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Fórmula Indy

Mecânico da Penske sobre teste de Senna na Indy: "ficamos sem palavras"

20 dez 2012 - 15h21
(atualizado às 16h31)
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Chefe dos mecânicos de Emerson Fittipaldi na equipe Penske, Ricky Rinaman até hoje guarda muito carinho pelo ex-piloto brasileiro. Rinaman era um dos funcionários incumbidos de desenvolver o carro que a equipe utilizaria na temporada 1993 da Fórmula Indy. E, naquele 20 de dezembro de 1992, foi ele um dos homens responsáveis pelo teste de Ayrton Senna ainda com o carro da temporada encerrada no dois meses antes.

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Foto: Getty Images

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No dia do teste de Ayrton, a equipe Penske permitiu uma pequena pausa em sua programação de testes de desenvolvimento para que Ayrton Senna pilotasse o carro utilizado por nomes como Rick Mears, Al Unser e Paul Tracy ao longo do último ano. Levado por Emerson como uma gentileza, Ayrton precisou de pouco tempo para empolgar o staff encabeçado pelo experiente Roger Penske.

“Na segunda volta, talvez terceira, ele foi mais rápido que Emerson. Ficamos simplesmente impressionados”, conta Rinaman, em entrevista exclusiva ao Terra. “Ficamos sem palavras. Apenas as explicações dele sobre o carro após as poucas voltas que deu foram poucas incríveis”, completou.

Depois dos resultados positivos alcançados no circuito misto do Firebird International Raceway, em Chandler (Arizona), Ayrton acompanhou o teste do compatriota no oval de Phoenix, mas não guiou o carro, por temores de Roger Penske quanto à falta de experiência do piloto naquele tipo de circuito. Ao Terra, Fittipaldi afirmou que tinha o sonho de correr ao lado do colega nas 500 Milhas de Indianápolis de 1993. Segundo Emerson, a Penske prepararia um terceiro carro para alinhar Senna no grid da prova, porém Ron Dennis, então chefe da McLaren, vetou.

“Não era exatamente um teste secreto. Foi um desses acordos entre Emerson e Ayrton, que eram bons amigos”, explica Rick Rinaman, ainda hoje mecânico da Penske. “Não divulgamos, digamos assim, por aí, porque não esperávamos nada. Não era um golpe de publicidade”, completa ele, que ainda é funcionário da Penske e desde então trabalhou com nomes como Al Unser Jr., Gil de Ferran, Hélio Castroneves, Sam Hornish Jr., Ryan Briscoe e Will Power.

Oficialmente, não se sabe quais as pretensões dos testes de Ayrton Senna pela Penske naquele 20 de dezembro de 1992. Poderia ser um blefe para afastar a tecnologia da Fórmula 1 ou pressionar  a McLaren. Poderia ser realmente o desejo por uma mudança para uma categoria que incomodava a F1 na época ou por participar pelo menos das 500 Milhas de Indianápolis.

Mas, de uma coisa, Ricky Rinaman não tem dúvidas: a de que Ayrton seria muito bem-vindo na Fórmula Indy caso optasse por deixar a Fórmula 1. “Naquela época, tínhamos poucos pilotos brasileiros na nossa categoria. O talento de Ayrton seria muito bom para nossa categoria e também para ele”, avalia.

Confira a entrevista:

Terra - Você estava trabalhando nos testes em dezembro de 1992, em Firebird, certo?

Ricky Rinaman - Eu era chefe dos mecânicos de Emerson. Estávamos testando em Firebird, e ele trouxe Ayrton com ele. O que aconteceu era que queríamos Emerson testando o carro, e ele trouxe Ayrton para o carro.

Terra - O que o time esperava para aquele teste?

Rinaman - O que mais me surpreendeu foi que Emerson testou o carro por cerca de meia hora e estabeleceu um tempo-base. Então dissemos: "ok, vamos colocar Ayrton no carro". Emerson e Senna estavam em lados (categorias) diferentes. Pedi para Senna ajustar o cinto de segurança. “Não, está tudo bem”. OK, e os pedais? Ele parecia mais baixo que Emerson. Talvez tivesse dificuldade para alcançar os pedais, e qualquer piloto gostaria de um ajuste. “Não, está tudo bem, vou apenas para a pista testar o carro”. Na segunda volta, talvez terceira, ele foi mais rápido que Emerson. Ficamos simplesmente impressionados.

Terra - Na segunda volta, ele foi mais rápido que Emerson?

Rinaman -

Talvez na terceira ele tenha sido tão rápido quanto Emerson.

Terra - Ele teve algum problema inicial com o carro?

Rinaman -

Não. Ele ficou muito confortável com o carro. Não fizemos nenhum ajuste. Não fizemos ajustes no assento, nem nos pedais. Só entrou e foi do jeito que foi.

Terra - Salvo engano, ele faria outra sessão de teste em Phoenix, certo?

Rinaman -

Ficamos lá por dois dias, ele ficou apenas um. Havia muita gente depois que ele fez o teste. Ficamos sem palavras. Apenas as explicações dele sobre o carro após as poucas voltas que deu foram poucas incríveis.

Terra - Naquela época, era para ser um teste secreto ou havia alguma pretensão, como para correr?

Rinaman -

Não era exatamente um teste secreto. Foi um desses acordos entre Emerson e Ayrton, que eram bons amigos. Foi algo como “ei, você deveria tentar, Ayrton”. Então, colocamos ele no carro. Não divulgamos, digamos assim, por aí, porque não esperávamos nada. Não era um golpe de publicidade. Era mais algo como “ei, cara, quer entrar no meu carro e ver o que você consegue fazer?”.

Terra - Ele deveria ter feito mais uma sessão em um oval, não?

Rinaman -

Não tenho certeza. Não me lembro bem. Não me lembro se fizemos. Talvez houvesse planos. Mas não me lembro se haveria um teste no oval.

Terra - Você sabe dizer se houve algum tipo de negociação para que ele corresse pela Penske na temporada de 1993?

Rinaman - Não poderia dizer. Ele veio para a pista com Emerson como um amigo. Até onde eu sei, era um desses acordos do tipo “ei, você quer pilotar meu carro?”. Emerson pilotou carros da Formula 1, claro. Aquilo tinha sido novo para ele, era novo para Ayrton.

Terra - Ayrton morreu em 1994, aos 34 anos. Talvez ele pudesse correr na Fórmula 1 por mais três ou quatro anos. Depois disso, você acredita que ele poderia correr na Fórmula Indy?

Rinaman - Acho que sim, provavelmente. Não duvidaria que o fizesse. Naquela época, tínhamos poucos pilotos brasileiros na nossa categoria. O talento de Ayrton seria muito bom para nossa categoria e também para ele.

Fonte: Terra
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