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Em detalhes, conheça a temida Curva do Café

9 abr 2011 - 08h38
(atualizado às 22h49)
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André Augusto
Direto de São Paulo

Uma nova tragédia fez com que a Curva do Café, que dá acesso à reta dos boxes do Autódromo de Interlagos, voltasse a surgir com destaque na mídia esportiva após a morte do piloto da Copa Montana Gustavo Sondermann, que sofreu grave acidente no último domingo. Na oportunidade, chovia muito quando a picape guiada por ele foi tocada, rodou naquele trecho e ricocheteou de volta à pista, onde foi acertada em cheio pelo carro de Pedro Boesel, que saiu ferido com alguma gravidade com fratura na clavícula e lesões no tornozelo.

Não há uma explicação oficial do motivo pelo qual a curva foi batizada com esse nome. Segundo relatos informais, o nome é oriundo do traçado original do circuito, que tinha quase oito quilômetros de extensão (atualmente, é de 4.309 metros). Como as voltas eram muito mais longas do que atualmente, as pessoas brincavam que "dava tempo de ir tomar um cafézinho" até os carros passarem novamente pelo local.

A morte - a terceira ocorrida naquele trecho desde dezembro de 2007, quando o piloto Rafael Sperafico, da Stock Car Light perdeu a vida após batida forte - reabriu a discussão da melhoria dos recursos de segurança no local. Inclusive, por conta própria, alguns pilotos criaram uma comissão (formada por Felipe Maluhy, Nonô Figueiredo, Allam Khodair e Luciano Burti) para cobrar atitudes dos órgãos responsáveis pelo automobilismo no Brasil.

A curva é feita em alta velocidade (na passagem da quinta para a sexta marcha) e se localiza em um ponto mais elevado, em relação ao começo da chamada "subida dos boxes", o que cria um ponto cego na Curva do Café, no ponto de vista de quem está atrás do temido trecho. Próxima aos primeiros lances de arquibancada da reta dos boxes, o espaço entre o muro e a pista é pequeno, com um pouco de grama que cresce em pequenas frestas de concreto, fora do traçado da pista em si.

"Tem que tirar o muro do Café, porque ali é ponto cego. Os bandeirinhas ficam fora da pista, e as vezes quem vem de trás não consegue vê-los. O acidente, em si, não tem um culpado único, mas sim uma soma de vários fatores", disse o piloto Leonardo Burti, que pilota uma Ginetta na categoria GTBR4 da Itaipava GT, que defende o aumento da área de escape da Curva do Café - mesmo procedimento sugerido pelo seu irmão Luciano Burti, ex-piloto de Fórmula 1 e Stock Car e que atua como comentarista das transmissões de automobilismo da Rede Globo.

A área do muro do Café é protegida pelo softwall (mistura de aço galvanizado e espuma que visa "segurar" o carro, em caso de batida, amortecendo seu impacto). Na entrada da curva, há uma chicane desativada desde que Interlagos recebeu a etapa brasileira da MotoGP, em 1992, que alguns pilotos e especialistas cogitaram em revitalizá-la, para quebrar a aceleração antes da entrada rumo à reta dos boxes. Boa parte da categoria foi contra, alegando a quebra de competitividade frente a um problema que poderia ter outras soluções mais seguras, sem prejudicar a disputa por posições por ali.

Na última segunda-feira, a Confederação Brasileira de Automobilismo (CBA) adotou uma medida paliativa e determinou a bandeira amarela na Curva do Café, proibindo qualquer tipo de ultrapassagem no local, até que a Federação Internacional de Automobilismo (FIA) inspecione o local e determine qualquer tipo de mudanças.

Curva do Café à parte, o Autódromo de Interlagos, como um todo, necessita de vários reparos. Algumas zebras da pista estão com a tinta descascada, além do mato alto em partes do circuito mais afastadas em relação à pista.

O primeiro teste das primeiras (e novas) mudanças no circuito de Interlagos serão sentidas durante a disputa das duas corridas da primeira etapa da Itaipava GT, que acontecerão neste sábado e domingo.

Veja acidente que matou piloto da Copa Montana:
Fonte: Especial para Terra
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