram excluídas da lista.
Neste ponto, fica a figura do “copo cheio, copo vazio”: os pessimistas veem como um sinal de possível desembarque da Dorilton. Os otimistas encaram como um movimento normal e até abrir espaço para que novos parceiros cheguem.
Só que o silencio sobre a substituição de postos chaves a menos de 2 meses do início da temporada chama a atenção. E alimentam os rumores de uma possível mudança de comando. Não é de hoje que se fala nisso, já que a Williams foi atrelada a vários nomes como Audi e Porsche. Como boa parte do pessoal vinha da área de competições da VW, se bancou muito essa situação.
Usando até um termo de algumas colunas atrás, a Williams é hoje o grande dote para alguém entrar na F1. Estaria a Dorilton querendo passar o produto à frente? Até aqui, eles vêm dizendo que recusaram várias propostas e até oficializaram uma vertente de esporte a motor em seu portfólio.
Só que não podemos esquecer que estamos falando de um banco de investimentos e, se aparecer uma boa oportunidade, não vai deixar passar. Até agora, se estima que a Dorilton gastou até aqui cerca de US$ 500 milhões com a Williams. Considerando que a McLaren vendeu cerca de US$ 250 milhões por quase 25% de suas ações em 2020...