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Trump volta a criticar o Fed em evento dos 100 dias de governo

Presidente dos Estados Unidos celebrou a queda da inflação no período, mas americanos se queixam de preços ainda elevados

29 abr 2025 - 23h50
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NOVA YORK - O presidente dos Estados Unidos, Donald Trump, deu pistas de como será o seu governo nos próximos meses ao avaliar os 100 primeiros dias do seu segundo mandato à frente da Casa Branca. O republicano demonstrou confiança de que a sua agenda econômica produzirá bons frutos, indicou que as tarifas recíprocas são só o começo e voltou a fazer críticas ao Federal Reserve (Fed, o banco central americano).

"Mal começamos. Você ainda nem viu nada. Está tudo a caminho", disse Trump, no início de seu discurso, que durou uma hora e meia, na cidade de Warren, em Michigan.

O republicano celebrou a queda da inflação nos primeiros 100 dias do seu governo, dizendo que o valor dos ovos, da gasolina, da energia, de medicamentos e as taxas das hipotecas estão em queda. Nos arredores, contudo, americanos se queixavam de preços ainda elevados, conforme relatos da imprensa americana. O índice de confiança do consumidor americano caiu de 92,9 em março para 86 em abril, abaixo das expectativas de analistas consultados pela Factset.

Pesquisas recentes têm apontado maior rejeição ao governo Trump, um sinal de que suas políticas focadas em questões comerciais e imigratórias não estão agradando. Em Wall Street, bancos e consultorias têm cortado as projeções de crescimento dos EUA neste ano em meio às incertezas. O Instituto de Finanças Internacionais (IIF) passou a prever uma recessão suave nos EUA no segundo semestre.

"Será um impacto enorme para todos. Leva um tempo para se concretizar, mas já estamos vendo os efeitos no sentimento do consumidor, nos mercados e na popularidade de Trump", disse o CEO da consultoria Eurasia, Ian Bremmer, em vídeo compartilhado em seu perfil no X, após o discurso de Trump sobre os 100 primeiros dias de governo.

O republicano voltou a dizer que a prioridade do seu governo não é o mercado financeiro, mas as ruas. "Eu gosto de Wall Street, mas eu ainda gosto mais da Main Street", disse, citando o termo que é usado com frequência em seu governo para se referir à economia local.

Trump voltou a criticar o presidente do Fed, Jerome Powell. "A inflação está basicamente baixa, e as taxas de juros caíram, apesar de eu ter uma pessoa no Fed que não está fazendo um bom trabalho", disse Trump. Na sequência, afirmou que não se deve criticar o Fed e que a autoridade deve ter independência para fazer o que quiser. "Mas eu sei muito mais do que ele (Powell) sobre taxas de juros", emendou.

Risco fiscal e big techs

Para a britânica Capital Economics, os próximos 100 dias do governo Trump devem ser marcados por uma mudança de foco de tarifas e comércio para política fiscal. Essa poderia ser uma agenda mais positiva para a economia dos EUA, bem como para os ativos americanos, na sua visão. "Embora o fluxo aparentemente interminável de notícias sobre tarifas tenha dominado o discurso no último mês, suspeitamos que a política fiscal será o maior foco doméstico nos próximos 100 dias", diz o economista-chefe da Capital Economics para os EUA, Paul Ashworth.

Ele alerta para riscos também no campo fiscal. Se um acordo não for alcançado no Congresso, os mercados podem ficar ainda mais nervosos com o teto da dívida americana, que atingiria um ponto crítico em agosto ou setembro, na sua visão. O secretário do Tesouro americano, Scott Besset, disse que espera que o projeto de lei fiscal seja assinado e entregue até o dia 4 de julho. Por sua vez, Trump afirmou que culpará os democratas se o acordo para o corte de impostos não for fechado no Congresso.

Em Wall Street, há a expectativa de recuperação dos ativos americanos após o golpe tarifário, que derrubou o valor das ações, estressou o mercado de títulos, em especial, do Tesouro dos EUA, e desvalorizou o dólar frente a outras moedas fortes. "Os próximos 100 dias serão mais favoráveis para o mercado de ações e o dólar à medida que o foco de seu governo muda para a política fiscal", prevê o economista-chefe de Mercados da Capital Economics, John Higgins.

De acordo com ele, o comportamento dos mercados financeiros vai influenciar nos próximos 100 dias da gestão Trump 2.0 e também a reação do mundo empresarial. Quanto ao mundo corporativo, Higgins diz que as empresas podem adotar "barreiras eficazes" contra as políticas de Trump.

Reportagem do Punchbowl News indicou que a Amazon passaria a exibir o impacto das tarifas no preço final dos produtos, mas a companhia desmentiu tal intenção. Ao falar a jornalistas, mais cedo, Trump disse que ligou para o fundador da Amazon, Jeff Bezos, e o chamou de "boa pessoa". Em seu discurso, ele mencionou investimentos da big tech e de outras gigantes da tecnologia como Apple, Nvidia e TSMC, de chips.

Depois das doações milionárias e gestos públicos de apoio, as lideranças do Vale do Silício se calaram em meio ao tarifaço. Diferentemente de Wall Street, que criticou em peso as alíquotas muito acima do esperado, os magnatas das big techs têm preferido atuar nos bastidores e não bater de frente com o republicano, conforme relatos da imprensa internacional.

Ao falar a apoiadores, Trump citou ainda Elon Musk e disse que o bilionário ajudou muito os EUA através do Departamento de Eficiência Governamental (Doge, na sigla em inglês), com "cortes de gastos, eficiência e descoberta de fraudes". Para a Capital Economics, o Doge "parece ter tido sucesso limitado" e pode ser "silenciosamente arquivado" nos próximos 100 dias de seu governo.

Estadão
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