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Tarifas: Brasil é mais um competidor no agronegócio do que um aliado, diz representante dos EUA

Ouvido pelo Senado americano, Greer relacionou a taxação de produtos brasileiros a suposta violação de direitos humanos e da liberdade de expressão e 'perseguição' a empresas americanas de tecnologia

9 dez 2025 - 20h52
(atualizado às 21h16)
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Em testemunho perante o Comitê de Apropriações do Senado americano, o representante de Comércio dos EUA, Jamieson Greer, disse que o Brasil é "mais um competidor no agronegócio do que um aliado".

Ele relacionou a taxação de produtos brasileiros a suposta violação de direitos humanos e da liberdade de expressão, bem como "perseguição" à empresas americanas de tecnologia.

O representante de Comércio dos EUA, porém, negou-se a dizer que as tarifas impostas ao Brasil tiveram relação com as acusações (com posterior condenação) contra o ex-presidente Jair Bolsonaro.

Greer afirmou aos senadores que espera assinar mais acordos comerciais nas próximas semanas, mas que não há possibilidade de o governo zerar tarifas sobre qualquer país no mundo.

Ele justificou a escalada tarifária com a China afirmando que os controles de exportação chineses de terras raras ameaçavam toda a cadeia de produção americana.

"Por muitos anos ficamos dependentes deles. Agora estamos buscando alternativas para fortalecer nossas indústrias, mas queremos manter boas relações econômicas com a China", comentou ele sobre a possibilidade de uma aproximação com o país asiático ser perigosa.

Ele ainda postulou que está ciente do superávit da China e que o governo está estudando como tornar o comércio dos EUA mais efetivo. "Nosso déficit já caiu contra a China com novas políticas comerciais", acrescentou.

Questionado se o presidente dos EUA, Donald Trump, apoiará tarifas massivas sobre a China se o país asiático continuar comprando petróleo russo, Greer enfatizou que o assunto terá de ser discutido internamente e que a decisão passará pelo Senado.

Greer comentou que detalhes de acordo com o Vietnã ainda estão sendo finalizados e que as tarifas têm "efeitos pequenos" nos consumidores. "Esperamos que agricultores sejam capazes de se beneficiar da redução de barreiras comerciais e não comerciais. Vietnã, China, União Europeia e outros países reduziram as barreiras", acrescentou.

Greer disse que a África do Sul é um caso específico e que precisa considerar se há necessidade de tratamento/pressão especial: "deixamos claro para África do Sul que precisam tirar barreiras tarifárias e não tarifárias".

Exportações aos EUA têm queda anual de 28,1%

As exportações do Brasil aos Estados Unidos totalizaram US$ 2,7 bilhões em novembro, queda de 28,1% em relação a igual mês de 2024, segundo dados da Câmara Americana de Comércio para o Brasil (Amcham Brasil) divulgados nesta terça-feira. Foi o quarto mês seguido de recuo nas vendas externas ao mercado norte-americano na comparação anual, aponta a edição atual do Monitor do Comércio Brasil-EUA.

Em outubro, a retração foi maior e marcada por um recorde da série da Amcham, de 37,8%. "Isso indica que a retirada dos 40% e 50% adicionais sobre produtos brasileiros em meados de novembro, sobretudo agrícolas, teve efeito positivo", avalia a associação em nota. De janeiro a novembro, os embarques brasileiros aos EUA diminuíram 6,7%.

Considerando apenas novembro, os óleos brutos de petróleo foram a maior influência negativa sobre as exportações, com declínio de 65,9% ante o mesmo período do ano passado. Segundo a Amcham, o tombo reflete a menor demanda das refinarias dos EUA. "A diminuição das vendas do setor justifica a queda acentuada de -53,2% nas exportações de bens isentos de taxação em novembro", diz.

Dentre os produtos sujeitos ao tarifaço, as vendas externas aos EUA caíram 18,3% no comparativo interanual — menor variação negativa desde agosto, quando a alíquota de 50% começou a ser aplicada. "Apesar disso, os bens ainda sujeitos à sobretaxa de 40% e 50%, majoritariamente produtos industriais, apresentaram queda ainda mais acentuada, de 27,8% em relação a novembro de 2024", ressalta a entidade.

Para Abrão Neto, presidente da Amcham Brasil, a conversa recente por telefone entre os presidentes Luiz Inácio Lula da Silva e Donald Trump sinalizou que há espaço político para uma reaproximação entre os dois países. "É uma janela de oportunidade que se abriu e que precisa ser aproveitada da melhor forma para que os países celebrem um acordo comercial mutuamente benéfico e que se corrija as distorções que as tarifas de 40% e 50% estão atualmente causando", avaliou.

Importações

As compras de produtos americanos pelo Brasil, por outro lado, seguem em forte crescimento, de 24,5% entre novembro de 2024 e igual mês de 2025 — maior expansão do ano nesta comparação — somando US$ 3,8 bilhões.

O déficit acumulado no ano entre exportações e importações na balança entre Brasil e EUA foi o segundo maior da última década para o período, ao atingir cerca de US$ 8 bilhões, ressalta a Amcham.

"O desempenho reforça os efeitos das recentes distorções provocadas pelas tarifas sobre o comércio bilateral, com impactos diretos sobre a competitividade das exportações brasileiras e sobre o equilíbrio da corrente de comércio entre os dois países", defende a entidade. /Com Arícia Martins

Estadão
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