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Superintendência do Cade defende reprovação de compra da Votorantim Siderurgia por ArcelorMittal

5 set 2017 - 20h04
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A Superintendência-Geral do Conselho Administrativo de Defesa Econômica (Cade) recomendou nesta terça-feira a reprovação da aquisição da Votorantim Siderurgia pela ArcelorMittal Brasil, em caso que será analisado pelo tribunal do órgão de defesa da concorrência, a quem caberá a palavra final sobre a operação.

Em nota, a Superintendência do Cade diz ter avaliado que a operação afeta os mercados de aços longos comuns, além dos mercados regionais de corte e dobra de vergalhões e compra de sucata.

Segundo a superintendência, o negócio consiste na fusão de duas das três principais fornecedoras de aços longos do Brasil. "A transação significaria a eliminação de um 'player' relevante em um segmento onde as três maiores empresas respondem por mais de 80 por cento da oferta do mercado", diz a nota.

Além disso, com a redução da demanda causada pelo atual cenário de crise econômica, o setor tem "elevada capacidade ociosa" o que, para a superintendência, dificulta a entrada de novos concorrentes.

"De acordo com o parecer, um pacote de desinvestimentos que pudesse endereçar de forma adequada todas as preocupações identificadas seria de difícil desenho, com resultados incertos em termos de efetividade."

Assim, a conclusão da superintendência foi a de que a operação poderia resultar em elevação dos preços de aços longos no país.

O grupo Votorantim afirmou em nota à imprensa que "as empresas continuam confiantes de que a operação será aprovada pelo Cade e, durante esse processo, apresentarão sua visão sobre a dinâmica do mercado e as sinergias que serão geradas com a operação".

Enquanto isso, a ArcelorMittal Brasil afirmou também em nota que as companhias "continuarão colaborando com o Cade para identificar e solucionar eventuais preocupações concorrenciais. As empresas continuam confiantes de que a operação será aprovada pelas autoridades antitruste" e que a operação deverá gerar "significativas eficiências".

Em meados de agosto, o vice-presidente financeiro do grupo Votorantim, Sergio Malacrida, afirmou que a companhia tinha expectativas de aprovação do acordo, citando que a operação não tirava a importância da importação de aços longos no país em meio ao cenário de excesso global de capacidade produtiva.

Porém, para o setor de sucata, a transação, em que o grupo Votorantim poderá ficar com uma participação minoritária na ArcelorMittal Brasil, poderá resultar em concentração de mercado que causaria pressão sobre os preços do insumo usado na produção da liga.

Em entrevista à Reuters no início de agosto, o superintendente-geral interino do Cade, Diogo Thomson de Andrade, afirmou que o cenário de crise vivido pela economia, e que atingiu fortemente o mercado siderúrgico, tem levado a uma maior complexidade das fusões e aquisições apresentadas à autarquia, o que tende a elevar as possibilidades de reprovação.

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