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'Todos precisam olhar mais para a saúde preventiva', diz CEO do Grupo Fleury

Futuro da assistência médica aponta para 'aumentar a integração de áreas', diz executiva

6 jul 2022 - 05h10
(atualizado em 7/7/2022 às 08h44)
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Atuando em diferentes áreas do Grupo Fleury desde 2001 - e como presidente desde abril do ano passado -, Jeane Tsutsui vai lembrando os desafios enfrentados no dia a dia e conclui: "Sou apaixonada por gestão!". Cardiologista por formação, hoje à frente de uma equipe de peso que em plena pandemia cresceu 30%, ela detalha, nesta conversa com Cenários, sua vida comandando 3 mil médicos e mais de 13 mil funcionários.

No centro de tudo, adverte, está a valorização da medicina preventiva. "As pessoas precisam estar mais conscientes da importância da prevenção. Queremos cada vez mais uma saúde preventiva, integrada e híbrida." Isso pressupõe "pensar no todo, em um ecossistema de sustentabilidade para o setor de saúde", acrescenta a cardiologista, que se graduou na Medicina de Ribeirão Preto, passou pelo HC e Incor e no exterior participou de programas executivos em Harvard, MIT e Wharton.

Que ecossistema é esse? "Juntar competências complementares", explica. O que levou o Fleury, por exemplo, a fazer há pouco uma parceria com a Beneficência Portuguesa e com o Bradesco Seguros, num projeto de mais de R$ 670 milhões voltado a pacientes oncológicos. A seguir, os principais trechos da conversa.

CEO do grupo Fleury, a cardiologista Jeane Tsutsui defente a valorização da medicina preventiva 
CEO do grupo Fleury, a cardiologista Jeane Tsutsui defente a valorização da medicina preventiva
Foto: Fabiano Feijó/Divulgação / Estadão

O Fleury se juntou ao Bradesco e à Beneficência Portuguesa num projeto de saúde. Do que se trata?

A ideia é criar uma área de prestação de serviços para pacientes oncológicos. Ela vai cobrir desde prevenção, diagnóstico precoce e tratamento até o acompanhamento dos pacientes. Ao lado da BP e da Atlântica Hospitais, que é do grupo Bradesco Seguros, esse investimento chegará a R$ 678 milhões. Vamos construir clínicas oncológicas e 'câncer centers' em nível nacional.

Por que especificamente na área oncológica?

Nós sabemos que vem ocorrendo, no Brasil, um envelhecimento da população, o que aponta para uma demanda maior de cuidados com o câncer. Da parceria, surgirá uma joint venture para esse projeto. Além da medicina diagnóstica, fizemos uma aquisição na área de ortopedia, a Clínica Vita, que faz a parte de consultas e de fisioterapia. São mais de 40 médicos especialistas de diferentes áreas. E quanto à BP, ela tem um corpo clínico que produz muito conhecimento científico, assim como o Fleury.

Na área ortopédica, vocês compraram e decidiram apostar nisso sem ter uma parceria. Como vai ser?

O Fleury foi sempre muito ambulatorial. Temos mais de 290 unidades em 10 Estados, com forte foco no diagnóstico. E os pacientes já vêm percebendo o laboratório como uma área de acolhimento e excelência médica. No mercado da saúde, há esse olhar de oferecer ao cliente mais serviços. E a pandemia acelerou esse processo.

De que forma acelerou?

Em muitos casos, acelerar o processo é juntar competências complementares. A nova joint venture vem nesse sentido. Se três instituições já pensam em fazer isso isoladamente, por que não juntar forças? E nosso projeto continua se expandindo por meio de aquisições. Recentemente, adquirimos dois laboratórios no Espírito Santo e um em Pernambuco. Mas prefiro não falar de áreas específicas, e sim da estratégia. O que estamos construindo é um ecossistema com diversos serviços que atendam o cliente de diferentes formas, criando novos produtos, crescendo no atendimento móvel. No fim do ano, fizemos uma parceria de genômica com o Einstein e agora esta outra com a BP.

Acha que o 5G vai mudar muito o trabalho de vocês?

A meu ver, o 5G, a inteligência artificial já são uma realidade e têm trazido benefícios aos pacientes. Por exemplo, mecanismos de inteligência artificial fazem o filtro das tomografias e podem detectar se o paciente tem um tromboembolismo pulmonar, que é uma situação de risco de vida. Aí o médico pode puxar esse exame, fazer a interpretação e entrar em contato com o paciente.

Com todo esse tempo no Fleury, e agora como presidente, como você vê a saúde pública no Brasil?

Temos um sistema, o SUS, que é muito eficiente - e a prova disso foi o Programa Nacional de Imunização, que conseguiu vacinar 76% da população brasileira. O que falta, creio, é um sistema mais integrado. E as pessoas precisam estar mais conscientes da importância da prevenção. Queremos cada vez mais criar uma saúde preventiva integrada e híbrida, juntando ativos físicos e digitais.

E quanto ao Fleury como empresa? Como ele funcionou nestes dois anos?

Na pandemia, abrimos novas frentes de atuação. Fechamos 2021 com um crescimento de 30% e fizemos investimentos de mais de R$ 400 milhões em novos serviços. Neste ano, no primeiro trimestre crescemos 22%. O plano é abrir mais sete unidades de medicina diagnóstica e seis de ortopedia.

Tudo isso no Brasil, né? Nada lá fora.

Sim, ainda temos espaço pra crescer no País. Estamos em 10 Estados. Temos 13.500 colaboradores e 3 mil médicos conosco e uma universidade corporativa. Há espaço para crescer em ortopedia, infusões de medicamentos e clínica de reprodução humana.

Estadão
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