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Restringir voos no Santos Dumont é 'solução rasa', diz secretário de Aviação

Para Ronei Glanzmann, passageiro que não usar o Santos Dumont não necessariamente irá para o Galeão; prefeitura do Rio, porém, diz que crítica é 'desconhecimento da economia local'

26 out 2021 - 03h35
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BRASÍLIA - O secretário Nacional de Aviação Civil do Ministério da Infraestrutura, Ronei Glanzmann, classifica a proposta de restringir o tráfego no aeroporto Santos Dumont (RJ) e direcioná-lo ao Galeão como "extremamente rasa". A concessão do Santos Dumont está no centro de um embate entre o governo federal e a prefeitura do Rio. A gestão da capital quer que o Santos Dumont só opere voos diretos a terminais que estejam num raio de 500 km, liberando, como exceção, o aeroporto de Brasília.

Para o secretário de aviação, a solução é problemática porque o passageiro que não tiver mais a opção do Santos Dumont não necessariamente irá buscar o Galeão. O consumidor, poderá, no limite, parar de voar, acredita o secretário. "O Santos Dumont não está roubando tráfego do Galeão. O turista que vai hoje ao Rio no fim de semana, por exemplo, só vai porque irá pelo Santos Dumont", disse o secretário ao Estadão/Broadcast.

"Concordamos que muitas coisas precisam ser feitas para desenvolver tráfego no Galeão, mas não é tirando tráfego do Santos Dumont", disse Glanzmann. Ele defendeu uma ação de incentivo aos potenciais "milhares" de passageiros que moram em regiões mais próximas do Galeão e acabam optando pelo Santos Dumont por não terem acesso facilitado ao terminal localizado na Ilha do Governador.

"Falta um belo terminal rodoviário no Galeão, falta algum tipo de ligação sob trilhos conectando o terminal, falta ação pesada de marketing concorrencial, tarifas mais baratas, redução no tíquete de alimentação, no estacionamento. Falta competição. Estão olhando o passageiro zona Sul e estão mirando errado. Temos de olhar o passageiro da Baixada", citou Glanzmann.

O secretário de Desenvolvimento Econômico, Inovação e Simplificação da cidade do Rio, Chicão Bulhões, rebateu a sugestão feita pelo governo federal. "É um desconhecimento da economia local do Rio de Janeiro e quais são as características do passageiro", disse.

Bulhões afirmou que, para o Galeão ser um hub internacional competitivo, é necessário que o terminal também tenha uma malha local forte e rica em opções de voos locais. Do contrário, o aeroporto se torna menos atrativo para receber voos internacionais, alegou o secretário. "O internacional depende dos voos domésticos. Esse é o ponto", afirmou Bulhões.

Essa preocupação também foi reforçada pelo governo estadual do Rio em sessão de debate realizada na sexta-feira, 22, pelo Senado. "Nossa preocupação passa sim pela questão do Galeão ficar esvaziado na questão do turismo. E é notório a todos que o Rio é a principal vitrine turística do nosso País", afirmou o secretário de Estado de Turismo do Rio de Janeiro, Gustavo Tutuca, para quem a falta de conexões tem como consequência o esvaziamento de voos internacionais.

Estadão
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